SAMU

Hulha Negra será contemplada pelo Programa Chamar 192

Equipe municipal e coordenação regional explicaram acerca do serviço de urgência e emergência após implantação no município

Programa Chamar 192 foi apresentado no Legislativo de Hulha Negra Foto: Reprodução TP

Na última quinta-feira (18), a Câmara de Vereadores e Vereadoras de Hulha Negra sediou uma Sessão Especial voltada a área da Saúde. Na ocasião, o secretário de Saúde, Volnei Jorge e a coordenadora regional da Rede de Urgência e Emergência, Milena Moreira Ferreira, explicaram sobre o Programa Chamar 192 –Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Também estiveram presentes a enfermeira técnica responsável pela Unidade Básica de Saúde (UBS), Carla Ruiz, servidores do Centro de Atendimento Integrado de Saúde (Cais) e Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Hulha Negra.

O secretário Volnei Jorge agradeceu o espaço concedido pela Casa e disse que o momento era para o repasse de informações e explicar acerca do programa que está em andamento no município. Em continuidade, representando o Estado na 7ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), Milena explicou trabalhar no suporte de informações aos municípios da 7ª CRS no que se refere a urgência e emergência, tanto no que tange a projetos como monitoramento de indicadores.

A coordenadora explicou que o Projeto Chamar 192 surgiu em 2020 com o intuito de fornecer a regulação dos atendimentos de urgência e emergência nos 226 municípios do Rio Grande do Sul que não possuíam habilitação federal. “O Samu 192 é de ordem federal, que tem repasse do fundo ministerial ao fundo municipal e que precisa de um trâmite de ações para habilitação. Com o surgir da pandemia se percebeu uma crescente demanda desses serviços de urgência e emergência, do suporte médico imediato as pessoas, que precisariam de atendimento rápido e que fosse efetivo. Se percebeu que as pessoas começaram a ser acometidas pela Covid-19 e que 46% dos municípios gaúchos não tinham estrutura para dar o atendimento adequado. Então, o Departamento Regulador Estadual se reuniu com os médicos reguladores e fizeram a proposta do projeto Chamar 192”, explicou.

A enfermeira também disse ser perceptível em municípios pequenos como Hulha Negra, não haver suporte completo de atendimentos, onde muitas vezes não há nem mesmo médico 24 horas disponível. “A população acaba não recebendo ou tendo acesso ao atendimento adequado. Nesses municípios pequenos, se entende o Chamar 192 como um chamado adequado, com acesso ao número 192 de forma mais rápida. Hoje, sem o programa, não há total eficácia e eficiência no atendimento, pois não há uma triagem médica, um médico especialista pra fazer a regulação. Exemplo, se uma pessoa está com uma dor em um dedo e a ambulância for atender, pode deixar descoberto um serviço de urgência”, afirmou.

Milena ressaltou que com a implantação do Chamar 192 será diferente, pois todas as ligações caem em uma central única, o número é nacional estando disponível no país inteiro, sem necessitar um bom sinal telefônico. “O médico regulador, da central de Porto Alegre, vai receber as informações da pessoa e fazer as orientações corretas. A equipe terá um suporte médico, com respaldo legal para o atendimento que for fazer. Isso nos custa vidas. Se o médico liberar para um atendimento de Hulha Negra que julgar ser importante pelo técnico de enfermagem ou ser removido para Bagé, atendimento-referência, e depois receber ligação de emergência, ele vai poder ligar para a equipe, fazer com que parem na unidade central, deixem a pessoa para atendimento breve e se desloque para atendimento mais grave. Atendimento será regrado, ordenado.

A profissional ainda acrescentou que Hulha Negra foi contemplada com o Chamar 192 e que ela acredita que será um imenso ganho para a população se for bem orientada. “Para uma pessoa toda situação de saúde que passa é uma urgência, necessidade imediata, mas só um médico regulador vai poder dar respaldo em caso de ligação direta para as autoridades municipais, como costuma ocorrer em cidades pequenas como Hulha Negra”.
A enfermeira Carla Ruiz lembrou que há um regramento para o atendimento, determinado pelo Estado. “É preciso doutrinar os munícipes, pois a equipe não vai poder deslocar da UBS sem autorização do médico regulador, a área não pode ficar descoberta sem autorização”, afirmou.

VEREADORES – Após a explanação sobre o programa, tiveram início as manifestações dos vereadores.

O vereador Getúlio Porto (PDT) disse ser importante para a saúde das pessoas o programa. Volnei Manfron (PT), destacou que para Hulha Negra o Chamar 192 é algo novo e que necessita de muitos esclarecimentos.

A vereadora Tanira Ramos (PTB) afirmou a necessidade de uma mudança cultural na cidade, pois por ser um município do interior, é diferenciado e a comunidade pode pensar na possibilidade de lacunas. “A boa comunicação deve ser forte, pesada nos veículos, jornais, redes sociais e por nós, autoridades. A mudança tem viés positivo, mas para alguns pode não ter. É importante um período de adaptação nesse momento de melhorias. A saúde do município é elevada a outro patamar, um médico 24 horas para urgência e emergência, não tem como esta Casa não apoiar esta ação”, frisou.

O vereador Hugo Teixeira (PT) destacou que todo investimento é importante e que o objetivo é salvar vidas, porém ele mostrou preocupação com o hospital referência. “Nossa referência é a Santa Casa de Bagé, que está um caos, sem todos os atendimentos necessários na prática. Hoje a Santa Casa pede socorro, o programa é bom, mas vai ser muita burocracia”, disse.

O vereador Jorge Coelho, o Coruja (PDT) tirou algumas dúvidas e disse concordar que há problemas na Santa Casa de Bagé, fator preocupante.
O vereador Diego Rodrigues (Progressistas) parabenizou o empenho da equipe da Saúde.

Diante da preocupação dos vereadores pelo atendimento na Santa Casa de Bagé, a equipe da Saúde reforçou a explicação de que as consultas na UBS de Hulha Negra serão mantidas normalmente, assim como os atendimentos. “O Chamar 192 é para urgência e emergência, situações em que a pessoa não possa esperar pelo atendimento, sendo das 17h às 7h”, destacou Milena.

O secretário Volnei afirmou que na UBS os atendimentos continuam de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

Quanto a questionamentos de prazos para início dos serviços, Carla Rui explicou que há cerca de dois meses está sendo realizado um mapeamento do sinal do satélite para funcionamento do celular e rede do Programa. “Já atingimos 50% do território de Hulha Negra, quando atingir 100%, haverá liberação do Chamar 192 para Hulha Negra”, concluiu.

CHAMAR 192 – Em março de 2021 a Secretaria da Saúde (SES) aumentou o valor de R$ 15 mil para R$ 45 mil para os municípios aderirem e custearem o Chamar 192, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), voltado aos municípios de pequeno porte que ainda não possuem cobertura do serviço do Samu em seu território. A expectativa da SES era atingir 100% dos municípios gaúchos abrangidos pela Central Estadual de Regulação das Urgências, por meio do telefone 192. Conforme destacado pelo estado, a maioria dos municípios pequenos fazem os atendimentos com equipes e ambulâncias brancas próprias. Com esse projeto, estes municípios serão integrados à rede de urgência, o que possibilitará a abertura do número 192 para os atendimentos de urgência e emergência. Em contrapartida, a SES oferecerá regulação médica primária e secundária, com orientação médica e capacitação das equipes.

Serão pagos aos municípios que aderirem o Chamar 192, R$ 15 mil em parcela única para a implantação das equipes e da estrutura, e R$ 30 mil em duas parcelas, para custeio. Na resolução, também foi flexibilizado o horário de plantão da equipe de atendimento, que poderá ser em regime presencial ou sobreaviso sem tempo mínimo especificado. “Nossa regulação está apta a receber todos os chamados desses municípios, além dos que já regulamos rotineiramente”, garantiu a secretária da Saúde, Arita Bergmann, na época, destacando a necessidade das cidades estarem conectadas com a regulação estadual por ser uma forma de dar agilidade ao atendimento.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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