CHUVAS RS

Municípios da região sofrem com perdas no setor agropecuário

Infraestrutura de estradas do interior também foi afetada pelo grande volume de chuvas no mês de maio

Chuva afetou maturação dos grãos da soja Foto: Divulgação TP

A situação vivenciada pelos municípios da região de cobertura impressa do TP é bastante preocupante no que se refere a área rural. Problemas em estradas e perdas nas produções, ocasionadas pelo grande volume de chuvas que atingiu o Estado no mês de maio causando a maior catástrofe climática já vivenciada pelo Rio Grande do Sul, mudou a rotina das comunidades e dos produtores, levando os municípios a emitirem decretos de emergência.

O jornal contatou com Secretarias de Agropecuária dos municípios e técnicos da Emater para buscar informações sobre a realidade vivenciada em Candiota, Hulha Negra, Pedras Altas e Pinheiro Machado.
CANDIOTA
Conforme o extensionista da Emater de Candiota, Matheus Caetano, o município está sentindo os efeitos das chuvas excessivas no setor agropecuário. Segundo análise, as perdas mais significativas ocorrem nas culturas da soja e milho, sendo ambas extremamente importantes para a economia do município. “No período de plantio nos meses de novembro e dezembro de 2023, tivemos chuvas acima da média, ocasionando replantes. Em fevereiro de 2024 começou a uma forte estiagem, atingindo as lavouras desde o desenvolvimento vegetativo, período reprodutivo e enchimento de grãos, com perdas consolidadas. A colheita da soja, cultura com maior área plantada no município, também foi prejudicada a partir de abril com as chuvas excessivas. Há dificuldade para as máquinas entrarem em algumas áreas e o que saiu do campo foi com muita umidade. A cultura do milho que é importante para a subsistência familiar foi duramente prejudicada e muitos produtores precisaram cortar o milho para suplementar os animais. Ainda, a bovinocultura de leite está sendo prejudicada devido a redução na oferta forrageira, pois poucos produtores no município tem silagem para suplementação”.
O secretário de Agropecuária, Edgar Junior, falou sobre o problema com as estradas. “As estradas municipais e os acessos para escoar a produção durante o período de colheita estão prejudicados devido às fortes precipitações, que também causaram o rompimento de açudes recentemente construídos e outros já consolidados. Cabe destacar que o município esta desenvolvendo uma força tarefa para recuperação das estradas e acessos visando garantir a mitigação das perdas decorrentes dos da destruição decorrente das chuvas”.

O secretário ainda repassou ao TP, que atraso na implantação das pastagens de inverno devido ao excesso de umidade em abril, reduzindo a oferta forrageira e afetando a produção e qualidade do leite, causou uma perda significativa na bacia leiteira. Ele citou duas importantes cooperativas, a Cooperativa de Produção Agropecuária do Pampa Gaúcho (Coopampa) e a Cooperativa de Produção, Trabalho e Integração Ldta (Coptil).

Conforme dados divulgados pela Coopampa, a baixa produção nos primeiros cinco meses de 2024 resultou em uma perda média diária de 629 litros de leite, totalizando mais de R$ 205, 6 mil de prejuízos em 152 dias. “A falta de chuvas prejudicou o rebrote das pastagens, e os produtores também enfrentam dificuldades no transporte de leite devido a estradas interditadas. Esses desafios impactam diretamente a renda familiar e a arrecadação municipal”.

Já a Coptil relatou que as perdas em fevereiro eram em torno se 35%, mais de 72 mil litros de leite no conjunto das 120 famílias produtoras da cooperativa. Conforme os dados, em junho as perdas subiram para 50% devido ao excesso de chuvas no mês de maio, pois as pastagens de inverno não se desenvolveram, chegando as perdas em torno 83 mil litros de leite a menos mensalmente, totalizando um prejuízo em torno de R$172 mil.
PINHEIRO MACHADO
O secretário de Agropecuária de Pinheiro Machado, Térbio Gallo, disse ao TP que o registro de 925mm de chuvas entre 1º de abril e 31 de maio causou prejuízo nas lavouras de soja, feijão, milho e hortaliças, como germinação e apodrecimento no pé. “Na soja tivemos 50% de prejuízo, chegando a mais de R$ 19,5 milhões. No milho a perda foi significativa por caturrita abrindo a espiga e o excesso de chuvas, causando perdas em 415 hectares e prejuízos de mais de R$ 931 mil. No feijão perda foi quase absoluta, 95% da área. Na horticultura, a perda foi superior a 80%.  Houve perda de peso nos ovinos, e problemas de controle de carrapatos e implantação de pastagem nos bovinos de corte, além de perca de mais de 6% de peso em terneiros, chegando a um prejuízo de R$ 1,9 milhão. Na apicultura a quebra de produtividade se deve aos fatores climáticos e as pastagens de inverno no pós soja não puderam ser instaladas ou foram perdidas”, relatou o secretário, acrescentando que estava sendo contabilizada a perda de fertilidade do solo.
Térbio ainda citou problemas de infraestrutura. “As estradas ficaram destruídas, assim como cabeceiras de pontes e bueiros. O impacto financeiro é gravíssimo em toda região, com prejuízo maiores aos agricultores, e consequentemente para o município com diminuição de arrecadação, setores de agropecuária e comércio em geral”.
PEDRAS ALTAS
No município, segundo relatório enviado pelo secretário de Agropecuária, Vagner Castro, são necessários mais de R$ 3,2 milhões para recuperação de estradas, o que inclui passagens molhadas, pontes, bueiros, bem como horas de serviço de pessoal, horas de operação de máquinas assim como diversos itens necessários para corrigir o tráfego utilizando maquinários diversos. Ele também falou nas perdas do setor agropecuário. “De 26 de abril a 6 de maio tivemos uma média de 482mm de chuva junto a fortes ventos. Estamos todos muito preocupados com as perdas dos nossos produtores que já vem de anos ruins e agora com uma perca de praticamente 100% da produção. Nosso município tem como base da economia a agricultura e pecuária e a arrecadação cairá bruscamente em um momento de recuperação de praticamente todas as estradas do município, onde teremos inúmeros pontos de bueiros e pontes pra recuperar. Contamos muito com a Defesa Civil e  governos estadual e federal para ajudar tanto o nosso produtor quanto na recuperação das estradas”, destacou Vagner.

Ainda, conforme relatório, na agricultura, dados contabilizados em fim de maio, no município entre todas as culturas, os prejuízos ultrapassavam os R$ 95 milhões.

Pontos de estradas ficaram praticamente intransitáveis como neste caso em Pedras Altas Foto: Divulgação TP

HULHA NEGRA
A chefe da Emater de Hulha Negra, Suzane Xavier Cardoso relatou ao jornal a situação pós chuvas excessivas no setor agropecuário no município. “As atividades agropecuárias estão sendo afetadas pelo excesso de chuvas registrados a partir do dia 25 de abril no município de Hulha Negra, com acumulados de 591,50 milímetros até o momento. A cultura mais afetada foi a soja, sendo a principal em termos econômicos do município. Foi afetado o momento de maturação, impossibilitando a colheita no momento adequado, causando perda na qualidade e alta umidade dos grãos. A atividade de bovinocultura de leite está sendo afetada principalmente pela impossibilidade da entrada dos animais nas pastagens de inverno devido ao excesso de umidade no solo, ocasionando a diminuição na produção de leite e aumento no custo de produção com a suplementação da alimentação com ração e silagem. Ainda, há problemas na qualidade do leite que torna-se instável (LINA) o que impossibilita a entrega para indústria, aumentando as perdas. A bovinocultura de corte também está sendo afetada, devido a problemas nas pastagens por excesso de umidade do solo e causando a diminuição do ganho de peso. Para evitar mais perdas os produtores estão suplementando a alimentação com ração e silagem, mas isso aumenta o custo de produção”.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBICADO NO JORNAL IMPRESSO

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