No dia 12 de setembro estreia em todas as capitais o filme Legalidade, a história aborda o movimento liderado em 1961, pelo então governador gaúcho Leonel Brizola. O enredo traz a luta pela constituição, a mobilização da população na resistência pela posse do presidente João Goulart, e em meio ao iminente golpe, a trama apresenta uma misteriosa jornalista, interpretada por Cleo Pires, que pode mudar os rumos do país.
A obra cinematográfica é dirigida pelo bageense Zeca Brito, jovem cineasta que já acumula em sua trajetória diversos prêmios, dirigiu e roteirizou curtas e longas-metragens exibidos no Brasil e no exterior. Em entrevista especial ao Tribuna do Pampa o diretor revelou detalhes sobre a inspiração para realizar o projeto, também fala sobre como foram as filmagens, a repercussão das pré estreias e a expectativa da exibição nacional.
O jovem de 33 anos conta que quando decidiu ser cineasta, há mais de 15 anos, seu pai, o ator Sapiran Brito, figura conhecida do meio artístico e político bageense, lhe fez uma encomenda. Ele deveria fazer um filme sobre o movimento da Legalidade, não só por envolver Brizola, uma grande referência e exemplo para o mesmo, bem como por conta da importância da história que não é muito explorada. A encomenda dada pelo seu progenitor sempre esteve em seus desejos, porém, por ser um tema difícil, de época, levou um tempo para conseguir realizar. Foram seis anos de pesquisa, entrevistas, de construção de um roteiro que buscasse misturar a verdade com uma trama ficcional, com uma visão ampla que retratasse mais que o feito do ex-governador.
Os cenários escolhidos para as filmagens foram o Palácio Piratini e as ruas do centro de Porto Alegre. O trabalho que ocorreu em maio de 2017, durou 30 dias, e envolveu muitos figurantes. O diretor conta que foi investido na realidade, não optando por usar recursos digitais para criação de cenários ou preenchimento de multidões por exemplo. Por se tratar de um filme de época, ocorreu um grande controle visual que garantisse que não houvesse nenhuma interferência da atualidade.
“Uma história gaúcha, mas em prol dos brasileiros”, descreve a obra, revelando que mesmo sendo um filme que retrata algo ocorrido há mais de cinquenta anos, existem muitos elementos que remetem ao atual momento vivido pelo país. “O que prova que a história do Brasil é cíclica e o filme contemporâneo”, considera. Com mensagens de respeito à constituição e aos direitos do povo, o longa-metragem segundo o diretor aborda de modo geral a humanidade. “O amor tem que nos unir, por muito tempo se pensou de modos diferentes, e sempre se respeitou um ao outro, porque agora não mais”, questiona, lamentando o rumo dos embates políticos.
No Cine 7 em Bagé, nos dias 14 e 15, às 21h, ocorrem duas sessões especiais, que contarão com debate pós exibição e homenagens ao ator gaúcho Leonardo Machado, interprete de Brizola jovem, e que faleceu em 2018 em decorrência de câncer. A família do artista deverá estar presente, os pais Sandra e Loureni Machado possuem propriedade rural nas proximidades de Lavras do Sul, onde as cinzas do ator foram depositadas. Com preço especial de R$15 os ingressos já estão disponíveis para compra na bilheteria.
O DIRETOR – José Teixeira de Brito, conhecido em artes como Zeca Brito, é cineasta, mestre em Artes Visuais pela UFRGS, com ênfase em História, Teoria e Crítica, graduado em Realização Audiovisual pela Unisinos e Poéticas Visuais pela UFRGS. Integrante do Grupo de Pesquisa Territorialidade e Subjetividade: Relações Sistêmicas da Arte (PPGAV-UFRGS). Seu curta “Aos Pés” foi escolhido Melhor Filme Júri Popular no Festin Lisboa 2009, e seu primeiro longa-metragem O Guri, foi exibido em festivais internacionais e Canal Brasil.
Em 2015 lançou o longa “Glauco do Brasil” na 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e 10ª Bienal do Mercosul. Em 2016 dirigiu o longa “Em 97 Era Assim”, Prêmio de Melhor Direção e Melhor Filme Júri Popular no Festival Cinema dos Sertões (Piauí Brasil), Melhor Direção de Atores na Mostra SESC Brasil, Melhor Filme no The Best Film Fest (Seattle, EUA), Prêmio Especial do Júri no 8th Jagran Film Festival (Índia) e Prêmio de Melhor Filme Juvenil Estrangeiro no American Filmatic Arts Awards (Nova York, EUA).
Em 2017 dirigiu o documentário “A vida Extra-Ordinaria de Tarso de Castro” exibido no Festival do Rio e 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Em 2018 lançou o documentário “Grupo de Bagé” no Canal Curta!. Em 2019 lançou o longa-metragem de ficção “Legalidade” no 35º Chicago Latino Film Festival, exibido no 47º Festival de Cinema de Gramado e no 42º Guarnicê Festival de Cinema, onde conquistou os prêmios de Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Direção de Arte e Melhor Direção de Fotografia. Em 2019 Zeca Brito assumiu a direção do Instituto Estadual de Cinema da Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul.