INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO

Professor e intérprete de Libras auxilia dois alunos surdos na rede municipal em Candiota

Tiago Mengotti trabalha com os irmãos Erick e Ricardo desde 2023

Os irmãos são colegas e recebem o auxílio do professor desde 2023 Foto: Divulgação TP

Na última quarta-feira (24), foi comemorado o Dia Nacional da Educação de Surdos, data em que, no ano de 2002, a Lei 10.436 reconheceu a língua brasileira de sinais como meio legal de comunicação e expressão. Porém, de acordo com o Ministério da Educação (MEC), foi apenas em dezembro de 2005 que o Decreto 5.626 regulamentou essa lei, incluindo Libras como disciplina curricular obrigatória na formação de professores surdos, bilíngües, pedagogos e fonoaudiólogos. Em Candiota, o professor da rede municipal de ensino, Tiago Mengotti, trabalha com os irmãos Erick Silveira, 19 anos, e Ricardo Silveira, 17 anos, que são surdos e contam com o auxílio para a inclusão nas aulas.

Com a pós-graduação em Libras concluída em 2018, o professor contou que sempre gostou muito da língua de sinais, convivia com pessoas surdas em Bagé e acabou percebendo a grande demanda nessa área educacional. Trabalhando com os alunos Erick e Ricardo desde 2023, ele disse que a maior dificuldade encontrada é a falta de entendimento de professores em trabalhar com alunos surdos e ter que ouvir diversas falas preconceituosas, no qual está sempre combatendo dentro da escola, com apoio da equipe diretiva e também fora do contexto escolar. “É de suma importância a Libras, para fornecer a acessibilidade dentro da escola e com a comunidade em geral”, reforçou.

Sobre a rotina com os irmãos que estudam na Escola Municipal de Ensino Fundamental Neli Betemps, no bairro João Emílio, Tiago contou que eles chegam pela manhã e já se direcionam para as aulas, onde ele realiza a interpretação e tradução dos conteúdos e atividades. “E faço a comunicação entre alunos surdos, com professores, alunos e equipe escolar quando necessário”, explicou, falando que desde o primeiro momento, estabeleceram uma ótima relação. “Estou sempre dialogando com eles em todos os espaços da escola, entre conversas e brincadeiras construímos uma excelente relação. Hoje mais que alunos, somos grandes amigos”, destacou.

Segundo informou, os dois jovens aprenderam de fato a Libras já na adolescência, pois antes não tinham muito contato. Ainda, ele relembrou que na escola os alunos tiveram outro colega com surdez, e que atualmente outro aluno que também é surdo, mantém uma boa comunicação com eles em Libras. “Os pequenos também são muito interessados e estão sempre procurando aprender, para comunicar-se com eles”, disse, ressaltando que o intérprete é fundamental para garantir a acessibilidade em todo o contexto escolar, e que sem ele, é praticamente impossível aprender e obter o mínimo de conhecimento na escola.

Ao perguntar para os irmãos se eles já têm ideia de alguma faculdade que queiram cursar, já que estão no 9º ano e logo começam uma nova fase, eles responderam que por enquanto a meta é concluir o ensino fundamental e o médio, e que posteriormente irão pensar com mais calma.

 

INCLUSÃO

 

A diretora da escola, Giovana Barella, destacou que a educação inclusiva abrange mudanças de paradigmas que buscam uma educação transformadora, baseada no respeito e na valorização de cada educando envolvido no processo de ensino aprendizagem, reforçando que é essencial fornecer materiais didáticos acessíveis em Libras, disponibilizar recursos com legenda em português e interpretação em Libras e o suporte na sala de recursos.

Ao mencionar a inclusão, Giovana registrou que no aniversário da escola realizado em 1º de abril, uma gincana estudantil foi organizada, incluindo atividades esportivas, lúdicas, de conhecimento, entre outras. “Uma das atividades da gincana proposta para nossos alunos foi a apresentação de uma música através da língua de sinais, que proporcionou um momento muito especial para nossa escola de troca de conhecimento, emoção e empatia.  É através de atitudes inclusivas que contribuímos para uma sociedade mais humanizada”, concluiu, relembrando que já foi professora dos dois alunos e recorda o brilho nos olhos em cada descoberta.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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