O sucesso

*Por Marco A. Ballejo Canto

Alguns anos passaram desde que alguém falou que o sucesso seria materializado em quinze minutos de fama. As coisas estão acontecendo com uma certa velocidade. Para muitos, não há tempo a perder, não param diante de um conhecido, de uma novidade, de uma oportunidade que não seja aquela que estava no plano estabelecido.

O sucesso a qualquer custo, sem causa aparente e sem objetivo de melhoria permanente, na busca de um sentimento de felicidade ou de realização pessoal, profissional, foi resumido por Oswaldo Montenegro que diz, em A Dama do Sucesso, que “ela era bem bonitinha”, fez umas quantas para aparecer e “Num acidente da sorte / Morreu num incêndio famoso / Em close voando pra morte / Como o sucesso é gostoso”.

Nada pode ser mais chato que gente muito ocupada. Quando encontro uma dessas, a primeira coisa que me vem à cabeça, “não sabe administrar o seu tempo”. E quanto mais parece que voa porque é bem sucedida, parece-me que não sabe o que procura. Conheci quem dissesse, “quem não sabe o que procura, quando encontra não percebe”.

O sucesso pode ser a realização de uma firme caminhada no rumo daquilo que será motivo de permanente estado de bem estar. Meu pai sempre dizia que a maior gafe que cometeu foi com um conhecido fazendeiro de Pedras Altas/RS. Logo ele que morou em Salvador, Rio de Janeiro, e resolveu, ao se aposentar, voltar para a pequena localidade onde viveu quando adolescente, Hulha Negra/RS.

Dizia para o fazendeiro:

– O senhor, com tantas posses, terras que se corre a vista e, para todos os lugares que olha, são suas, milhares de animais, bovinos, cavalos e ovelhas, vive em exposições, com seus peões de estância (suas famílias e seus problemas), com compradores safados, campereando no rigor do inverno e no calor escaldante do sol de verão. Por que não vende tudo, compra um apartamento em Copacabana e passa o resto dos seus dias vivendo de renda, tomando banho de sol e vendo as gurias passeando a sua volta?

A resposta veio óbvia, com uma pergunta, de quem passou sete décadas de vida nas lides do campo, de quem havia chegado onde quis e aquilo era a razão de sua existência:

– E o que eu faço com meus cavalos, com meus peões, com meus cachorros?

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

Comentários do Facebook