Odilo Dal Molin

Faz algum tempo que leio as colunas do Odilo publicadas aqui no jornal. O elegantemente modesto João André, que dirige o jornal, não tem o hábito de se autoelogiar, nem elogiar os membros da equipe. Quando foi homenageado na entrega dos melhores do ano, dois anos atrás, a equipe o pegou de surpresa, se emocionou com algumas palavras que este que aqui escreve, merecidamente, dirigiu a ele. E fica um pouco mais feio quando chora, ainda que dê para dizer que o João André é um sujeito ajeitado, nem chega a ser feio.

Faz um tempo bem maior que não vejo Odilo. Para ser preciso, não o vejo desde 2014, quando o encontrei na Rádio Cultura, no programa do Musa, entre o primeiro e o segundo turno da eleição presidencial entre Dilma Rousseff e Aécio Neves. Foi também a última vez que vi o Musa. Como podem notar, infelizmente tenho vivido longe de pessoas que admiro muito e que foram importantes positivamente em alguns momentos da minha vida.

Volto ao Odilo que escreve uma coluna que chama de “Três toques”. Houve momentos em que cheguei a pensar que era por escrever três tópicos, três assuntos diferentes. O tempo passou e vi que talvez não seja por isso. Fiquei pensando em futebol. O Odilo mais velho deve acreditar que para dominar uma bola, hoje, precisaria de três toques. Eu confesso que aos cinquenta, quando parei de jogar, só conseguia ser eficiente quando resolvia o lance com apenas um toque. E gol. Normalmente antes de dar o segundo toque perdia a bola. Mas talvez não seja por isso também.

O que interessa é que o jornal ganhou um texto primoroso de alguém que evoluiu para onde raros seres humanos acreditam que precisam evoluir, para a simplicidade. Esta na minha opinião é a grande evolução. Odilo escreve como se estivesse sentado junto ao leitor tratando das coisas da vida que valem a pena. Isto me é importante porque tem dias que escrevo textos que até me parecem interessantes, mas que no fundo nem valem a pena ser lidos porque pouco teriam a acrescentar às análises de quem lê.

Odilo me faz pensar sobre as coisas que escreve. E me faz lembrar o quanto é relevante escrever sem a preocupação de que alguém venha a criticar o texto humanizado, simples, do dia-a-dia dos humanos de vida singela e que são exemplares únicos a quem todos deveriam destinar um olhar.

Fomos os primeiros prefeitos de Hulha Negra e Candiota e como os municípios fazem divisa fazíamos coisas que os municípios deveriam fazer em conjunto. Candiota pegava crianças de Hulha Negra e levava para a escola no transporte escolar. Hulha Negra construiu ponte na divisa.  No final do mandato nos reunimos. Odilo dizia “Fiz isso, isso e aquilo pra Hulha”. Eu falei “Fiz isso, isso e aquilo pra Candiota”. Zero a zero? Isso. Mandamos projetos para as Câmaras municipais, fizemos um encontro de contas e tudo acertado. Era um tempo em que fazíamos acordos conversando.

Durante a vida li alguns que escreveram de forma interessante, Cândido Norberto, Mendes Ribeiro, Paulo Santana, David Coimbra e Juremir Machado da Silva, entre outros, citando apenas alguns que escreveram nos jornais da capital. Atualmente, quem está escrevendo muito bem é Odilo Dal Molin.

 

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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