Quais são os nossos principais problemas? O município possui alguma política para resolvê-los? Essa era a proposta inicial de mais um trabalho voltado aos alunos dos 2º e 3º anos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Colégio Hipólito Ribeiro. Por iniciativa do professor Sandro Rosa, em parceria com a professora Marizete Duarte, cerca de 30 alunos estiveram reunidos para uma roda de conversa. O bate-papo aconteceu na noite desta quarta-feira (10) e a reportagem do TP foi convidada a acompanhar a atividade.
De acordo com Sandro, a ação já vinha sendo encaminhada desde o início do ano letivo. “No primeiro semestre eles fizeram um levantamento dos principais problemas que eles têm – em suas vidas e comunidades de um modo geral – e a maioria deles falou sobre o desemprego, o atraso de salários e os lixos nas ruas”, explicou.
Além de elencar os temas, o professor disse que a intenção era contar com a participação de um representante do Poder Executivo para ouvir as demandas e dar um retorno para esse público – que é parte importante da sociedade. O prefeito Zé Antônio aceitou o convite e havia confirmado presença, mas de última hora não pode comparecer por motivos de saúde. O gestor ainda sugeriu que uma nova data fosse marcada e se colocou à disposição para estabelecer o diálogo.
Apesar do imprevisto, as turmas não deixaram de conversar sobre os assuntos sugeridos pelos grupos. O material produzido pelo jornal Tribuna do Pampa foi utilizado como base para instigar a participação dos estudantes. Além dos atrasos dos salários dos estágios do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), do desemprego e da manutenção das vias urbanas, os animais errantes e o aumento do tráfico de drogas também foram temas expostos durante a atividade. “Moro aqui há dois anos e até hoje não consegui emprego. Não foi por falta de procura. O que consegui notar é que se faço algo para vender, por exemplo, as pessoas não querem pagar pelo preço que vale. Não tem como continuar fazendo porque só cobre os gastos que eu tive e fico sem lucro algum”, contou uma das alunas.
De acordo com o docente responsável pela atividade, a modalidade de ensino requer atenção especial e a cada 15 dias são propostas ações diferenciadas das tradicionais da sala de aula. “Como os alunos da EJA já são maiores e estão aqui muitas vezes porque precisam concluir os estudos para conseguir emprego, nós procuramos fazer uma série de atividades que aproximam eles das suas realidades”, disse Sandro. A intenção, segundo o professor, é que a roda de conversa seja retomada e que os estudantes obtenham um retorno por parte da Prefeitura de Pinheiro Machado.