GUARANI MBYÁ

Indígenas acampados em Bagé vivem sem energia e acesso escolar

Indígenas estão na área do Horto Municipal Foto: Divulgação TP

Desde novembro do ano passado, estão acampados no Horto Municipal de Bagé, que está desativado, um grupo de 39 indígenas da etnia Guarani Mbyá. No local, eles fundaram a aldeia Pindó Mirim, trazendo para Bagé a sabedoria ancestral e os ensinos de um olhar necessário e respeitoso, em relação à ancestralidade indígena na formação cultural do Brasil.

Entre os indígenas, há 15 crianças e adolescentes fora da escola há cerca de nove meses. A voluntária Estela Domingues relatou ao Tribuna do Pampa que a situação em que vivem os indígenas é precária. “Há a necessidade legal de cedência oficial, por parte da Prefeitura de Bagé, do espaço ocupado. Isso vai possibilitar a agilização de demandas urgentes, como a instalação de energia elétrica, saneamento básico, escola para as crianças e plantio de alimentos, além da construção de moradias mais adequadas do que as barracas de lona que hoje ocupam”, relatou Estela, acrescentando que a Prefeitura de Bagé, através da Secretaria de Assistência Social, está centralizando ações de assistencialismo no que se refere à alimentação, mas que não supre as necessidades básicas de dignidade e saúde humana dos indígenas.

 

COLETIVO DE APOIO

 

Estela também relatou ao TP que a união de pessoas e entidades de Bagé e região possibilitou a criação do Coletivo de Apoio à Aldeia Pindó Mirim. “Esse grupo tem auxiliado, interagido e também se apaixonado pelos indígenas. O grupo surgiu a partir de uma reunião colaborativa, e que conta inicialmente com indígenas da etnia Mbyá Guarani, professores estaduais e municipais, Secretaria de Assistência Social de Bagé, professores da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Irmandade Holística Caminhos de Cura, Centro Espiritual Naxawa, Samma, Sociedade Uruguaia, estudantes, Coletivo Juntos. O Coletivo também está aberto ao auxílio e participação de mais pessoas e instituições da comunidade, que possam trazer ideias e ações efetivas para a estruturação adequada da aldeia em Bagé”.

 

PREFEITURA DE BAGÉ

 

O TP solicitou ao Executivo, informações acerca das ações realizadas em prol dos indígenas. Em nota, a Prefeitura de Bagé informou que “o Governo tem auxiliado as famílias com alimentação, roupas, fornecimento de lonas, abastecimento de água, tudo o que eles necessitem para garantir a dignidade dos indígenas. Nós temos grande preocupação com os dias frios de inverno, principalmente com as crianças e as gestantes”, salientou o secretário de Assistência Social e Trabalho Graziane Lara. Já o secretário de Saúde, Ronaldo Hoesel salientou que “as equipes da pasta têm prestado todo o auxílio de saúde de que as famílias têm necessitado”.

Conforme o Executivo bageense, a família da etnia Mbya Guarany relatou ter vindo do município de Caçapava do Sul e estar em busca de oportunidade para vender o seu artesanato e que um contato já foi feito com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). “A Smasi acionou a Funai para que seja realizada providência sobre a legalização das famílias em Bagé. Nós já recebemos a visita de dois membros da Funai de Santa Cruz do Sul, que vieram fiscalizar a situação em que as famílias vivem”, afirmou Graziane.

A Procuradoria-Geral do Município explicou também através da nota, que as autoridades encarregadas, Ministério Público Federal e Funai, é que devem decidir se as famílias poderão permanecer no local.
O TP entrou em contato com a Funai, mas não recebeu retorno até o fim desta edição.

 

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

 

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