O carvão

*Por Marco Antônio Ballejo Canto

O futuro incerto da cidade gaúcha movida ao combustível mais poluente do mundo. Esta foi a manchete de uma reportagem feita pela BBC News Brasil e também replicada em destaque no globo.com. Segundo a matéria, “usinas movidas a carvão mineral são campeãs em emissões de gases do efeito estufa”. A matéria reflete um sentimento difundido que se consolida a cada dia.

Aponta que “O Produto Interno Bruto (PIB) per capita – a soma de todas as riquezas geradas dividida pelo número de habitantes – de Candiota foi de R$ 282 mil em 2021, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Era o 20º maior do Brasil e o 3º do Rio Grande do Sul. O valor é mais do que seis vezes a média nacional, de R$ 42,2 mil”. O maior da região.

Quem observa os dados acima imagina que Candiota é um oásis de prosperidade no Sul do Rio Grande do Sul. Porém, a foto que ilustra a matéria e mostra “ruas do comércio de Candiota” evidencia que a riqueza expressa pelo PIB não chega à sociedade. A foto é deprimente e mostra uma rua mais parecida com as de uma cidade do sertão, quem sabe do agreste, quem sabe dos confins da Amazônia, onde há alguma mineração e movimento. A foto não está por acaso na matéria. Ilustra o que os repórteres pretendem dizer, ou seja, “que carvão não gera prosperidade”.

O PIB per capta de Candiota é de certa forma uma fantasia. Riqueza que não é distribuída entre os entes da sociedade. Exceto para o município, “para a Prefeitura”.

Os que atacam o carvão mineral vislumbram a possibilidade de uma vitória poética. Sabem que acabar com as usinas movidas a carvão no Brasil não mudará nada no aquecimento global. Não exagera. Está bem, mudará 0,000001% ou algo que o valha, ou seja, uma insignificância. Porém, acabar com o ponto da matriz energética, considerado o mais poluente, evidencia os “excelentes” resultados obtidos com a “mobilização” em prol da humanidade.

Candiota poderia sugerir que os administradores, legisladores, membros do Judiciário e ativistas do país estudassem o que ensinou Stephen Covey, que escreveu um livro vendido aos milhões pelo mundo: “Os sete hábitos das pessoas altamente eficazes”. Covey diria primeiramente, ‘seja pró-ativo’, faça coisas para melhorar o planeta. Segundo, ‘comece com um objetivo em mente’, vamos frear o aquecimento global produzido pelo homem. Terceiro, PRIMEIRO O MAIS IMPORTANTE. Quando todos entenderem que devem fazer primeiro o mais importante não haverá um só que vá se preocupar com o carvão mineral de Candiota.

Mas Candiota precisa se ajudar. Candiota pode ser, com a receita que tem, a cidade mais bonita e bem estruturada do Sul do Rio Grande do Sul. Não é. Os dados estatísticos mostrados neste jornal recentemente que mostram o Índice de Progresso Social (IPS) de Candiota são de passar muita vergonha, se é que ainda há quem sinta vergonha. Em nove municípios da região, Candiota tem o 5º melhor índice, com destaque para o PIB per capta. Mas em ‘oportunidades’ ficou 7º, em ‘necessidades humanas básicas’ ficou em 6º e em ‘fundamentos do bem-estar’ ficou em 7º.

Com a foto que mostra as ruas do comércio de Candiota na matéria que foi destaque na BBC News Brasil e no globo.com e com os dados sociais acima citados é e será dura a tarefa de ‘defender’ o carvão mineral como elemento de desenvolvimento regional.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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