Começa neste domingo (1º) a programação alusiva as comemorações da 60ª Festa da Imaculada Conceição em Candiota, padroeira da cidade desde o início em 1993. Será uma semana de atividades que vão desde missas a procissões e reuniões dançantes, que se encerram no domingo, dia 8 de dezembro, dia da padroeira.
Para o frei Tiago Frey, pároco da igreja sagrado Coração de Jesus, “completar 60 anos da Festa da Imaculada Conceição, padroeira de Candiota é dizer um muito obrigado a todas as pessoas que cooperaram para que chegássemos a essa data. É ver com alegria toda a festividade nesta semana. E olhar com muita esperança para o futuro, pois ‘com a Imaculada Conceição, somos peregrinos de Esperança’”.
LOGOMARCA
Para os 60 anos da festividade foi pensada uma logomarca que ressaltasse esse jubileu de diamante da sexagésima edição da Festa da Imaculada Conceição (1964-2024). A imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição na parte central, revela a devoção ao redor de Nossa Senhora, Mãe de Deus. Ela está ao lado da imagem da Usina de Candiota que ressalta o trabalho da população. Também presente, a uva revela o potencial da viticultura, que através das mãos do sacerdote na missa, o consagra e o torna sangue de Cristo. Do outro lado, a oliveira, revela o potencial da olivicultura na região e lembra que o azeite de oliva se torna o óleo consagrado para o sacramento do Batismo, da Crisma e da Unção dos Enfermos.
PROGRAMAÇÃO
* Dia 1º: 9h – missa de abertura
* Dia 2: 19h – missa do tríduo
* Dia 3: 19h – missa do tríduo
* Dia 4: 19h – bingo beneficente no Salão da Comunidade
* Dia 5: 20h – procissão motorizada com saída do ginásio Lucas Porciúncula
* Dia 6: 20h – caminhada luminosa (cada pessoa leva sua leva), com saída também do ginásio
* Dia 8: 10h – missa festiva 60 anos; 12h – almoço no salão da comunidade; 14h – bênção da saúde; 14h30 – apresentações culturais; 15h – reunião dançante com o musical RGV Animação. No dia 8 também acontece a 3ª Feira do Comércio de Natal da Acisa/CDL de Candiota, na área externa do salão da comunidade.
60 anos de festa, um pouco de história
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Uma das procissões realizadas durante a festa e Imaculada ao longo dos 60 anos Foto: Dirceu Duarte - arquivo de J.H. Dill/Especial TP
A primeira reunião para fundação da Comunidade Católica aconteceu em 7 de setembro de 1961. Segundo os registros várias pessoas se reuniram com a finalidade de fundarem uma capela na localidade de Dario Lassance, hoje sede de Candiota. A primeira missa foi rezada pelo padre José Mack filho, nas dependências da escola.
Nos folders distribuídos durante as Festas da Imaculada, encontram-se algumas linhas da ata daquela época: “No dia 04 de abril de 1964, reuniu-se a 1ª diretoria da Comunidade Católica de Dario Lassance, para organizarem a 1ª Festa, que realizou-se nos dias 02 e 03 do mês de maio do mesmo ano, cujo lucro reverteu na compra de tijolos para a construção da Igreja Imaculada Conceição”.
Durante os primeiros anos foram se realizando quermesses em prol da construção da futura Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, onde atualmente está localizado o Salão da Comunidade Imaculada Conceição.Em torno do ano de 1966, um grande vendaval derrubou a construção da nova igreja. O sonho da Comunidade havia retrocedido, mas nem o vendaval, impediu que a espiritualidade continuasse viva na vida das pessoas. Assim, os sacramentos: Batismo, Primeira Eucaristias e Crismas, eram realizadas no galpão de madeira.
Ao passar do tempo começou a construção de uma nova igreja e no dia 10 de dezembro de 1972, foi inaugurada a Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, localizada na praça de Dario Lassance. E o nome da padroeira foi escolhida devido uma grande parte da população serem devotas de Imaculada Conceição. Neste período de 1972 a 1982 (ano de Fundação da Paróquia de Candiota) a Comunidade foi atendida pela Paróquia São José, de Hulha Negra. Neste período houve o atendimento pastoral de padres diocesanos, frei capuchinho e de irmãs.
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Primeira construção da igreja que foi destruída pelo vendaval Foto: Dirceu Duarte - arquivo de J.H. Dill/Especial TP
Com a fundação da Paróquia Sagrado Coração de Jesus de Candiota em fevereiro de 1982, os sacerdotes se tornam mais familiares do povo, pois residem na casa paroquial, situado na Vila Residencial. A visita do bispo à Paróquia de Candiota, faz com que mais frequentemente esteja na Comunidade Imaculada Conceição. A presença do episcopado fez e faz parte da história da Comunidade. São lembrados Dom José Gomes (até o ano de 1968), Dom Angelo Félix Mugnol (1968-1982), Dom Laurindo Guizzardi, CS (1982-2001), Dom Gílio Felício (2002-2018) e Dom Frei Cleonir Paulo Dalbosco (2018 até os dias atuais).
Já na década de 1990, a criação do município de Candiota no dia 24 de março de 1992, fez com que se pensasse numa padroeira ao todo do novo município da Campanha Gaúcha. E isso, vai se concretizar no ano de 1993, sendo a Nossa Senhora Imaculada Conceição, padroeira da cidade. Além disso, foi decretado feriado municipal no dia 8 de dezembro. A partir daí, a festa começa a ter uma amplitude maior.
Na virada para o novo milênio a igreja trabalhou o tema “Rumo ao novo milênio” e a comunidade da Imaculada Conceição participou de diversas atividades para que este tema fosse desenvolvido, rezado e participado. Além disso, inúmeras atividades aconteceram: missões populares, sacramentos, missas, orações do terço, reuniões do conselho da comunidade.
Em 2005 acontece a troca de Congregações para o atendimento pastoral da Paróquia de Candiota, quando se despedem os Padres Scalabrinianos e assumem o trabalho pastoral os Freis Franciscanos (Ordem dos Frades Menores – OFM). Também acontece a mudança da Casa Paroquial para a sede do município.
Com isso, a Comunidade ganha um novo impulso, pois agora os freis moram na comunidade, as missas são celebradas quintas-feiras e domingos, a celebração de Corpus Christi começa a ser celebrada mais intensamente, os atendimentos das pessoas são feitas na Comunidade Imaculada Conceição.
Com a chegada dos Freis Franciscanos em Candiota, começa a se desenvolver um trabalho pastoral voltado a espiritualidade franciscana e a devoção a Maria, juntamente com o dogma da Imaculada Conceição defendida pelo franciscano Beato João Duns Scotus.
No ano de 2020, o mundo é surpreendido pela pandemia da Covid-19, também a Festa da Imaculada ocorre de outra forma, para se adaptar à realidade de pandemia que está ocorrendo. Neste ano não ocorreu a caminhada luminosa e sim, a procissão motorizada, com a bênção dos veículos – nasce uma nova atividade da Festa da Imaculada na pandemia da Covid-19, a procissão motorizada com a bênção dos veículos.
A Comunidade da Imaculada Conceição foi sendo construída pelas “mãos” do povo de Deus, dia após dia, ano após ano, década após década. Os 60 anos da Festa da Imaculada Conceição são uma construção da história, juntamente com as “mãos” do povo de Deus, que aos pés de Nossa Senhora da Imaculada Conceição colocam seus problemas, desafios, alegrias e sonhos realizados. Que a celebração dos 60 anos nos ajude a fortalecer a evangelização e que o sim de Maria, possa ser o nosso sim em prol da Comunidade da Imaculada Conceição.
O depoimento de quem fez parte desta história
Padre Frei Leonel Moisés da Silva, OFM
“Saudações ao povo de Candiota e da região. Em Candiota, a Festa da Imaculada Conceição sempre foi uma marca importante no município e na região, resgatando valores e promovendo a comunhão fraterna com o povo de Deus. De 2006 a 2010, tempo que estive em Candiota, toda preparação que antecedia o dia da festa, acontecia através do tríduo, procissão luminosa e oração do Santo terço. No dia da Imaculada Conceição de Maria, dia da festa, missa solene, almoço festivo e muitas atrações. Que Nossa Senhora da Imaculada Conceição, interceda por todas as comunidades e famílias junto de Deus Pai. Paz e Bem!”.
Cenira Vaz Langort
Cenira acompanha e participa da Comunidade Imaculada Conceição há 52 anos. Ela relembra que se vivia de modo simples e com uma vida modesta. “A Festa nos seus primórdios era realizada no salão, que era um piso de chão e o telhado de palha. Além disso, se realizavam quermesses. Naquela época, haviam diversas brincadeiras como pescaria, cadeia do amor, corrida do ovo e corrida do saco. Naquela época, a estrutura da Igreja era bem pequena, quase menos da metade da Igreja atual. Não havia praça, existia as ruas e um descampado à frente. Além do mais, ficava perto da CRM (Companhia Riograndense se Mineração). Naquela época havia um pré-conceito, aonde havia um muro que separava as vilas. Dessa maneira, a capelinha de Nossa Senhora da Conceição fazia a visita na casa das famílias dos dois lados da cerca. Além disso, a imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição visitava a Mina de Carvão”.
Ela também relembra que certo dia estava lavando a casa e chegou para visita o monsenhor Pedro, que tirou as sandálias e ajudou a lavar a casa. “Gesto bonito que o padre realizou”, disse Cenira.
O sentimento de Cenira é de gratidão. “Tudo o que a gente pede a Nossa Senhora, ela ajuda e retribui. Nossa Senhora é tudo! Muitas vezes, no tempo de provação, a Nossa Senhora intercede e ajuda a iluminar o caminho. As promessas mais difíceis foram feitas diante de Nossa Senhora, ela conhece a gente e nos conduz para a resolução de problemas. São muitas graças alcançadas!”.
Sermão de padre durante procissão foi decisivo para derrubada da ‘cerca da vergonha’
O historiador e professor de Candiota Tailor Lima, autor do livro “Candiota – Terra de riquezas, lutas e conquistas”, que acompanha diversos momentos históricos da cidade, traz em sua obra um relato sobre a derrubada da ‘cerca da vergonha’ – uma divisória de arame que na década de 70, separava as comunidade Vila Airton e Dario Lassance.
“Uma alta cerca de arame impedia que os cidadãos candiotenses circulassem plenamente livres entre os loteamentos. Com três cancelas, ao longo de toda linha de extensão, era impossível passar de bicicleta, cavalo ou cadeiras de rodas, só sendo possível fazendo uma volta de cerca de um quilômetro e acessando pelo pórtico de entrada da CRM”.
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Imagem retirada do livro escrito por Tailor mostra onde estava localizada a cerca da vergonha Foto: Reprodução TP
Tailor participou de uma procissão e era vice-presidente da Comunidade Católica Imaculada Conceição na época e presenciou o fato que mudou essa realidade. “Em dezembro de 1984, durante a procissão de Nossa senhora Imaculada, no trajeto da Mina até a praça, junto a ‘cerca da vergonha’, em fila indiana, padre Firmino Dalcin fez um sermão pregando a união, igualdade e solidariedade. Após, as ruas de ambos os lados se juntaram, as distâncias diminuíram e depois a cerca deixou de existir, não só fisicamente, mas também simbolicamente, fortificando as relações familiares, sociais, religiosas, esportivas e profissionais entre as pessoas”.
Bispo fala sobre a padroeira e a festividade
A paróquia Sagrado Coração de Jesus, de Candiota, é vinculada a Dicese de Bagé, que tem a frente o bispo Dom Frei Cleonir Dalbosco. A comunidade da sede do município leva o nome de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, que também é padroeira da cidade.
À pedido do TP, o bispo falou sobre a presença da Nossa Senhora da Imaculada Conceição na fé popular. “É uma das devoções mais populares e reverenciadas no catolicismo. A devoção popular a Nossa Senhora da Conceição é uma expressão de amor, gratidão e confiança na intercessão da Virgem Maria, buscando sua proteção, orientação e ajuda em momentos de necessidade”.
Quanto à devoções e práticas, o bispo cita a Consagração à Imaculada Conceição, vestir azul, cor associada à Virgem Maria e usar o escapulário da Imaculada Conceição; já no simbolismo, Dom Frei Cleonir destaca a pureza e a castidade, a proteção e a intercessão, e a esperança e a salvação. Ele ainda lembra que Nossa Senhora da Conceição é venerada como Mãe de Deus, Rainha do Céu, Advogada dos pecadores, Protetora da família e modelo de virtude e santidade.
VISÃO DA FESTIVIDADE
O TP perguntou ao bispo como o Episcopado enxerga a trajetória da comunidade ao longo de 60 anos comemorando a festividade.
“Quando olhamos a história construída nestes 60 anos, recordamos quantas vidas foram cuidadas, promovidas nesta história. De modo muito especial, recordamos toda dimensão religiosa, os sacramentos. Boa parte do povo católico de Candiota, nestes sessenta anos foi batizado, fez a catequese, recebeu os sacramentos. E hoje na família e na comunidade, continuam com esta linda missão. A história construída contou com muitas lideranças, sacerdotes, religiosos e religiosas, especialmente nas pastorais, movimentos, na catequese e nos conselhos. Então, recordar a história é recordar pessoas e recordar o dinamismo de uma comunidade, que cuida da vida, da espiritualidade, das boas relações do seu povo; e que sempre e cada dia aumenta sua fé, a sua esperança e seu amor. Nos 60 anos de história da comunidade louvamos e agradecemos a Deus por tantas pessoas que doaram seu tempo, suas forças, seu conhecimento para essa comunidade estar viva e vibrante nos dias de hoje”.
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Bispo (D) na festividade de 2023 ao lado de frei Tiago Foto: Arquivo Paróquia/Especial TP
MENSAGEM DO BISPO
Dom Frei Cleonir deixa uma mensagem para a 60ª Festa da Imaculada Conceição. “Com muita alegria e gratidão quero cumprimentar toda comunidade Nossa Senhora da Conceição, juntamente com os freis Tiago (Pároco) e Paulo (Vigário paroquial) e todas as lideranças das pastorais e movimentos, deixar uma mensagem de fé, esperança e amor. E ao mesmo tempo uma palavra de gratidão, por tantas coisas que acontecem nesta comunidade. Que Deus continue abençoando e protegendo a todos, por intercessão de Nossa Senhora da Conceição, que nunca vos falte o afeto, a ternura da mãe de Deus! Meu abraço e minha bênção episcopal!”.
Colaboração frei Tiago
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*