
Na oportunidade, os visitantes puderam degustar as uvas produzidas no assentamento Foto: Divulgação TP
A última quinta-feira (16) foi marcada por visita aos produtores de uvas do assentamento Abrindo Fronteiras, no interior de Hulha Negra. A ação, proposta pela Emater local, tinha como objetivo viabilizar a comercialização da safra dos agricultores que apostaram na viticultura e agora contam com um produto de qualidade e uso reduzido de defensivos agrícolas. Na oportunidade, firmou-se a parceria com as prefeituras de Hulha Negra e Bagé para colaborar com as vendas.
Além da equipe da Emater, participaram da visita aos parreirais de Paulo César Martins Ribeiro, José Maria Pinto, Marili Porto e Roberto Costa da Silveira, o vice-prefeito de Hulha Negra, Marco Igor Ballejo Canto, o representante da Secretaria de Agropecuária, Volnei Mafron, o Fiscal do Serviço de Inspeção Municipal, Marcus Roberto Mielke Leitzke, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação de Bagé, Bayard Paschoa Pereira, a assessora técnica da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação (SDI), Aline Chaves Lopes, a professora do Centro Universitário da Região da Campanha (Urcamp) e membro da diretoria da Associação Pampa Gaúcho de Turismo (Apatur), Elisabeth Drumm, e ainda o responsável pela estruturação de uma agência de turismo em Bagé, Álvaro Luiz Mansur Munhoz. No total, a localidade conta atualmente com 11 produtores.
Para a reportagem, o chefe do escritório da Emater de Hulha Negra, Guilherme Zorzi, contou sobre a ação. “Essa visita surgiu com o intuito de auxiliar os produtores na comercialização dessas uvas produzidas no assentamento Abrindo Fronteiras – local com características ideais para essa produção. Para que isso ocorresse, levamos os representantes dos dois municípios para ver de perto os parreirais e provarem a qualidade excelente das uvas”, disse. Segundo ele, a plantação é parte de um projeto que já acontece a alguns anos em Hulha Negra e em Candiota e que contemplava ainda a instalação de uma agroindústria para a produção de sucos – que, por questões de falta de recursos, acabou não saindo do papel até o momento. “Temos essa preocupação e até obrigação de auxiliá-los também nesse período de comercialização”, ressaltou Guilherme.

A visita teve como objetivo firmar parceria com as prefeituras de Hulha Negra e Bagé
para auxiliar no processo de venda das uvas Foto: Divulgação TP
Conforme contou, parte da produção já está sendo vendida no próprio assentamento e às margens da BR-293, mas ainda há muitas uvas à disposição. “É uma quantidade grande que eles têm e toda essa uva não conseguiria ser colocada no mercado somente nesses dois pontos. Além disso, elas têm um ponto de colheita e se passar disso perde toda a produção, por isso nos mobilizamos e a Emater conseguiu firmar a parceria com ambas as prefeituras. Contando com o grande apoio da Prefeitura de Hulha Negra e a parceria com Bagé, estamos viabilizando pontos de vendas para esses produtores através das feiras. Já foi realizada uma pequena na sexta-feira (17), aonde o produtor veio do assentamento, contando com o apoio da Prefeitura para o transporte, e em pouco tempo vendeu todas as uvas que trouxe para a cidade”, relatou. Em Bagé, os últimos ajustes também estão sendo definidos para que os produtores possam ser levados até o município vizinho em alguns dias e transformem de fato a produção em renda para as suas famílias. Conforme informado, as vendas ocorrerão no saguão do Centro Administrativo.
Para o próximo ano, a equipe da Emater já trabalha para, além do fomento técnico através de parcerias com instituições de pesquisa, fazer o elo desses produtores com o mercado institucional como já trabalha com as agroindústrias. “Estamos trabalhando para auxiliar na comercialização agora e a partir do inverno retomamos o trabalho de assistência técnica: agregando parcerias à Emater para conseguirmos ter cada vez mais produção com qualidade, proporcionando aos produtores essa alternativa de renda que é muito adequada àquele assentamento por não demandar muito tempo, poder ser conciliada com outras produções e também aproveitar a aptidão de solo e clima que é muito boa para o desenvolvimento desse projeto”, destacou Guilherme.

Com assistência técnica da Emater, atualmente 11 produtores podem comercializar as uvas Foto: Divulgação TP
EM 2015 – Implantado no ano de 2015, o projeto “Estratégias para o desenvolvimento sustentável” passou a contemplar 21 famílias do assentamento Abrindo Fronteiras em Hulha Negra com meio hectare de parreirais. Ele também é desenvolvido no município de Candiota nos mesmos moldes.
Nesses parreirais, encontram-se variedades de uvas que tem aptidão para produção de sucos e também alguma quantidade de uvas para mesa. “O programa iniciou na gestão anterior do governo municipal, contou com recursos de emenda parlamentar e vários parceiros que viabilizaram o preparo do solo, a instalação da estrutura de sustentação dos parreirais, a aquisição das mudas e alguns fertilizantes”, explicou o chefe do escritório da Emater.
Além disso, segundo Guilherme, 90% dos produtores realizam o manejo de forma orgânica. “Alguns deles em função da incidência de doenças acabaram tendo que utilizar fungicida em alguns momentos, mas é basicamente fungicida a base de cobre e que são permitidos na agricultura orgânica. Alguns tiveram que utilizar fungicidas convencionais químicos, então nós não vendemos essa produção como orgânica, mas ela tem um sentido de transição agroecológica porque boa parte da adubação também é orgânica, então é uma uva muito saudável”, informa.
Segundo o representante da Emater, embora diversas frentes estejam atuando para dar andamento ao projeto, parte fundamental do sucesso e da produção de qualidade vem diretamente do assentamento. “Estamos fazendo mais alguns contatos para fortalecer essa rede técnica para assistir os produtores, mas o trabalho deles nesses últimos anos tem sido determinantes para que eles consigam chegar nesse momento de ter uma boa safra”, elogiou Guilherme. A expectativa é continuar trabalhando em prol do objetivo maior que ainda é disponibilizar aos produtores uma agroindústria – “agregando grande valor ao trabalho dos produtores e minimizando as perdas”, justificou.