Trecho embaixo das correias deverá ser feito com a utilização da usina asfáltica bageense Foto: J. André TP
A rodovia Miguel Arlindo Câmara (MAC) é bastante conhecida pelos problemas estruturais causados pelo desgaste de uma estrada muito utilizada, principalmente por veículos de grande porte e que já possui cerca de 50 anos de construção. Ela é a principal via de acesso e interliga as comunidades urbanas de Candiota, com aproximadamente 15km de extensão do trevo pela BR-293 à Vila Residencial.
No ano passado, vários trechos tiveram manutenção por meio de recursos do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa). Antes, em 2019, outros trechos tinham sido recuperados com recursos próprios do município. Porém, a deterioração de outros trechos segue causando transtornos, em especial o localizado embaixo das correias de transporte do carvão mineral, em frente a Usina de Candiota, pertencente a CGT Eletrosul.
Tratativas tiveram início ainda em 2020 na busca de parcerias com a CGT Eletrosul para a manutenção do local e um dos compromissos da atual gestão, que tem a frente Luiz Carlos Folador como prefeito e Paulinho Brum como vice, foi a recuperação da rodovia. Inclusive, durante entrevista ao vivo ao Tribuna do Pampa em dezembro do ano passado – logo após ter sido eleito, o prefeito candiotense afirmou que faria a recuperação de toda a extensão da rodovia.
No início desta semana, a reportagem do TP procurou a assessoria de Comunicação da Prefeitura no sentido de buscar informações sobre como o governo está encaminhando todo este processo de recuperação da via, já que fatos novos, como a estadualização e o convênio com a usina asfáltica da Prefeitura de Bagé, vêm causando debate na comunidade. No início da tarde desta quinta-feira (10), Folador recebeu o jornal em seu gabinete.
Antes de entrar nos detalhes, Folador fez referência a pagamentos feitos pela atual gestão que inicialmente impedem, segundo ele, a realização de grandes projetos. “Continuamos pagando empenhos de 2019 e 2020. Entre empenhos e restos a pagar não empenhados são mais de R$ 4,5 milhões. São valores que poderiam cobrir a recuperação de metade da MAC, que atualmente há uma estimativa de necessidade de cerca de R$ 8 milhões para recuperação total”, destacou o prefeito.
USINA ASFÁLTICA – Nesta semana, a confirmação de um convênio com a Prefeitura de Bagé para utilização da usina asfáltica bageense acabou gerando debate nas redes sociais. Folador explicou acerca do processo de parceria. Em primeiro lugar, ele lembrou que as matrículas da rodovia são em nome da CGT Eletrosul e não do município de Candiota. “Assumimos um compromisso até 2024 de recuperar toda a MAC e vamos fazer isso, mas ainda estamos no início do governo e em poucos meses não é possível resolver tudo. Estamos com tratativas e encaminhamentos, mas não podemos nos preocupar somente com a rodovia, vivemos uma pandemia e precisamos atender todos os setores”, afirmou o prefeito.
Gerador foi locado pela Prefeitura de Candiota como uma das contrapartidas na parceria com a usina de asfalto da Prefeitura de Bagé Foto: Giovana Pereira/Especial TP
Quanto à usina de asfalto de Bagé, quando questionado pelo jornal o que onera para a Prefeitura de Candiota e quais os benefícios da parceria, Folador falou em contrapartidas e a realização do trecho embaixo das correias. “Há a parceria com a CGT Eletrosul por meio de um convênio de cooperação, no valor de R$ 160 mil para o trecho de 700 metros, porém empresas particulares orçam a obra em torno de R$ 500 mil. Em tratativas com a Prefeitura de Bagé, vimos a oportunidade de uma parceria bastante produtiva. Compramos insumos no valor de R$ 17 mil e locamos um gerador que vai sair em torno de R$ 4 mil – uma usina de asfalto não funciona sem gerador. Entramos com mais uma contrapartida de aproximadamente R$ 300 mil e 20% da produção também é para utilização de Bagé que vai entrar com a usina, equipamentos e mão-de-obra. Desta forma, é possível ser feita a obra asfáltica com uma economia em torno de R$ 200 mil”, explicou Folador.
Por telefone, pois cumpria agenda em Porto Alegre, o vice-prefeito Paulinho Brum disse estar satisfeito com o acordo. “É difícil conseguir serviços em pequenos trechos e estamos muito contentes com essa parceria, pois possibilitará a obra de um importante trecho asfáltico da MAC em breve, já no primeiro ano de governo e cumprindo a palavra dada em campanha”, manifestou Paulinho, ressaltando que a parceria foi aprovada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Quanto a outros trechos da rodovia ainda não há previsão de obras.
Prefeito Folador falou sobre o futuro da rodovia durante entrevista em seu gabinete Foto: Silvana Antunes TP
TAPA-BURACOS – Questionado, Folador falou sobre a interrupção das operações tapa-buracos. “No início do governo fizemos uma ação com material deixado pelo governo anterior e iniciamos um processo licitatório para aquisição de asfalto frio, mas até agora não foi possível a manutenção. Há um processo licitatório onde a empresa solicitou reajuste e atendemos, porém até o momento não recebemos o material. Desde janeiro o processo se arrasta e pressionamos a empresa que prometeu a chegada do material na próxima semana em Candiota, desta forma possibilitando a manutenção em formato tapa-buracos em alguns pontos da rodovia”, relatou.
ESTADUALIZAÇÃO – Outro assunto anunciado recentemente pelo prefeito é uma possível estadualização da MAC. Ao jornal ele explicou que junto as tratativas para recuperação da via, corre um processo de estadualização, visando desonerar o município de Candiota. “Estamos tratando para que outro plano de obras, que deverá ser anunciado em breve pelo governo estadual, contemple a MAC para recuperação total da rodovia. Sem gerar gastos com manutenção para o município, a economia irá permitir a aplicação dos recursos em outras áreas e ações públicas. Não há nada de ilegal no processo”, disse o prefeito candiotense, enfatizando: “Se o governo do Estado não fizer a MAC, nós vamos fazer até 2024”.
