SOB NOVA DIREÇÃO

Em entrevista exclusiva, presidente da Âmbar diz que pretende transformar Usina de Candiota em exemplo mundial

Empresa do grupo J&F assumiu definitivamente a unidade no início deste mês

Usina de Candiota ganhou placas novas a partir da semana passada, identificando que o local tem novo dono Foto: J. André TP

As novas placas instaladas no Complexo Termelétrico de Candiota já dão o recado de que o local tem novo dono de fato e direito. Mas não são apenas as placas que indicam isso. A Eletrobras publicou na manhã da última quarta-feira (3), um comunicado assinado pelo vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores, Eduardo Haiama, informando que em complemento ao fato relevante do dia 8 de setembro de 2023 e ao comunicado ao mercado de 21 de dezembro de 2023, foi concluída no dia 2 de janeiro de 2024 a alienação do complexo termoelétrico de Candiota (350MW) – único ativo a carvão da Companhia, para o grupo Âmbar Energia S.A.

Inaugurada em 2011, a Usina de Candiota é o primeiro ativo de geração a carvão da Âmbar. A compra junto a Eletrobras, por cerca de R$ 78 milhões, faz parte da estratégia de ampliação do parque gerador da empresa, que já soma 2 gigawatts (GW). Vale relembrar que a Âmbar Energia faz parte do grupo J&F (maior produtor de proteína animal do planeta) e já é a quarta maior geradora térmica a gás natural do Brasil.

Segundo lembrou o portal epbr, ao anunciar a conclusão do negócio entre Eletrobras e Âmbar, a Usina de Candiota está entre as unidades a carvão beneficiadas pelo projeto de lei das eólicas offshore aprovado pela Câmara dos Deputados no fim de novembro de 2023. Emendas incluídas durante a votação em plenário estabeleceram que as usinas a carvão mineral podem renovar seus contratos de venda de energia elétrica em 2028, por mais 22 anos. O projeto ainda depende de aprovação no Senado e sanção presidencial. O prazo, até 2050, foi escolhido em relação à meta de descarbonização da economia brasileira. Quando, em tese, as térmicas a carvão se adaptam para anular suas emissões.

Marcelo Zanatta Estevam é presidente da Âmbar Energia Foto: Divulgação/Âmbar/Especial TP

Esta semana, o jornal Tribuna do Pampa entrevistou, com exclusividade, o presidente da Âmbar Energia, Marcelo Zanatta, que deu pistas concretas sobre as pretensões da empresa ao adquirir a planta a carvão. Com otimismo, Marcelo disse que a Usina de Candiota será transformada em exemplo mundial. Leia a seguir a entrevista na íntegra:

Tribuna do Pampa – O que muda na Usina de Candiota a partir da Âmbar assumir de fato e direito a unidade?

Marcelo Zanatta – Nós da Âmbar enxergamos o complexo de Candiota como um ativo essencial para o abastecimento de energia do país, por isso decidimos realizar esse investimento. Nossa visão é de longo prazo, acho que isso é o que a Âmbar mais tem a agregar. Por isso estamos trabalhando não apenas para o funcionamento pleno da usina como também para diversas oportunidades que ela oferece.

 

TP – Há planos de expansão do parque gerador em Candiota?

Marcelo – Acabamos de assumir a operação e estamos fazendo estudos de viabilidade. Ainda é cedo para afirmar, mas nosso interesse é expandir a geração de energia em Candiota de forma sustentável. O potencial é muito grande.

 

TP – Sabemos que houve muita demissão voluntária (PDV) no processo de privatização da Eletrobras e isso também aconteceu na Usina de Candiota, que pertencia ao grupo. É preciso repor trabalhadores? Se sim, quais áreas e como isso vai acontecer ou já está acontecendo?

Marcelo – Já contratamos mais novos colaboradores do que o número de demissões voluntárias que haviam ocorrido. E vamos continuar contratando ao longo de 2024 e 2025. Ficamos muito satisfeitos em saber que a ampliação das oportunidades na região vai colaborar com a economia local.

 

TP – Candiota nasceu e cresceu sob uma visão estatal. Há um temor que a relação trabalhista se precarize em função da privatização da Usina. Como você avalia isso.

Marcelo – A Âmbar faz parte do maior grupo empresarial brasileiro. O grupo J&F tem cerca de 280 mil colaboradores em todo o mundo, devidamente registrados. Somos o maior empregador do país, com mais de 170 mil funcionários, todos CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Está na missão do nosso grupo: ‘garantir a oportunidade de um futuro melhor a todos os nossos colaboradores’. Foi assim que o grupo chegou aonde chegou, com a certeza de que gente é nosso maior patrimônio. Temos muito orgulho da nossa gente.

TP – A questão da gaseificação do carvão com vistas a indústria de fertilizantes, por exemplo, está no radar da Âmbar?

Marcelo – Sim, estamos avaliando diversas oportunidades no pré-sal do Pampa. Uma das principais é a gaseificação do carvão para diversas finalidades, entre elas a produção de fertilizantes, etanol, metanol e combustíveis aeronáuticos. Nosso objetivo é transformar Candiota no mais importante polo carboquímico do país.

 

TP – Nos últimos anos, o carvão mineral tem sido alvo de muitas críticas e até mesmo restrições, por ser uma fonte de energia com alta emissão de gases do efeito estufa. Qual a visão da Âmbar para esse combustível e para a cadeia do carvão no Rio Grande do Sul?

Marcelo – Nós acreditamos que a preocupação com as mudanças climáticas é fundamental na indústria energética. Também sabemos que não pode existir uma transição para energias renováveis sem haver segurança energética. Nos últimos anos, temos visto diversos países desenvolvidos retomando a atividade de usinas termelétricas movidas a carvão mineral para garantir a segurança energética. Nossa visão é de que o carvão ainda será importante para dar essa segurança energética para o Brasil e o mundo por muito tempo, ao mesmo tempo em que pode reduzir suas emissões de carbono equivalente por meio de tecnologias atuais e em desenvolvimento. O carvão tem um futuro muito longo e muito além da energia, com uma infinidade de subprodutos do carbono que podemos gerar. Queremos fazer de Candiota um exemplo mundial, com uma operação com balanço de carbono zero.

 

Quem é a Âmbar Energia

A Âmbar Energia desenvolve, implanta e explora projetos nos segmentos de geração térmica, transmissão e comercialização de energia para contribuir com os novos desafios de expansão e diversificação da matriz energética brasileira.

Um time de profissionais com grande experiência no setor identifica oportunidades e cria soluções que atendam aos desafios do Sistema Interligado Nacional (SIN). Um sistema que engloba as cinco regiões do Brasil e reúne instalações operadas por empresas de natureza privada, pública e de sociedade mista, regulado e fiscalizado pela ANEEL, a Agência Nacional de Energia Elétrica.

No setor de transmissão, a Âmbar Energia possui linhas de transmissão e subestações elétricas nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal.

No ramo de comercialização, a Âmbar Energia atua através da sua subsidiária Âmbar Comercializadora de Energia com sede em São Paulo. A Âmbar Comercializadora é uma empresa que comercializa Energia Elétrica, autorizada pela ANEEL e Agente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Já os ativos de geração reúnem a usina de Uruguaiana e o Projeto Integrado de Energia Cuiabá, com usina termelétrica e conjunto de gasodutos que transportam o gás natural desde Chiquitos, na Bolívia, até Cuiabá, no Mato Grosso. E agora o primeiro ativo de carvão da empresa, a Usina de Candiota.

A Âmbar é a empresa de energia da J&F Investimentos S.A, o maior grupo econômico privado do Brasil, presente em mais de 30 países e que tem em seu portfólio empresas como a JBS (líder global em processamento de proteína animal).

(Conteúdo extraído do site da Âmbar, com complementações)

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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