EDUCAÇÃO

Dia mundial da alfabetização: as dificuldades durante a pandemia

Lia Beck atua como vice-diretora na escola Neli Betemps e como supervisora na escola Seival Foto: Divulgação TP

No dia oito de setembro de 1967 o Dia Mundial da Alfabetização foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), por intermédio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O objetivo da data é ressaltar a importância da alfabetização para o desenvolvimento social e econômico mundial.

A alfabetização é fundamental, além de ser a base da educação. Mesmo com o avanço da tecnologia, o acesso ao ensino básico de qualidade ainda é distante para inúmeras pessoas. Isso acontece, devido a desigualdade social do Brasil e do mundo. Pensando nisso, a equipe do Tribuna do Pampa resolveu enaltecer a profissão do professor nesta data, e trazer sua visão referente ao ensino.

ALFABETIZAÇÃO – A presença do professor ou professora é essencial para que o aluno tenha um ensino mais completo e eficaz. Mas com a chegada da Covid-19 em 2020, a pandemia impossibilitou alunos e professores de frequentar as salas de aula diariamente, impedindo o ensino presencial e adaptando-o ao virtual. Nesta semana, o TP conversou com a professora da rede municipal de ensino Lia Beck, que há 22 anos leciona em Candiota para as séries iniciais e também precisou reinventar o seu modo de alfabetizar.

A professora Lia, como é conhecida por todos, falou da importância do contato presencial entre professor e aluno e na mudança que o isolamento trouxe para as famílias. “A pandemia trouxe muitas mudanças na vida e na rotina das famílias. A alfabetização sempre foi mediada no contato presencial entre professor e aluno em sala de aula. E neste momento, a construção da aprendizagem está sendo mediada pela tecnologia, com diálogos com as famílias, entrega de materiais didáticos e impressos. A alfabetização, assim como todas as outras etapas escolares, sofreu muito, pois o processo depende da interação entre o professor e aluno”, disse.

Segundo ela, os professores desenvolveram diversas habilidades e formações permanentes para disponibilizar o melhor ensino possível.

DIFICULDADES – Com o ensino à distância, muitos alunos foram afetados por não possuir acesso à internet. Então, os municípios passaram a entregar materiais impressos semanalmente, para alunos sem acesso à tecnologia. Lia, falou sobre esse momento, em que as famílias tiveram que formar a união com a escola.

“A pandemia também reforçou as desigualdades, as dificuldades e mostrou as lacunas dentro do sistema educacional. Nem todos puderam ter acesso as tecnologias, a escola e as famílias precisaram se reinventar para dar conta da aprendizagem. Não somente o professor vem mostrando o seu compromisso e engajamento pela aprendizagem das nossas crianças, jovens e adolescentes, as famílias também vêm dando o seu melhor, em um trabalho conjunto de se admirar”, ressaltou a professora, dizendo que um dos efeitos positivos do ensino à distância foi uma maior aproximação entre escola e família. “Sei que não são todas, mas com certeza nunca houve um movimento tão grande e de tanto esforço e compromisso dessas famílias em nossas comunidades”, destacou.
A professora reforçou que desta forma todos ganham, principalmente as crianças. “Além disso, podemos fazer e contribuir também na construção de um mundo melhor, mais justo, ético e de colaboração de todos. Certamente escola e professores passarão a ser mais valorizados”, acentuou.

Para finalizar, a professora deixou uma mensagem aos pais sobre o retorno presencial. “Neste momento, peço que os pais cuidem bem de seus filhos, pois são seus tesouros, o retorno presencial é necessário para muitas crianças que não tem acesso as tecnologias, então cuidem-se”, salientou.

Mãe de aluno candiotense fala sobre o
aprendizado e os desafios das aulas remotas

Carlos Eduardo está no primeiro ano da escola Seival Foto: Divulgação TP

Durante o ensino a distância, mães e pais tiveram que assumir o papel do professor para dar auxílio nas atividades da escola. Ao TP, a mãe do Carlos Eduardo, seis anos, que ingressou no primeiro ano da escola Seival, falou sobre a experiência.

Rafaela Sousa falou dos desafios que está enfrentando com o seu filho nas aulas virtuais. “No começo foi bastante complicado, ele ficava nervoso por não estar conseguindo entender as atividades. Mas agora já está sendo mais tranquilo, porque ele conseguiu se adaptar e compreender que pode fazer tudo com calma, e que no tempo dele conseguirá aprender. Aos poucos ele foi aprendendo a escrever o nome dele, as vogais e reconhecer os números”, conta, destacando que o filho ainda tem dificuldade com a leitura.

Além do desafio de ensinar em casa, é preciso contar com a ajuda da internet para acessar as tarefas. Rafaela disse que mesmo com o total apoio da professora, ensinar à distância é um desafio diário e que precisa contar com a internet para conseguir enviar as atividades devolutivas. “Tudo se tornou um grande desafio, não só para pais e alunos, mas também para o professor”, destacou a mãe que contou que Carlos Eduardo e os dois irmãos, ainda não voltaram de forma presencial por opção dela e do esposo, que acharam melhor esperar a imunização para os pequenos.

CRIATIVIDADE – Rafaela, explicou que além das atividades da escola ela sempre procura coisas novas para tornar o momento de aprendizagem diferente. “Incentivo ele a pegar revistas e recortar letras do nome dele, dos animais e números, também dou ideias de brincadeiras. Como estar em uma sala de aula, ele passa a ser o professor e ensinar letras e números para o irmão mais novo”, ressalta.

Ao ser questionada sobre os horários em que aplica as atividades, ela respondeu que não tem hora específica. “Procuro não colocar um horário específico para fazer as atividades, além do Carlos Eduardo, tenho outros dois filhos que também estão de forma remota, então ajudo ele todos os dias, porém sem horário certo”, disse.

PRESENÇA DO PROFESSOR(A) – Na oportunidade, foi solicitado para que Rafaela falasse sobre o seu ponto de vista em relação ao ensino com o professor de forma presencial no dia a dia. Ela pontuou que a filha mais velha, de 9 anos, está atualmente no 4º ano, e que a fase da alfabetização foi bem tranquila, pois tinha a presença do educador que sabe a melhor forma de aplicar as atividades. “Agora com tudo sendo ensinado de forma online se torna completamente diferente, pois exige muita dedicação. Não tenho todo conhecimento de um professor, mas procuro sempre respeitar o tempo do meu filho e me dedico bastante para explicar tudo que sei da melhor forma”, expressou.

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