ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Feira do Feijão Orgânico movimenta a comunidade de Piratini

Em seu primeiro plantio Odair Soares cultivou cerca de 200kg de feijão Foto: Maurício Goulart/Especial TP

A 5ª edição da Feira do Feijão Orgânico, realizada na última quarta-feira (29), na praça Inácia Machado da Silveira, popular Palanque, em Piratini, foi palco para apresentar à comunidade a importância do plantio e comercialização do feijão orgânico, produzido sem a utilização de agrotóxico, o que é uma alternativa para uma alimentação saudável.

Cerca de 60 variedades de sementes crioulas de feijão estiveram em exposição, assim como para comercialização. A produção que possui certificação orgânica, é de 17 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e à Associação dos Produtores Ecológicos (Apecol), que vivem nos Assentamentos Conquista da Liberdade e Conquista da Luta, no interior de Piratini.

Para o presidente da Apecol, José Gabriel Venâncio, nenhum tipo de agrotóxico é utilizado, somente cobertura verde do solo e adubos orgânicos. Desta forma, o objetivo é industrializar o alimento para oferecer a versão saudável do “feijão com arroz”, uma vez que, o MST já cultiva o arroz sem agrotóxico no Estado. “Queremos ser uma ferramenta permanente na defesa da vida e mostrar que é possível, sim, produzir sem veneno”, acrescenta.
Além da Feira do Feijão Orgânico, que acontece anualmente, a Apecol realiza uma feira diária no km 75 da BR-293 e todas as quartas-feiras, na praça Inácia Machado, na cidade. O alimento também é vendido em eventos organizados pelo MST no país e para a Rede de Sementes Agroecológicas Bionatur.

DA PRODUÇÃO AO COMÉRCIO – O produtor rural Odacir Soares que mora no segundo distrito do município, produziu já no primeiro ano cerca de 200 kg de feijão orgânico de quatro variedades. O feijão preto expedito, que é o mais utilizado no consumo diário, rendeu aproximadamente 100 kg. O feijão branco, que é o mais utilizado para o preparo de mocotó, o feijão vermelho e o denominado tupy também foram levados por Odacir à 5ª edição da Feira.

Odacir comenta que o manejo ecológico demanda cuidados especiais, seja para o feijão não ficar doente e não ser alvo de insetos, bem como o cuidado e descanso com o solo, que precisa geralmente ser de um ano para dar força ao solo. “Essas técnicas e cuidados redobrados são fundamentais para a garantia de uma boa colheita, já que os produtos não recebem nenhum tipo de tratamento com produtos considerados do gênero de agrotóxicos”, destaca o produtor.

SEMENTES CRIOULAS – A escola Estadual de Ensino Médio Adão Pretto, localizada no 5º Distrito do município, foi convidada pela organização da feira para participar e expor o trabalho realizado pelo educandário com base no banco de sementes crioulas e guardiãs da comunidade.
De acordo com a professora Danuzia Trecha e os alunos do educandário, o projeto permite a integração, conscientização e a democratização do acesso a terra com garantia de sua função social. Desta forma, o projeto de agricultura realiza a troca de sementes com produtores da zona rural. A escola possui um próprio banco de semente com 56 variedades que são distribuídas entre os selecionados nas comunidades de agricultores quilombolas, assentados e pequenos produtores da região.

Participaram do evento, representantes da Prefeitura e Câmara de Vereadores, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), além de deputados, estudantes e produtores de alimentos orgânicos.

Quem visitou o evento conferiu a diversidade de produtos da Reforma Agrária. Nas bancas haviam produtos como abóbora, aipim, alface, repolho, couve, cenoura, rúcula, pães, cucas, bolachas, bolos, doces, chimias, geleias, queijos, torresmo, sucos, vinho, banha, entre outros alimentos.
Às 11h30 foi servida uma feijoada no Galpão de Rondas do CTG 20 de Setembro.

Escola estadual da zona rural participa e expõe projeto com base em banco de sementes crioulas Foto: Maurício Goulart/Especial TP

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