PRODUÇÃO ARTESANAL

Hulhanegrense produz facas a partir de materiais de máquinas e veículos

Moises Cruz aposta no ramo da cutelaria para aumentar a renda familiar

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Moises produz facas a partir de disco de arado Foto: Silvana Antunes TP

Disco de arado, molas de Fusca e amorte­cedor de Uno estão entre os materiais utiliza­dos pelo morador do assentamento Santo Antônio 2, de Hulha Negra, Moises Melo da Cruz para a pro­dução de facas artesanais.

A entrada no ramo de Moises facas – assim como já é conhecido – se deu a partir de uma necessi­dade financeira e um sonho um tanto curioso. Segundo contou Moises a reporta­gem do Tribuna do Pampa, ele sonhou com uma pessoa que mostrava a ele como fazer uma faca a partir de um disco de arado. “Tive um sonho com uma pessoa me mostrando como fazer uma faca aí pensei como eu poderia fazer sem ter ao menos noção. Era como se eu estivesse assistindo à televisão. Na hora pensei em como começar sem ter nenhum material, mas a pessoa também disse para eu ir no outro dia em um determinado local e con­seguir uns discos de arado. Levantei cedo e pedi os discos para fazer as facas. Consegui também uma sa­cola de osso de gado, o que me permitiu fazer as seis primeiras facas e vender no jogo de bocha, onde vou todos os fins de semana. Acabou a crise, o proble­ma financeiro imediato foi resolvido”, conta Moises.

A partir daí, ele ex­plica que surgiu a ideia de confeccionar facas mais bonitas e menos rústicas, o que o levou a começar a estudar o ramo da cutela­ria. “Comecei a estudar na internet, ler livros, fiz con­tatos com pessoas importantes do ramo da cutelaria e que estão a mais tempo, como o Dalton Santos, que me auxilia e o Berardo Facas que tem um canal do Youtube – agora tenho internet graças a venda das facas. Buscando conheci­mento e pegando contato de pessoa que já estão no ramo para tirar dúvidas foi possível aprimorar minha técnica”, relata.

Algumas facas produzidas por Moises Foto: Divulgação TP

Questionado sobre concorrência no ramo, Moises explica que na cute­laria existe apenas troca de conhecimento. “O que tu sabe, vai passar para outra pessoa. Cada um tem seu jeito de fazer a faca, lidar, fazer a têmpera, as mãos dos artesãos são distintas e é isso que o torna tão diferenciado no mercado. Com os discos, molas e amortecedores, trago a reutilização de algo que já foi jogado fora, que não é mais utilizado e que nem todo lixo é exatamente lixo”, esclarece.

Produção acontece de forma simples no galpão da propriedade Foto: Divulgação TP

O hulhanegren­se que já trabalhou como frentista e no ramo da cons­trução, conta que hoje as facas são importantes para a renda familiar. Neste mês, Moises completa um ano na produção de facas, principalmente a partir de disco de arado. Segundo ele, a produção mensal gira em torno de 15 facas e todo processo é feito em um galpão da propriedade onde mora. “Trabalho tam­bém através de encomenda. Comecei com um esmeril a mão e através das facas já adquiri uma furadeira de bancada e um esmeril para fazer o polimento das facas. Consegui contato de um fornecedor de cera e pastas, o que permite apri­morar a técnica e melho­rar a produção. Faço todo processo, desde a norma­lização do aço (tratamento que refina a estrutura do aço), têmpera (resfriamen­to brusco), revenimento no forno (tratamento tér­mico efetuado ao aço, para corrigir inconvenientes decorrentes da têmpera), produzindo a faca comple­ta, incluindo a lâmina, bai­nha e cabo, do modelo que o cliente quiser”, explica.

As facas variam de R$ 50 a R$ 260, sendo esta última especial para churrasco, com fino corte e espelhada. Encomendas podem ser feitas pelo tele­fone (53) 9.9952-7563.

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