AUXÍLIO 24 HORAS

Ligação para prevenção do suicídio agora é gratuita para todo o país

cvv_1_origDesde o último domingo (1º), as campanhas de prevenção do suicídio ganharam um novo aliado em todo o Brasil. Trata-se da gratuidade da ligação nos serviços de apoio emocional disponibilizada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV). Agora a ajuda está disponível 24h através do número 188.

Em atividade há 55 anos, o Centro de Valorização da Vida é uma associação civil sem fins lucrativos que presta auxílio por meio de voluntários que atendem todas as pessoas que querem e precisam conversar. A ligação gratuita começou a ser implantada em Santa Maria (RS), há quatro anos, após o incêndio na boate Kiss.

Por meio do número, pessoas que sofrem de ansiedade, depressão ou que correm risco de cometer suicídio conversam com voluntários da instituição e são aconselhados.

De acordo com o Ministério da Saúde, a ação faz parte do plano de metas para diminuir as taxas de suicídio no Brasil em até 10% até 2020. Antes o serviço era prestado pelo número 144 e a ligação era cobrada.

O suicídio é um fenômeno que ocorre em todas as regiões do mundo. Estima-se que, anualmente, mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio e, a cada adulto que se suicida, pelo menos outros 20 atentam contra a própria vida. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio representa 1,4% de todas as mortes em todo o mundo, tornando-se, em 2012, a 15ª causa de mortalidade na população geral; entre os jovens de 15 a 29 anos, é a segunda principal causa de morte.

Psicóloga fala sobre o tema e diz ser necessário quebrar tabus

O jornal Tribuna do Pampa contatou com a psicóloga Naiara Martins, de Hulha Negra, para conversar sobre o tema. Quando questionada sobre a disponibilidade do número 188 de forma gratuita, a psicóloga diz acreditar ser uma ferramenta positiva, pois em muitos casos as pessoas sentem vergonha de conversar sobre o assunto, ou medo de procurar ajuda. “A pessoa tem medo de ser julgada pelos demais, das pessoas não acreditarem.
Em cidades pequenas como a nossa, todos sabem quem são os profissionais do Cras e do hospital, por exemplo, e com isso, ficam com medo de julgamentos. Esse número tem como função, de forma anônima, tu colocar esse sentimento para fora, os planos suicidas. É como se fosse um atendimento de urgência, um alívio sem sair de casa e a qualquer horário”, afirma Naiara.

Solicitada pelo TP a citar características que possibilitem identificar a pessoa está passando por um momento difícil e pode vir a atentar contra a própria vida, ela explica que cada pessoa tem um perfil. “Normalmente a pessoa quer acabar com a dor, tem o sentimento de não conseguir mais nada e que o suicídio é o último recurso. Ele pode estar se sentindo isolado, sem capacidade e não necessariamente morar sozinho. Acontece muito em famílias com um grande número de pessoas. LGBTs são outro exemplo. Muitos acham que a família não vai aceitar, que terão que sair de casa, que está cometendo um pecado”, expõe Naiara.

Ainda assim, a profissional diz ser necessário prestar atenção para pessoas que estão se isolando ou falam muito sobre suicídio, pois é uma forma de estar solicitando ajuda. Ela também faz referência para os casos de pessoas com transtorno de estresse pós traumático, que é reviver um fato traumático muitas vezes, seja com lembranças ou sonhos. “É importante as pessoas conversarem sobre o assunto, quebrar esse tabu de que não pode ser conversado. Temos que conscientizar e estimular a prevenção”, conclui a psicóloga.

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