REPOSIÇÃO SALARIAL

Funcionalismo tenciona, mas Executivo pinheirense reafirma que chegou ao limite com 10% de reposição

Durante quase três horas, num diálogo aberto e franco, vários temas relacionados aos servidores foram debatidos em reunião conjunta entre o Sindicato e a Prefeitura

Encontro conjunto entre o Sindicato e a Prefeitura lotou o plenário da Câmara local na noite desta quinta-feira (28) Foto: Raíssa Vargas/Especial TP

O plenário da Câmara de Pinheiro Machado ficou lotado, em sua grande maioria por servidores públicos da Prefeitura, durante quase três horas na noite desta quinta-feira (28). O local (anteriormente seria no ginásio), foi palco de um debate franco e aberto sobre a crise financeira que se abate sobre o município que completa 144 anos na próxima segunda-feira, 2 de maio.

O reflexo dessa situação, além da população é claro, é sentido com mais força nesses últimos anos pelo funcionalismo municipal. Além de não obter índices de reposição os últimos tempos, durante quase três anos – entre 2018 e o início de 2021, houve atraso no pagamento da folha dos servidores.
Bem pouco tempo antes da reunião conjunta chamada pelo Sindicato dos Municipários de Pinheiro Machado (Simpim) e a Prefeitura, havia um clima não muito amistoso que se criou entre o presidente da entidade, Márcio Garcia, e o prefeito Ronaldo Madruga – em função que o dirigente sindical cobrava publicamente o restabelecimento do diálogo com a representação da categoria. A convocação encontro entre as duas partes, selou o restabelecimento do diálogo. Como já esperado, a atmosfera da audiência foi tensa por tratar de tema tão sensível, porém de um nível bem elevado. A assembleia foi mediada pela presidente da Câmara, vereadora Laura Ratto.

Com a presença do prefeito Ronaldo, do vice Rogério Moura e da direção do Simpim, bem como, assessores tanto do Executivo como do sindicato, o tema central do debate foi a reposição salarial. Como já havia anunciado, o prefeito apresentou sua única possibilidade que era um índice de 10%. “Gostaria de chegar aqui e dar muito mais que 10%, mas não tem como. Estamos nos esforçando ao máximo para manter os salários em dia. Não há como negociar, porque não tenho de onde tirar”, enfatizou o prefeito na ocasião.

A categoria, pela voz do presidente e também de alguns servidores, tencionou para que o índice fosse elevado para 12%, entretanto não foi possível. Foi pedido ainda algum tipo de aumento no vale-alimentação que de 2017 a 2021 não foi pago e continua a R$ 180 mensais, mas igualmente o prefeito sentenciou que as finanças não permitem. “O orçamento é um só e é preciso atender o restante das demandas da população”.

OUTRAS DEMANDAS – Uma assembleia do Simpim vai avaliar em breve a proposta do Executivo de pagamento do vale-alimentação atrasado. Desde 2018, uma ação judicial coletiva tramita no Fórum local, pedindo o pagamento do direito, que durante mais de quatro anos ficou sem ser honrado pela Prefeitura (2017 a 2020). Na proposta do atual governo, que tem pago em dia desde 2021, o acordo contemplaria a suspensão da ação judicial, com pagamento em 30 dias, do mês atual, mais dois meses de 2017 (R$ 320) e na sequência, o mês atual mais metade (R$ 90) de um mês atrasado. “A cada 12 meses podemos reavaliar estas condições”, propõe o prefeito.

A proposição é vista com desconfiança pelo Sindicato, fundamentalmente pela suspensão da ação na Justiça, contudo será avaliada numa assembleia.
Também, durante a reunião, o Executivo apresentou a proposta de reajuste de em média 50% das diárias de campo de viagem dos servidores, bem como, uma reforma da previdência, se adequando à legislação federal, mas garantindo as mesmas regras para os atuais servidores.

Por fim, algo comemorado pela categoria, é que o prefeito se comprometeu em seis meses, apresentar a reforma de padrões salariais e reparação de distorções históricas neste quesito.

AVALIAÇÃO – Mesmo lamentando o não avanço na melhora do índice de reposição, que considera o pior da região, o presidente do Simpim, Márcio Garcia, avaliou como positiva a reunião. “Confesso que estou decepcionado com os índices alcançados, mas feliz por termos realizado um debate em alto nível. Foi um verdadeiro show de civilidade e democracia”, assinalou.

Da mesma forma, o prefeito Ronaldo avaliou como positivo o encontro. “A avaliação é muito boa. Foi um diálogo de alto nível. Somos sensíveis e entendemos como justas as reivindicações do Simpim, mas não podemos ultrapassar os limites. Nosso estudo apontou uma reposição de 7,82% e chegamos a 10%. Sei que não alcançamos a satisfação do funcionalismo, mas é que a responsabilidade não nos deixa fazer mais”, disse.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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