POLÍTICA

Legislativo bageense fala das expectativas referente ao segundo mandato de Divaldo Lara

Líderes de bancada, do governo e presidente da Câmara foram entrevistados

*Por Anderson Ribeiro

Dos 17 edis eleitos na Rainha da Fronteira, 11 são da situação, cinco são oposição e um se diz independente Foto: Câmara Bagé/Especial TP

O cenário político bra­sileiro, atualmente, carrega muitas in­certezas, agravamentos e não atendimento em deman­das cruciais da população. O que não é diferente em Bagé e em muitas regi­ões do Rio Grande do Sul. O que os vereado­res líderes de bancadas, de governo e presidência do le­gislativo bageense pensam do Executivo, que é comandado pelo prefeito Divaldo Lara (PTB)? Dos 17 edis eleitos na Rainha da Fronteira, 11 são da situação, cinco são oposi­ção e um se diz independente, porém, suas ideias e bandei­ras tendem a ser oposição ao governo.

O descrédito com a política, candidatos e par­tidos influenciou muito o comportamento do eleitor, que não se sentiu motivado a sair de casa para votar. Claro que, a pandemia do novo coronavírus também contri­buiu para a alta abstenção, já que muitos não se sentiram seguros para ir ao local de vo­tação. Pensando assim, cabe a reflexão sobre a necessidade de diálogo do Executivo com a Câmara municipal. Vão trabalhar pelo povo que os elegeu ou por interesses pes­soais e/ou partidários? Nessa parte, cabe ao eleitor ficar ligado no mandato, seja do vereador ou do prefeito, para avaliar se estará cumprindo com suas propostas ou se foi meramente uma “promessa” de campanha eleitoral.

O jornal Tribu­na do Pampa conversou com oito vereadores, líderes do PT, Progressistas, DEM, PDT, PTB, PSB, além do presidente da Câmara de Vereadores e o líder do go­verno, ambos do PTB, para saber quais expectativas do segundo mandato de Divaldo Lara. Enfrentará mais resis­tência? O que defende cada entrevistado? Acompanhe:

Carlos Adriano Carneiro, líder PTB

“Na condição de líder da maior bancada no poder legislativo, acredito que os poderes na sua independência convergem em pautas de interesse da população. Tendo em vista que muito se avançou na primeira gestão do prefeito Divaldo Lara e o poder legislativo foi fundamental na aprovação de pautas positivas. No segundo mandato o fluxo de projetos de interesse público deve seguir avançando para melhoria de vida dos bageenses”, destacou o petebista.

Beatriz Souza, líder PSB

“Acredito que a oposição está mais qualificada, apesar de que na legislatura passada tínhamos menos vereadores de oposição, mas vereadores que se mantiveram firmes combatendo todo o ato de falta de transparência do governo”, salientou. Bia, está no segundo mandato e garante que sua expectativa não é muito diferente da primeira legislatura. “Sei que o Executivo vai manter a mesma característica. As dificuldades devem ser as mesmas que já enfrentamos como a falta de transparência. Com um número maior de vereadores de oposição, seremos ainda mais combativos”, completou.

Cléber Carvalho, líder Progressistas

“No meu entendimento, o legislativo tem, nesse mandato, um excelente serviço para prestar à comunidade. Já temos algumas metas para serem cumpridas, onde a principal é a construção da Barragem da Arvorezinha. Eu tenho convicção de que essa barragem vai sair. Muito porque o Exército está envolvido na ação”, explicou Carvalho. Ele diz que entende que oposição é necessário, ela tem que existir e cumprir um papel importante dentro do legislativo. “Muitas vezes alertando até os vereadores da situação e da base aliada. No meu entendimento a oposição é muito importante. Faço parte do grupo de vereadores que coligou com o prefeito para ganhar essa eleição, mas deixo bem claro sempre que se chegar algum projeto do Executivo, que eu veja que vai ser prejudicial a população e aos cofres da prefeitura, eu irei me posicionar contra. Mas se forem ações em prol da comunidade eu estarei sempre a favor. A gente não pode deixar de falar que o reflexo da pandemia na economia vem a partir deste ano. O Executivo vai ter que ser muito gestor, com muito cuidado, para poder suportar esse 2021”, explicou o progressista.

Michelon Apoitia, líder do governo

“A expectativa do legislativo referente ao Executivo é das melhores possíveis. Muitos projetos, muitas pautas novas que estão surgindo, como a tão sonhada barragem da Arvorezinha que deve ser executada pelo Exército ainda esse ano e a radioterapia. A oposição teve aumento, mas não vejo dificuldade. A gente tem que divergir quando tem que divergir, assim como temos que estar aliados quando as coisas são melhores para a população. Então, não vejo isso como um problema. Estamos fazendo um trabalho em prol de todos. Vejo que quem faz o bem não tem porque temer a nada. O novo cenário político é muito pró-ativo, houve renovação na câmara. Vejo um cenário muito tranquilo. As coisas vão se construindo ao natural”, conclui o petebista.

Caio Ferreira, líder do PDT

“O PDT dentro da Câmara de Vereadores é um partido comprometido com os trabalhadores em geral, público e privado, um partido contra qualquer tipo de exclusão. Ou seja, o PDT luta pela inclusão, sem preconceito e contra qualquer desrespeito ao ser humano. Tudo aquilo que viola o que sempre defendemos ao longo da nossa caminhada nós somos radicalmente contra. Em Bagé, ou somos governo ou somos oposição. O PDT em Bagé é sim oposição, com certeza, pois os nossos encaminhamentos não tem como não ser oposição. Não concordamos com a suba do IPTU de quase 21%, a taxa de iluminação pública está nas alturas, a suba das passagens de ônibus, preços dos alvarás”, relata o vereador Caio, enfatizando que tem muitos assuntos que vão contra ao dia a dia da população. “Vamos lutar 24 horas para que isso, pelo menos, não se repita. Está muito difícil mudar o que já foi feito, mas que não venham acontecer novamente. Por isso, entramos com um projeto para puxarmos para a Câmara a responsabilidade de votar os aumentos. Não tem como a gente ser governo, aonde as ações de governo afrontam o dia a dia da população em cima do aumento demasiado dos tributos. Seguimos alinhado, construindo sempre tudo o que for bom. Somos um partido de esquerda, independente, que estamos com o povo de Bagé. Sempre sendo um agente fiscalizador”, conclui o pedetista.

Augusto Lara, presidente do Legislativo

O vereador Augusto Lara está em seu segundo mandato e atualmente está presidente da Câmara de Vereadores de Bagé. Ele destaca que têm a difícil missão de conduzir os trabalhos de um poder independente sem se deixar sofrer influências da gestão do Executivo, comandada pelo tio Divaldo Lara. “Eu prezo pela democracia, independência dos poderes e olhar social”, explicou. O cenário da câmara bageense mudou em relação ao mandato anterior, houve uma renovação de 53% das cadeiras, com a posse também de muitos edis de primeiro mandato. “O PTB se mantém como maioria e teve um acréscimo de dois vereadores, agora são sete da sigla. A oposição também cresceu, o PT conta com quatro cadeiras. O PP tem duas vagas e compõe a base de governo. Outros quatro partidos possuem um vereador cada, DEM e MDB (também do governo), PSB e PDT (oposição)”, salientou. O presidente da casa de leis vê o cenário, hoje, como muito positivo, acredita que os embates serão fortes e que os interesses da comunidade estarão em primeiro lugar.

Rodrigo Ferraz, líder do DEM

“As expectativas são as melhores, sabemos que a oposição ganhou força. Mas a situação tem 11 vereadores. Acredito em um mandato participativo e colaborativo. Procurar ajudar o governo e fiscalizar o trabalho do Executivo. Mas fazer uma política de construção, que seja para somar e não para dividir”, comentou Ferraz ao enfatizar que acredita que a Rainha da Fronteira vive um dos melhores momentos políticos dos últimos tempos. “O governo municipal é alinhado com o governo do Estado e com o Federal. Isso tem que ser considerado. O Governo Federal, na pessoa do presidente Jair Messias Bolsonaro prestigia muito nosso município. Já se fez presente em Bagé. Isso é muito bom para nossa sociedade”, completou.

Lelinho Lopes, líder do PT

Este vereador também falou em concordância aos demais edis da oposição, relatando que após o último pleito, a mensagem da população relativa ao Legislativo é clara. “Onde antes tínhamos um vereador do PT, agora temos quatro, sendo dois deles os mais votados da eleição. De três vereadores de oposição, agora temos cinco, podendo chegar a seis. Ou seja, os bageenses sentiram que era necessária uma oposição forte na Câmara de Vereadores, para que o Legislativo não seja um anexo do governo municipal, dizendo amém ao prefeito”, garantiu. Sobre o segundo mandato de Divaldo Lara, o vereador diz crer que o prefeito viva com o fantasma de seus julgamentos. “Depois de todas as denúncias gravíssimas que se caíram sobre ele, com três recursos ainda para serem julgados e com julgamento ainda para acontecer no Tribunal Superior Eleitoral, acredito que Divaldo tenda a ser mais cauteloso, apesar de que já podemos ter uma ideia de como será seu mandato. Logo nos primeiros atos, já vemos aumento abusivo do IPTU e das passagens de ônibus. Desejo que faça um bom governo, porque um bom governo é bom para a população de Bagé, mas ele terá resistência, sim. Como eu disse, o recado da população é claro. Os bageenses optaram por reeleger Divaldo e se respeita a decisão democrática, mas também foram eleitos cinco vereadores de oposição, além do vereador Caio, que não faz parte da nossa bancada, mas que tem uma história de comprometimento com a população e que não creio que cederá a qualquer pressão do governo, mantendo sua postura crítica. Estaremos atentos na fiscalização dos atos do prefeito. Por mais que, em nome do bem-estar do povo, se deseje sucesso à sua gestão, não esquecemos as diversas denúncias e condenações de Divaldo, então, mais do que nunca, estaremos fiscalizando. Pontuaremos cada ato de governo. Tudo que estiver de errado, irregular ou ilegal, terá nossa denúncia”, encerrou Lelinho Lopes.

José Luís Alves Oliveira (Nego Zeca), líder do MDB

Este vereador não quis falar por meios eletrônicos. Então, a reportagem entrou em contato com sua assessoria de imprensa que explicou, Oliveira somente responderia os questionamentos pessoalmente. Cabe ressaltar que estamos evitando entrevistas presenciais devido a pandemia do novo Coronavírus. Isso por precaução de nossa equipe e de toda a população que, de alguma forma, precisamos ter contato presencial. Por este motivo, não conseguimos o posicionamento do vereador Nego Zeca.

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