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Os pesquisadores têm realizado um trabalho em conjunto com a Prefeitura de Bagé Foto: Ketleen Grala/Especial TP
Na última transmissão ao vivo realizada pelo prefeito de Bagé, Divaldo Lara, e pelo secretário de Saúde e Atenção à Pessoa com Deficiência, Mário Mena,um estudo da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) foi amplamente citado para justificar as medidas de isolamento que têm sido adotadas para conter a disseminação do coronavírus no município. Até a tarde desta terça-feira (14), Bagé era a terceira cidade mais infectada do Rio Grande do Sul – com 27 casos de Covid-19.
Na oportunidade, baseado em dados reais repassados pela própria equipe de governo aos pesquisadores, o titular da pasta explicou que, em aproximadamente um mês, a Rainha da Fronteira teria alcançado o número de mais de 6 mil infectados se não ocorresse o isolamento social. “O cenário apresentaria mais de 300 pessoas com a possibilidade de usar respirador e isso seria uma verdadeira tragédia, muitos bageenses morreriam porque não teríamos condições de atendê-los. Por isso insistimos tanto para que as pessoas fiquem em casa e ajudem a retardar essa curva. O vírus já está circulando, as pessoas vão ser infectadas, mas isso não pode ocorrer com toda a população ao mesmo tempo”, explicou Mena.
De acordo com o gestor do município, as informações são extremamente importantes para que as pessoas não sejam induzidas ao erro e também não disseminem opiniões que não colaboram em nada no atual estado de calamidade pública. “As pesquisas dos matemáticos da Unipampa estão nos dizendo que estamos conseguindo alcançar o nosso objetivo de diminuir essa curva da contaminação. Aquele isolamento que iniciou em 19 de março, logo após o aparecimento do caso zero na área da saúde, foi crucial para estarmos com a estrutura preparada e assim começar a flexibilizar as medidas de isolamento, porque também entendemos que as atividades do comércio precisam ser retomadas”, disse o prefeito.
A apresentação mostrada (ver na imagem) projetava o número infectados em três hipóteses: sem medidas de contenção, com a liberação da contenção na última quinta-feira (9) e com a liberação da contenção após o dia 19.
Linha azul – número de infectados sem medidas de contenção; linha vermelha – com liberação da contenção na última semana; linha verde – com liberação da contenção na próxima semana Foto: Unipampa/Especial TP
A PESQUISA – Conforme repassado para a reportagem, a pesquisa conta com a participação de quatro docentes do curso de Matemática da Unipampa, campus Bagé. Todos possuem ampla experiência em Modelagem Matemática aplicada em diferentes áreas e decidiram direcionar seus estudos para contribuir nas ações de combate à Covid-19.
“A pesquisa é desenvolvida com aplicação de modelos matemáticos para projetar a disseminação do vírus Sars-Cov-2 (coronavírus) na região do Pampa e, em especial, no município de Bagé. Esse resultado apresentado é fruto de uma simulação com o modelo matemático SIR (Susceptible-Infectious-Recovered) aplicado aos dados fornecidos pela Secretaria da Saúde para casos confirmados na cidade”, explicou Anderson Bihain, coordenador do projeto. A simulação é realizada a cada três dias.
Segundo ele, o grupo tem interesse de fazer um trabalho com diferenciais em comparação com os estudos que estão sendo desenvolvidos e ganhando popularidade pelo mundo. “Para a sequência da pesquisa, estamos elaborando novas simulações e buscando trazer resultados mais robustos – com novos modelos matemáticos, que possam considerar mais fatores relevantes para a evolução do surto epidêmico no município de Bagé”, disse. Conforme citou, entre outros fatores, além de avaliar o espalhamento do vírus, os matemáticos pretendem ainda verificar se a atual infraestrutura hospitalar é capaz de atender as necessidades da população se os cenários projetados se concretizarem e quais as possíveis melhorias seriam necessárias.
Além disso, posteriormente, através da pesquisa, será possível estimar diferentes dados para que o resultado do trabalho possa servir como suporte técnico-científico para tomada de decisões das autoridades responsáveis pela gestão da pandemia na região.
PESQUISADORES – Anderson Bihain, coordenador do projeto, é licenciado em Matemática (UNIJUI) e doutor em Modelagem Computacional (UERJ). Atualmente, é o coordenador do curso de Matemática Licenciatura da Unipampa/Bagé; Everson da Silva é bacharel em Matemática (UFGRS) e doutor em Engenharia Mecânica (UFRGS). Atualmente, é o vice-coordenador do curso de Matemática Licenciatura da Unipampa/Bagé; Guilherme Goergen é bacharel em Matemática (UFSM) e doutor em Meteorologia (UFSM); Leandro Blass é licenciado em Matemática (UNIJUI) e doutor em Modelagem Computacional (UERJ).
*Além dos docentes, o projeto conta com a participação da secretária executiva da Unipampa, Ketleen Grala. Ela é graduada em Biologia e Secretariado Executivo Bilíngue, especialista em Administração de Empresas e mestrado em andamento em Ensino de Ciências.
