POLÍTICA

Episódio de reunião com ânimos acirrados repercute na Câmara de Candiota

Sessão girou em torno do assunto na segunda-feira (27) Foto: Divulgação TP

O episódio envolvendo o prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador (MDB), durante uma reunião com vereadores e lideranças do assentamento Companheiros de João Antônio na última semana – onde os ânimos se acirraram e as gravações das cenas de exaltação ganharam as redes sociais -, foram , como não poderia deixar de ser, o assunto principal de pauta na Câmara da cidade na sessão desta segunda-feira (27). A famigerada reunião debatia a forma como a Prefeitura vem atuando na abertura e limpeza de açudes e bebedouros para amenizar à estiagem que castiga a região.

A primeira vereadora a abordar o assunto foi Luana Vais (PT), que estava na polêmica reunião. Lembrando que é filha de agricultor assentado, ela fez um resgate de episódios que foram se sequenciando para se chegar até na reunião. Disse que a vereadora Hulda Alves (MDB), já havia se referido ao MST e aos assentamentos como se representassem um perigo; depois a ida da Brigada Militar no dia anterior ao episódio. “Nos assusta o prefeito mandar a BM retirar a máquina. Não somos bandidos. No outro dia a isso, as famílias vieram dialogar sobre o assunto na Prefeitura e foram surpreendidas com a forma alterada do prefeito, na frente de crianças, inclusive. Precisamos e exigimos respeito”, disse, lembrando que também vazou um vídeo de um cargo de confiança (CC) da Prefeitura falando mal dos assentados, na mesma linha da sequência de ataques aos assentamentos. Luana ainda lembrou que não espera que a Prefeitura resolva tudo, mas que tenha organização, planejamento e transparência, se queixando que até hoje não recebeu o cronograma de serviços e a ordem de atendimento das famílias e atrelando a isso a indignação das pessoas.

A vereadora Hulda Alves disse ser solidária as atitudes do prefeito, assinalando que ele também tem o apoio da sua família e da maioria da população. Para a vereadora, o governo saiu ainda mais fortalecido do episósio. “Isso tudo é para desviar do foco principal, pois as 1,2 mil famílias da região ainda não receberam os recursos do governo federal, que veio aqui prometer (ela se refere a vinda dos ministros em Hulha Negra). Está tudo em cima do governo municipal. Há motivos para que essas coisas aconteçam”, levantou Hulda.

O vereador Ataídes da Silva (PT), explicou o que houve com as máquinas nos assentamentos envolvidos no episódio, defendendo diálogo para resolver a situação.

O vereador Danilo Gonçalves (PT), que esteve no epicentro da questão, lamentou todo o ocorrido, inclusive o fato anterior, que foi a ida da BM no assentamento para liberar a máquna. Criticou o secretário de Agropecuária e Agricultura Familiar, Claudivam Brusque, que também é assentado. “O prefeito e o secretário deveriam ter mais compreensão pelas enormes dificuldades que estamos passando com esta seca. Achamos que iríamos ter uma conversa amigável aquele dia, tanto que levamos nossas crianças, e fomos recebidos daquela forma”, lamentou.

O vereador Guilherme Barão (PDT) disse que não se queria isso no aniversário de 31 anos da cidade, com uma repercussão negativa nacional por falta simplesmente de diálogo, segundo ele. “Diálogo é o que pede a democracia. Um gestor não pode agir assim, por mais pressionado que esteja. Não pode ser agressivo, mandar a Brigada Militar por causa de uma máquina adquirida com recursos públicos. É preciso diálogo e não como foi feito. Aqui na Câmara já tivemos embates, mas nunca chegamos a uma situação de agressão”, afirmou.

O vereador Fabrício Moraes, o Bibi (MDB), que na sessão da Câmara desta segunda assumiu a liderança do governo na Câmara, defendeu o secretário Claudivam, dizendo que ele enfrenta com muita coragem esta situação de enormes dificuldades proporcionada pela estiagem. Assinalando que o governo do prefeito Folador não é o culpado pela falta de chuvas, Bibi destacou que a municipalidade tem feito a sua parte, contudo não há maquinário suficiente para tudo, apesar de já terem sido feitos, conforme ele, mais de 400 açudes. “Não concordo com o que aconteceu no gabinete, ninguém concorda com violência.

Mas escutei áudios dos grupos de Whatsapp, com muitas ameaças e até de morte ao prefeito. Ninguém concorda, mas há limites para as coisas”, assinalou, lembrando um episódio passado, em que foi atacado, segundo ele, pelo ex-prefeito Adriano dos Santos no Fórum em Bagé, quando teve que se refugiar num veículo na ocasião .

O vereador Gildo Feijó, que lidera a bancada do MDB, usando seu espaço de líder, disse que acompanha a implantação de Candiota e dos assentamentos desde o início, pois é nascido e criado no município. Lembrou que no começo, em alguns assentamentos nem de carro de boi se saia ou chegava nos dias de chuva e que após o esforço de todas as gestões, a situação é muito melhor hoje. Se referindo especificamente à polêmica reunião, Gildo assinalou que a vereadora Luana exigiu respeito da atual administração com os assentados, porém, segundo ele, esqueceu de mencionar que na gestão passada foram pagos pelos agricultores a limpeza e abertura de açudes e o serviço não foi executado. “Faço uma defesa do prefeito Folador, que é incansável. Podem falar o que quiserem, mas ninguém pode o acusar de não querer fazer as coisas. Ele é um ser humano e se descontrolou, sendo que não foi o único naquela reunião. Não tem inocentes nesta jogada. Devemos nos orgulhar de nosso prefeito”, defendeu.

*Com acréscimos em relação ao texto original

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

Comentários do Facebook