RECONHECIMENTO

Dia do Médico: “Prefiro ser chamado de médico ao invés de doutor”, diz Zanuncio

Alexandre Zanuncio atua em Candiota e Pedras Altas Foto: Divulgação TP

Formado em Medicina pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em 1997, Alexandre Zanuncio Davila, 66 anos, atua como clínico geral, porém passou por clínica intensiva em hospitais e pronto socorro.

Com 24 anos na área, o médico também carrega na bagagem, atuações na área de engenharia eletrônica com estudos na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre. Ao longo da carreira, já contabiliza atendimentos nos municípios de Pelotas, Jaguarão, Pedro Osório, Arroio grande, Herval, Pedras Altas, Bagé e Candiota, com funções de provedor, diretor clínico e diretor técnico. Atualmente atua no Pronto Atendimento de Candiota e na cidade de Pedras Altas.

Em entrevista ao TP, Zanuncio conta que um dos momentos mais marcantes da carreira, foi a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) em alguns municípios, principalmente Herval onde esteve envolvido totalmente no processo. “A partir dali mudava a relação médico/paciente, onde o paciente passou a receber outro tipo de atenção por ser gratuito, universal. Mudou muito a rotina médica que até então se implementava. A diferença que podemos ver hoje é que a população tem acesso a uma série de coisas que antes não tinha oportunidade”, lembrou.

Com relação a atuação durante a pandemia, o médico disse considerar uma oportunidade única. “Os últimos dois anos de Covid-19 foram uma oportunidade única para quem é profissional desenvolver um trabalho de conscientização da população, da necessidade de enfrentamento com hábitos totalmente diferenciado como uso da máscara, isolamento, importância das vacinas e mesmo a discussão dos critérios da utilização de drogas para tratamento. Ao longo da história a atuação médica visa o esclarecimento do paciente e a tentativa de buscar ajudá-lo. A condição de cada um é pessoal com relação ao tratamento e cada indivíduo deve ser olhado de maneira particular. Foi gratificante ter participado desse período, não deixei de atuar, estive sempre presente em linha de frente e acredito ter conseguido ter prestado um bom trabalho, o que me gratifica”, afirmou.

O médico diz se caracterizar por uma atuação bastante comunitária. “Trabalho junto ao Sus desde a implantação. Quando chegaram os primeiros assentamentos na região, principalmente Pedras Altas e Herval, fui o primeiro profissional a estar presente e exercer as funções de médico a essas famílias em uma época que não existia condição material, ainda assim conseguíamos atender as pessoas muito bem”, frisou o médico, acrescentando perceber a evolução da medicina e investimento dos municípios. “A função tripartite da parte federal, estadual e municipal, hoje com presença do Samu é muito importante”.

Alexandre ainda disse perceber ser necessária uma doação maior por parte dos profissionais no atendimento e especificação dos pacientes. “Acho que o médico deve procurar tratar o indivíduo. Cada um é diferente em seus aspectos emocionais e físicos, que reagirão também de forma diferente diante das propostas colocadas à disposição. É necessário conhecer a pessoa que está sendo atendida, apesar de termos acesso hoje, a uma medicina bem mais qualificada, com exames e medicações gratuitas, o que não acontecia antigamente e é uma grande conquista da população”, destacou.

No que se refere à humanização na área da saúde, o médico disse ao TP acreditar faltar muito. “Claro que tem que haver comprometimento por parte dos profissionais e equipes, mas um pouco mais de instrução do que realmente é as medicina e o atendimento gratuito recebido pelo paciente. Os pacientes em momentos também não compreendem determinadas atuações, alias o nome paciente vem dessa expectativa de saber esperar. Mas o atendimento de qualidade é aquele que você da prioridade as necessidades que cada indivíduo tem embora todos sejam importantes”, frisou, acrescentando que a educação nas relações é importante.

Por fim, quando questionado pelo TP sobre atualmente a medicina estar relacionada a comércio, Zanuncio diz ser uma profissão como todas as outras. “Existem os bons e os maus profissionais. Há os que procuram atuar junto ao paciente, os reconhecendo como pessoas humanas, caracterizando como indivíduos distintos, que procura escutar o paciente. É preciso ter essa paciência necessária, mas claro que como em todas as outras profissões existe o mercantilismo, a comercialização da medicina. Fico até com pena dos profissionais que utilizam esses meios para explorar alguns pacientes, mas não corroboro com este tipo de atuação, cada indivíduo é um ser importante”, expôs.

O profissional conclui dizendo gostar ser chamado de médico. “Costumo dizer uma coisa. Existe uma grande diferença entre o doutor fulano de tal e o médico fulano de tal, prefiro ser o médico, porque embora o doutor seja o profissional com grande entendimento na área, infelizmente o termo doutor virou, na verdade, um pensamento relacionado a um ser superior, mas somos todos iguais, apenas nos diferenciamos por aquilo que fazemos”.

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