PÁSCOA 2022

Mercado da produção do chocolate artesanal cresce na região

Jornal conversou com confeiteiras de ovos de chocolate, que contaram suas histórias e trabalhos

Chocolate produzido em casa tem ganhado espaço nos últimos anos Foto: Silvana Antunes TP

O Domingo de Páscoa é considerado mágico nas famílias. É o dia da espera do “Coelho da Páscoa” e do chocolate, principalmente os ovos. De tamanhos e sabores diferenciados, os ovos, bombons, pirulitos e uma infinidade de produtos de chocolates, costumam fazer a alegria não só das crianças, mas de pessoas de todas as idades que esperam sempre ganhar um mimo.

Nas semanas que antecedem a data, que neste ano será no próximo domingo (17), supermercados, propagandas nas mais diversas mídias e vitrines se voltam com motivos de coelhos de chocolates para lembrar a data. A instigação para a aquisição dos produtos também permanece constante por parte dos empresários, até para a venda de outros tipos de presentes.

A economia é fomentada no período, assim como em outras datas comemorativas, pois o comércio aproveita para alavancar as vendas. Porém, um ramo que tem ganhado destaque ao longo dos anos, é o do trabalho autônomo. Mais pessoas passam a confeccionar produtos e comercializar chocolates artesanais.

O Tribuna do Pampa conversou com confeiteiras de Candiota, Hulha Negra e Pinheiro Machado, que falaram sobre o trabalho e comercialização em 2022.

As confeiteiras e suas histórias

PINHEIRO MACHADO – Carina Gomes de Azambuja, 34 anos, contou ao jornal que já trabalha há três anos com confeitaria e produção de chocolate artesanal. A confeiteira contou ao TP que a produção surgiu de uma necessidade pessoal e hoje é sua fonte de renda. “Não tinha ideia de seguir nos doces, mas então me vi em uma situação que precisava de uma mudança de vida, pois havia saído do emprego e trabalhava como doméstica, pois não acreditava que pudesse fazer outra coisa. Então, um dia resolvi fazer umas trufas e brigadeiros que ficaram ruins, mas mesmo assim vendi todos. A partir daí, comecei a fazer pesquisas, testar receitas e surgiram os clientes. Entrei no mundo da confeitaria, descobri maravilhas feitas em chocolate e me apaixonei. Hoje tenho curso na área, ensino minha sobrinha que já me ajuda em datas comemorativas e digo que minha escolha foi ser confeiteira com muito orgulho e quando olho para trás só consigo sentir gratidão”, contou Carina.

Quanto a produção de Páscoa, ela disse que o mais pedido é o ovo de colher, mas que também tem trabalhado com festa na caixa, mini bolos, e kit para aniversário em casa.

Carina Azambuja trabalha há 3 anos na área Foto: Divulgação TP

CANDIOTA – O jornal conversou com duas confeiteiras de chocolates para a Páscoa, Sonia Massirer Ferreira, da sede do município, e Emily Corrêa, do bairro João Emílio.

Trabalhando com chocolate artesanal pelo terceiro ano, Sonia Ferreira, 39 anos, contou ao jornal ter começado no ramo após ter a idéia de fazer ovos de colher para a família. “Compramos no mercado ovos e achei muito caros. Conversamos eu e meu marido, e decidi tentar fazer para nós. Porém, pessoas mais próximas viram e pediram para eu fazer para eles também, o que resultou na produção de quase 60 ovos de colher naquele ano. A partir daí fui fazendo pesquisas e a demanda de pedidos aumentando”, relatou.

Questionada pelo jornal acerca do fator econômico, Sonia conta ser importante por se tratar de uma renda extra. “É um período marcado pela oportunidade de um dinheiro a mais em nossa família”, destacou Sonia que disse que as principais produções são ovos de colher artesanal com chocolate nobre. Ela, porém, contou trabalhar com ovos tradicionais e barras recheadas.

Sonia Ferreira começou no ramo ao fazer teste para a família Foto: Silvana Antunes TP

Com trabalho mais recente na área, a jovem de 19 anos Emily Corrêa contou ao TP ter começado a fazer chocolate artesanal em 2020 a partir da vontade de empreender em algo que ela tivesse talento. “Sempre gostei muito de culinária e certo dia apareceu uma recomendação de vídeo no YouTube, ‘como ganhar dinheiro vendendo ovos de Páscoa’. Comecei a olhar vários vídeos do mesmo tema e fiquei super empolgada, foi quando pensei: – ‘Humm…porque eu não começo a trabalhar com chocolates na Páscoa?’. Contei a ideia para os meus pais que sempre me apoiaram muito desde o princípio. Comecei a estudar bastante pra poder dominar o assunto, aprendi a trabalhar com chocolate, receitas novas, organização, gastos e lucros e formas de vender. Dessa forma comecei a concretizar minhas ideias e desde então sigo nesse ramo de doceira todos os anos em época de Páscoa, pois sou apaixonada e sempre fico orgulhosa pelo meu trabalho”, contou a jovem.

Questionada pelo jornal acerca do fator econômico com a produção de chocolate artesanal, Emily destacou que os lucros são ótimos. “Vale muito a pena. Apesar de estarmos vivendo tempos difíceis e de crise, meu objetivo inicial sempre foi, vender de uma forma que me desse lucro mas sempre prezando para que fosse um valor acessível às pessoas”, contou, acrescentando que as principais produções são os ovos de colher, com um cardápio repleto de sabores para todos os gostos, além de cestinhas artesanais kids, contendo coelhos de chocolate e trufinhas, corações lapidados recheados e combos de trufas.

Emily trabalha com ovos de colher e outros produtos Foto: Divulgação TP

HULHA NEGRA – No município, o jornal conversou com Camila Pereira Cougo Barreto, 30 anos, moradora do interior do município, no assentamento Estância Velha. Ela contou ao jornal ter começado a trabalhar com chocolate artesanal há cinco anos. “Nossa família trabalha com tambo e a bacia leiteira está em crise há vários anos, com baixos preços. Como eu precisava tirar uma renda extra mensal e gostava de culinária, surgiu a ideia de fazer chocolate. Na primeira Páscoa que anunciei já fiz 65 ovos de Páscoa. As pessoas começaram a gostar e virou tradição, todos os anos trabalho com o chocolate”, contou.

Camila Barreto também apostou nos chocolates com símbolos da Páscoa Foto: Divulgação TP

Ainda segundo Camila, os pedidos neste ano foram encerrados no início da semana, sendo os principais pedidos por lembrancinhas evangélicas compostas por ovelhinhas, castiçais, cruz e cacho de uva, além dos ovos de colher e cestinhas com preços acessíveis. “Sabemos que com a crise da pandemia nem todos estão com condições de algo a mais, por isso comecei com antecedência a fim de conseguir preços bons para meus clientes”, relatou a confeiteira que também trabalha com pizzas para integrar a renda familiar e tem o sonho de construir uma cozinha para seus trabalhos.

Camila também produziu chocolates com motivos que fazem referência a Páscoa Foto: Divulgação TP

A opinião do consumidor

O TP conversou com duas clientes que dizem preferir o chocolate artesanal. De Candiota, Ane Lopes contou ao jornal preferir os chocolates artesanais por achar melhores. Ela também fez referência ao valor e apresentação dos produtos. “São maravilhosos, e em comparação com os ovos de mercado o valor é melhor, sem contar o sabor do chocolate artesanal que não tem comparação. Vejo também uma forma de apoiar as pessoas que fazem uma renda extra na Páscoa. Já é o terceiro ano que compro com a Sônia Ferreira, e quem compra uma vez com ela vira cliente sempre, porque são deliciosos os ovos, trufas, e as barras recheadas então, são viciantes. Tudo feito com muito capricho, bem decorados os ovos de colher que dá até pena de comer. Sem contar no ótimo atendimento dela, sempre fazendo o melhor pelo cliente”, relatou Ane ao jornal.

A reportagem também conversou com Tamiris Schneider, de Hulha Negra, que disse ter receio anteriormente, mas após experimentar produtos da Camila Barreto gostou bastante e passou a preferir o chocolate artesanal. Ela especificou alguns fatores. “Primeiro o preparo, por confiar na Camila que faz tudo com muita higiene, atenção e produtos de qualidade, sem conservantes; segundo o sabor, pois tenho a oportunidade de solicitar do gosto de preferência da minha família, pois no comércio nem sempre encontraremos como gostamos. Capricho no trabalho é importante, é tudo muito bem feito, rico em detalhes que chamam a atenção da gente. O preço também é incomparável. Fiz uma pesquisa de preços com os comercializados em mercados e vou comprar um artesanal praticamente pela metade do preço. É um grande diferencial e desta forma estou ajudando ela como empreendedora”, contou Tamiris, acrescentando que se encontrou neste tipo de chocolate por “alemão gostar de misturar sabores e por poder adquirir um produto bem feito no interior do município, o que torna acessível”.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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