O tempo

Você ainda possui 2 notícias no acesso gratuito. Efetue login ou assine para acesso completo.

*Anibal Gomes Filho

Mais um ano que chega ao fim, talvez aquele que seja o ano mais marcante de nossas vidas nessa era chamada moderna. A pandemia, se refletirmos com mais atenção, parece ter vindo para mostrar que ficar longe das pes­soas queridas, não tocá-las, não abraçar nem beijar, ficar privado de viajar para vê-las, não compartilhar festas, reuniões e aglomerações juntos, o sofrimento das saudades pelo distanciamento das pessoas queridas que estão longe de nós, tudo acabou por se tornar um ato grandioso de humanidade, de respeito a si próprio e ao próximo. Passa a ser um isolamento necessário, imprescindível, obrigatório até.

Difícil entender isso em se tratando dos nossos cos­tumes regionais e locais, pois tradicionalmente o gaúcho é conhecido como um povo afetuoso, amigo, hospitaleiro, que tem prazer em receber bem, compartilhar abraços, amizades, unir as famílias. Mas enfim, são tempos bicudos, diferentes, que exigem de nós novos procedimentos, atitudes que diver­gem da normalidade, como por exemplo, negar um aperto de mão a quem lhe visita, com o argumento do vírus circulante.

Há para mim, um sentido de intervenção da mão divina ao momento que somos obrigados a refletir esse novo modo de vida ao qual temos de nos adaptar, completamente diverso de uma realidade anteriormente vivida.

Mas consigo entender a impaciência de alguns, justa­mente pela brusca mudança e alteração do “modus vivendi”. Sabe-se que existem os que já perderam a paciência, que querem a todo custo voltar à vida normal anterior, embora sabendo dos riscos e ônus que podem lhe ser impostos como consequência prejudicial, mas mesmo assim, entregam-se à busca da normalidade anterior.

Escreveu sabiamente Katterine Anne Porter, que o amor precisa ser apreendido e reaprendido sem cessar, por­que o ódio não precisa ser ensinado, basta ser provocado. Grande verdade, os exemplos estão diariamente à nossa frente, às vezes partindo de quem esperávamos um ato de grandeza e um gesto de humanidade mínima.

Enfim, esperamos pacientemente que o Natal de Cristo e o Ano Novo que chegará, tragam luzes de harmonia para todos, que a mão divina abençoe aos cientistas do mundo inteiro debruçados na busca de vacinas efetivas para imunizar a população mundial. Eles, cientistas, são hoje as pessoas mais importantes do mundo, aliás, sempre foram, embora haja quem os contrarie ou ignore de forma absurda.

“Sofri tantas saudades, não sei como não morri. Agora sofro saudades, das saudades que já sofri”. (Wal­domiro Ramos Pacheco)

Comentários do Facebook