MANIFESTAÇÕES

Mulheres e sociedade de Candiota se mobilizam na luta contra a violência doméstica

A cidade assistiu no penúltimo sábado (10), duas caminhadas pelas principais ruas do centro, chamando a atenção para a violência de gênero

Durante a manhã, grupo vestiu preto na manifestação Foto: J. André TP

O episódio ocorrido na tarde do dia 5 de maio, no início da tarde daquela segunda-feira, deixou a comunidade candiotense sobressaltada e chocada com um caso de violência contra a mulher.

Um homem, que se suspeita ser o ex-companheiro da mulher, disparou com uma arma de fogo contra ela em plena luz do dia e na rua. Mais que isso, próximo a uma escola. Três disparos a atingiram. Ele fugiu no carro da própria vítima, segundo as investigações. Felizmente, nenhuma das balas atingiram órgãos vitais e ela, depois de dois dias hospitalizada, já está em casa e em segurança. O acusado foi preso e está à disposição da Justiça.

O fato gerou comoção e revolta, especialmente no público feminino, que se organizou em manifestações. Antes, a própria escola Dario Lassance, cuja comunidade escolar praticamente presenciou o triste episódio, já havia feito um protesto com alunos, professores, funcionários e sua direção.

Na manhã do último sábado (10), organizada pela Secretaria da Mulher, LGBTQIA+ e Igualdade Racial, com o apoio do gabinete da vereadora Hulda Alves, uma caminhada de protesto saiu da frente da Prefeitura e foi até a praça central. O evento teve a participação da Brigada Militar, com Patrulha Maria da Penha, de Bagé.

Soldados Tayciane Boteselle e Denis Caldas, da Patrulha Maria da Penha, acompanharam a caminhada realizada pela manhã

FIOS DE LUZ E SOCOS NA CARA

Durante o ato, já na praça, a secretária da Mulher de Candiota, Juliana Baumbach, assinalou que o episódio ocorrido no centro da cidade, infelizmente não é tão raro assim. Ela relatou as dificuldades que as mulheres têm em romper o ciclo de violência a que são submetidas. Para ilustrar, ela lembrou um caso concreto atendido pelo órgão, onde a mulher era amarrada com fios de luz, tinha sua cara esbofeteada, mas se sujeitava para garantir uma televisão, um teto e alimento para seus filhos. “Quando lutamos, estamos defendendo as crianças e a sociedade como um todo, não apenas as mulheres. Estamos garantindo a nossa Constituição, no que tange a dignidade humana. A nossa causa é todo ser humano, porque onde uma pessoa está sendo violentada, nosso olhar deve ser de empatia”, afirmou.

Caminhada da tarde foi finalizada em frente a escola Dario Lassance

PATRULHA

Os integrantes da Patrulha Maria da Penha de Bagé, soldados Tayciane Boteselle e Denis Caldas, acompanharam a manifestação no sábado pela manhã. O TP conversou com a soldado Tayciane, que explicou um pouco o trabalho desenvolvido na cidade vizinha. “Nós trabalhamos no pós-ocorrência. Fazemos o acompanhamento das vítimas após o fato. Damos um suporte para esclarecer dúvidas e os direitos, para oferecer um apoio. A gente tenta, acima de tudo, um trabalho de conscientização e de suporte para que essa vítima saiba que ela pode sair desse ciclo de violência. Temos muitas dificuldades e desafios no trabalho, inclusive de compreensão da sociedade como um todo. Esses manifestos fazem com que a população veja e dê a devida atenção para as situações de violência doméstica”, afirmou ela.

À tarde, outro grupo vestiu branco em manifesto

PELA VIDA DAS MULHERES

Já no sábado à tarde, uma quantidade expressiva, especialmente de mulheres, mas também de homens e crianças, se reuniu inicialmente em frente à Delegacia de Polícia da cidade. Dali, o grupo organizado de forma autônoma e pelas redes sociais, saiu em caminhada silenciosa, portando uma série de cartazes e faixas, pedindo o fim da violência contras as mulheres, pela preservação de suas vidas e por justiça. Ao fim, depois de percorrerem também as principais ruas do centro, a manifestação chegou em frente à escola Dario Lassance, quando entoaram palavras de ordem e foi feita oração coletiva.

 

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