*Por Marco Antônio Ballejo Canto
Faz tempo, desde aquele outubro de 1992, quando participei e fui eleito na primeira eleição de Hulha Negra. Foram três eleições como candidato e 12 anos como prefeito entre 1993 e 2008. Desde 1992 foram sete das oito eleições onde acabei me envolvendo diretamente no processo. Só fiquei quieto quando dois irmãos disputaram como candidatos a vice em 2016. Esta é a primeira eleição em Hulha Negra onde não sou candidato e nem estou filiado a partido algum.
Igor Canto desistiu de concorrer. Fez bem. Há momentos em que é preciso compreender o momento. Depois de oito anos como vice de Renato Machado não há como fazer de conta que não tem nada com isso, ainda que há dois anos tenha deixado de ocupar cargos no governo. Tem.
Igor Canto, o vice-prefeito, sai de campo e sem falar diz que ‘se há alguém para perder representando o governo é o prefeito, quem ele indicar’. Não me disse isso. Mas saiu por esse motivo e está certo.
O governo Renato Machado chega ao final de mais um mandato como sempre. No final do primeiro mandato que fez, em 2012, Renato chegou ao final do mandato derrotado pelo que fez ou não fez e perdeu para Erone Londero por larga margem de votos.
No final do segundo mandato, em 2020, Renato chegou pronto para perder de novo, mas o candidato que a oposição tinha era Fernando Campani e Campani tem um passado. Todo candidato tem um passado. Os problemas e as virtudes de cada um existem justamente porque cada um tem um passado. O que andou fazendo. Se não havia muito para justificar a reeleição, Renato precisava desconstruir o adversário e isto foi feito, acabou ganhando.
No final do terceiro mandato, Renato não pode ser reeleito e após passar quatro anos em casa, fugindo da Covid e de quem quer que seja, a coligação que sempre o promoveu chega às eleições sem ter alguém com alguma projeção eleitoral que se disponha a ser a vítima que vai representar o governo. Nenhum secretário chega com chances de ser eleito vereador. É o que dizem.
Consta que um servidor público ligado ao PDT vai encarar. O presidente do PDT de Hulha Negra, que chegou a ser cogitado como candidato, tirou o time de campo. Fez bem. Não há necessidade de ir para o sacrifício. O governo não promoveu nenhum secretário ou pessoa do PDT. Nem do PP. O prefeito diz que a vez de colocar o candidato a prefeito é do PDT ‘não tenho nada com isso’. Mas tem.
Em eleições com três candidatos viáveis, fica confuso o cenário. Em 1996 havia três candidatos: Campani, Titi e Renato Machado. Dividiram perfeitamente e ganhou a terceira via, Campani. Era a melhor chance que Campani tinha para ganhar em 2024. Numa eleição polarizada entre dois candidatos, acho que no final ficarão dois, os debates podem decidir a eleição. Os remanescentes do PDT darão uma demonstração de pouca inteligência lançando candidato. Quem vai querer apoiar quem só garante a derrota? O possível candidato do PDT pode ter certeza de que sua turma ‘vai roer a corda’.
Fernando Campani e a vereadora Tanira Ramos, politicamente estão em polos extremos da política, o da esquerda, bem à esquerda, e o da direita, bem à direita. Os que estão no governo vão se definir para que lado vão, mas em qualquer lado estarão ‘no mato sem cachorro’.
Se escrevo o que aconteceu e acontecerá não sei, mas como diria Chicó, o personagem de Ariano Suassuna, ‘só sei que foi assim’.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*