O retrato do atraso

Talvez nos rincões mais longínquos do Nordeste brasileiro, de algumas partes esquecidas da pobre América Latina e de países africanos é que situações como as condições da ERS-608 encontram semelhança.

Anunciada pelo governo Antônio Britto (1995-1998), a obra de pavimentação dos 33km entre Pinheiro Machado e Pedras Altas estava dentro do projeto ‘Nenhum Município sem Acesso Asfáltico’. Na época, a obra seria bancada pelos recursos oriundos da privatização da Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT) e de parte da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).

Passados estes mais de 20 anos, não há mais recursos, não há mais as estatais e o que é pior, não há a estrada asfaltada. O protesto da comunidade pedrasaltense realizado na tarde desta quinta-feira (23), além de justo, expõe a precariedade do Estado gaúcho. Não temos condições de dar acesso decente a uma comunidade. Como diz o prefeito Bebeto Perdomo, ‘estão nos tirando o direito de ir e vir’.

A situação é revoltante. Num mundo globalizado, com conexões aéreas, terrestres, marítimas, espaciais e que vive a égide da rapidez da informação pela internet, uma comunidade é condenada ao atraso, sem poder explorar suas potencialidades em virtude de uma estrada.

Comentários do Facebook