DIA DO COLONO E MOTORISTA

Miguel das bergamotas: da moradia em barraca a uma vida estabilizada em Candiota

Na quinta-feira (25), foi comemorado em todo o Brasil o dia do colono e o dia do motorista, duas importantes e fundamentais profissões. O dia do colono é uma data de celebração para todos que há gerações plantam alimentos que vão chegar a mesa das pessoas e gerar o sustento de inúmeras famílias. O dia do motorista é comemorado no Dia de São Cristóvão, santo católico considerado padroeiro dos motoristas no Brasil. A data presta homenagem àqueles que vivem pelas ruas, estradas e rodovias, transportando passageiros, insumos originários do campo ou para geração de energia e desenvolvimento, pacientes para consultas na área da saúde, ou até mesmo atuam de forma ágil em prol de uma vida. Outra data que é importante lembrar é o dia do agricultor, celebrada em 28 de julho, próximo domingo, criada em razão de ter sido nesse dia, em 1960, a fundação do Ministério da Agricultura, no mandato de Juscelino Kubitschek.

Para marcar a data, o Tribuna do Pampa traz a história de produtores e motoristas que, diariamente, dão suas contribuições nas duas áreas. Confira a seguir:

Casal se mudou para Candiota em 1989 Foto: Silvana Antunes TP

Naturais da cidade de Redentora, município localizado no norte do Estado, na microrregião de Três Passos, Miguel Arcanjo Poloni Peixoto e a esposa Solange da Silva Peixoto, ambos 58 anos e moradores do assentamento Nossa Senhora Aparecida, são outros exemplos de que o trabalho sério é capaz de gerar ótimos resultados.

Conhecido atualmente como Miguelzinho ou Miguel das bergamotas, ele chegou em Candiota em 1989 junto a esposa e um dos filhos em busca de uma vida mais estabilizada há 35 anos. Atualmente, o casal tem três filhos e quatro netos. Conforme ele contou a reportagem do TP nesta semana, na época, o governo comprou a terra e eles foram encaminhados para Candiota. “Não foi fácil, de início trabalhávamos na enxada, não tínhamos tração animal, máquinas, nada, era tudo no braço. Não tinha casa, era tudo mato ou campo. Moramos durante um tempo em uma barraca dessas de praia estilo casinha. Usávamos pra dormir, porque era muito pequena e de dia ficávamos do lado de fora. Só depois de um tempo que consegui fazer um barraco de capim, Santa Fé, onde moramos por mais uns quatro anos até que o governo mandou tábuas e fizemos uma casa de madeira. Somente depois de alguns anos é que conquistamos essa casa atual”, contou Miguel.

Ainda sobre as dificuldades enfrentadas no local, ele citou falta de transporte e o ganho de confiança por parte de quem já residia na cidade. “Candiota era uma Vila. Ninguém conhecia a gente e muitas portas se fechavam. Só não pensei em desistir porque não tinha outro local pra ir. Íamos a pé até a vila, 6km de ida, mais 6 de volta para comprar comida, colocava num saco e trazia nas costas. Depois usamos carroça de boi, mas foi um tempo que passou, hoje temos nosso carro, tudo é fácil e acessível”, contou.

Questionado acerca da forma de sobrevivência logo após a chegada na cidade, o produtor contou que o sustento era de todas as formas. “A gente trabalhava de peão, carpia pátio, quebrava milho, plantava cebola para outros produtores. Em 1992 começamos a plantar, com uma parceria com a Isla sementes, cenoura, coentro, repolho, pepino, melancia, quiabo, flores. Essa parceria durou 18 anos, era de onde saía nosso sustento, plantávamos e vendíamos”, lembrou.

 

FRUTAS

Miguel contabiliza um pomar de cerca de 400 pés de árvores de frutas cítricas Foto: Silvana Antunes TP

Miguel, que atualmente contabiliza um pomar com cerca de 400 pés de árvores frutíferas como bergamota, laranja e limão, tira das frutas cítricas uma grande fonte de renda. “Hoje as frutas são comercializadas no mercado local e fruteiras de Bagé”, destaca.

O produtor contou ao jornal que está em processo de legalização e implantação de uma agroindústria de sucos e vinhos. Na propriedade há um parreiral de em torno de 700 pés de uvas. De acordo com Miguel, o local é mais uma forma de melhorar e diversificar o trabalho na propriedade, além da realização de um sonho. “Começamos a plantar uvas e precisamos industrializar o suco. Já fizemos alguns testes, investimentos com aquisição de equipamentos e agora aguardamos a legalização, que esperamos que seja breve”, disse Miguel.

35 ANOS

À reportagem, o produtor, que concedeu entrevista ao lado da esposa Solange, fez uma avaliação acerca do período em que já reside em Candiota. Eles disseram já se considerarem candiotenses. “Valeu muito a pena ter vindo pra cá. Aqui é o lugar do pobre, tu vive com bastante e com pouco. O que tu produz, tu vende. Há carência de frutos aqui na cidade e região, pois elas vem de muito longe. Valeu a pena vir para Candiota”, afirmou Miguel.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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