Gustavo sempre foi muito querido por todos Foto: Arquivo familiar/Especial TP
O dia 27 de setembro, é marcado por ser o dia nacional da doação de órgãos, que segundo a Biblioteca Virtual em Saúde, foi instituído em 2007 pela lei de número 11.584 com o objetivo de promover a conscientização da sociedade sobre a importância da doação. Além disso, a campanha pretende estimular as pessoas para que conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto.
Nesta edição, a reportagem do jornal conversou com a candiotense Marta Falcão, que perdeu o filho Gustavo dos Santos Lima, há quase 12 anos. Ela falou sobre a saudade, e sobre a decisão de doar os órgão do filho e ajudar outras pessoas, mesmo passando por um momento de dor e sofrimento.
Segundo Marta, o filho saiu de casa para uma tarde de diversão com os amigos em 2012, quando acabou sofrendo o acidente. Ele, que tinha somente 16 anos de idade, foi em um rio localizado na Vila Operária, em Candiota, onde residiam na época, e com o acidente sua medula foi atingida o deixando tetraplégico no mesmo instante. Gustavo passou por cirurgia e chegou a ficar cerca de 16 dias internado em um hospital na cidade de Rio Grande, mas não resistiu. “Infelizmente ele teve graves problemas devido a gravidade do acidente, levando ele a morte”.
Naquele momento de dor e sofrimento, Marta disse que a doação de órgãos não era uma opção, mas que no silêncio da dor e do desespero algo dizia que essa era a vontade dele, e assim foi feito. “Depois eu fiquei sabendo através de uma amiga dele, que ele havia dito para ela que se um dia algo acontecesse, ele gostaria de ser doador. Então, na verdade, o meu coração sabia da vontade do meu filho”, contou ela, relembrando que na época muitas pessoas, inclusive familiares, não entenderam a sua decisão. “Mas foi a coisa mais linda e maravilhosa que o meu Gustavo podia ter feito. Ele passou por essa vida deixando um rastro de amor e solidariedade, pois ele foi na morte o que foi em vida, um anjo amado e querido por todos”.
Ao ser questionada se foi informada sobre quantas vidas foram salvas com a doação dos órgãos, ela disse não ter certeza, mas acredita que em torno de seis pessoas foram abençoadas e receberam uma nova chance para viver. Sobre sua atitude ter mudado a opinião de pelo menos uma pessoa próxima, Marta disse que com certeza muitas repensaram sobre a morte e como é maravilhoso partir e deixar um legado de salvar vidas e dar uma nova chance a quem ainda tem muito o que viver. “Já cumprimos a nossa missão dada por Deus e voltamos para casa, por que não ajudar quem só está esperando uma nova chance”, questionou ela, informando que se for possível, também deseja ser uma doadora.
Para quem ainda não sabe se deseja ser um doador, ou para famílias que passarem pela mesma situação, Marta deixou um recado. “Quando a dor for maior que a fé, porque em algum momento isso acontece, olhe para dentro de si e imagine que poderia ser você ou um ente querido esperando ansiosamente por uma nova chance, e nesse momento ouça somente o seu coração e faça essa ação, pois doar se torna um lindo gesto de amor”, destacou ela, afirmando que, “saber que pessoas foram abençoadas com a doação dos órgãos do Gustavo, e que de alguma forma ele continua vivo e que o coração dele bate em um peito por aí, foi o que não me deixou enlouquecer. Ele não salvou somente pessoas desconhecidas, salvou a mim também”.
Ele deixou a mãe Marta (C) e as irmãs Lavinia e Tascila Foto: Arquivo familiar/Especial TP
Sobre a saudade, a mãe de Gustavo, Tascila e Lavinia, disse que essa nunca diminui, mas que com muita fé e amor pelas filhas, decidiu seguir em frente. Ainda, ela mencionou que a chegada da netinha Helena trouxe paz e uma nova razão para viver. “O Gustavo é lembrado todo o dia, não há um dia que não se fale o nome dele. É o nosso anjo mais lindo e amado por todos que o conheceram”.
Completando 12 anos de sua morte no próximo dia 23 de novembro, o jovem que sempre foi muito querido por todos, ainda é lembrando com frequência por seus amigos e familiares. Nas redes sociais, por exemplo, sempre há uma mensagem de saudade e carinho em seu nome, demonstrando e reforçando que Gustavo marcou e cativou a vida de muitas pessoas de alguma forma, sejam elas conhecidas ou não.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*
