De volta ao cenário

Esta semana o presidente Lula esteve em Buenos Aires e se reuniu com lideranças de diversos países. Naturalmente, como presidente do país mais importante sob o aspecto econômico da América do Sul, Lula apareceu como protagonista mais importante.

Porém, mais relevante que Lula ser protagonista, o Brasil voltar ao cenário dos grandes debates entre países é um dos fatos mais relevantes dos últimos anos. Deixamos de ser o país onde o presidente ofendia todo mundo, Argentina, Chile, Venezuela, entre outros, e voltamos a ser o país que tem histórico de tratar as demais nações com respeito.

Vivemos um momento complicado na história. Em nenhum outro momento o ser humano foi tão descartável, principalmente os mais pobres. Enquanto os ricos produzem poucos filhos ricos, os mais pobres produzem muitos filhos pobres. Os ricos não sabem o que fazer com tantos pobres. Por enquanto, compram ilhas, contratam seguranças, constroem condomínios fechados onde se isolam do mundo exterior.

A situação da Argentina, onde em Buenos Aires e na região metropolitana o povo não vive muito melhor, mas parece não viver pior que em Porto Alegre, parece ruim para o padrão de vida que os argentinos já tiveram.

O passado brilhante de muita riqueza produzida no paísestá refletido na grandiosidade de muitos prédios em Buenos Aires. Porém, o modelo de negócios atual na cidade me parece ultrapassado. Talvez daí venha um dos principais problemas do país.

Para exemplificar, Pelotas antes da Havan e grandes redes de supermercados se instalarem na cidade. Havia um amplo grupo de pequenos comércios e pequenos empresários. Estes, foram condenados a fechar as portas ou falir. Restaram muitos que possuem dinheiro aplicado nos bons tempos, mas se foram os negócios. Quem mais perdeu foram os mais pobres que perderam a grande fonte de emprego e renda da cidade, os pequenos empreendimentos. Em Buenos Aires há pequenos negócios por todo lado. Mas o “mercado livre” está tomando conta nas vendas online. Logo, humanos ficam descartáveis nas lojas físicas.

Para avançar econômica e socialmente os países da América do Sul precisam muito mais do Brasil que o Brasil destes países. Porém, no conjunto, os demais países da América do Sul possuem aproximadamente a mesma área e a mesma população do Brasil. Logo, devem ser muito bem tratados porque muito podem colaborar com o nosso desenvolvimento. E nós com o deles. Um bom negócio é o que é bom para todos.

Ao contrário do que muitos pensam, os argentinos têm admiraçãopela potência que é o Brasil. Um empresário do setor comercial e de produção de móveis, que visita o Brasil há décadas, com seus oitenta anos, me dizia outro dia que o Brasil evoluiu muito nos últimos quarenta, cinquenta anos, e que a Argentina não acompanhou o ritmo do Brasil.

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