FUTURO DO PAMPA

Parceria com gigante chinesa pode resultar na primeira indústria carboquímica de Candiota

A possibilidade foi apresentada durante o Seminário de lançamento do Polo de Inovação Energética e Ambiental do Pampa no histórico dia 28 de abril

Representantes de empresa sinalizaram para breve Foto: Reprodução/Edição Corbari TP

Um dos momentos mais esperados do seminário de lançamento do Polo de |Inovação Energética e Ambiental do Pampa no histórico dia 28 de abril, no Salão de Atos da Universidade Federal do Pampa, ocorreu com a fala dos representantes do Vamtec Group, sediado no estado do Espírito Santo, que se encontra em avançado estágio de negociações para implantar uma unidade de gaseificação carbonífera na região.

Se pronunciaram de forma remota o CEO do grupo, José Varella, o responsável pelas plantas industriais do grupo, engenheiro José Paulo Amaro, e, presencialmente, o representante local, Daniel Rocha.

Varella parabenizou os envolvidos na realização do seminário e prospectou que o Polo de Inovação Energética e Ambiental do Pampa Gaúcho, quando viabilizado, será um marco na economia local. Em sua fala apresentou brevemente o grupo, que atua há 43 anos com plantas industriais instaladas no Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e vem há alguns anos projetando a instalação de uma unidade de carboquímica no Rio Grande do Sul, em parceria com o grupo chinês Youtian Chemicals.

“Nosso projeto teve uma parada por conta da pandemia, justamente às vésperas de uma viagem que tínhamos marcado para ir à China alinhar detalhes com nosso parceiro”, explicou. “Agora que o projeto foi retomado esperamos rapidamente começar a colaborar com a economia da região do Pampa”, completou.

“Mantivemos toda equipe muito motivada, conseguimos inclusive encorpar, dar mais musculatura ao projeto inicial: antes eram previstas 100 mil toneladas de metanol/ano e agora a previsão é de 200 mil toneladas/ano. Também foi possível mitigar a emissão de carbono com uso de biomassa em conjunto com o carvão, e agregar no processo a produção de ureia e o aproveitamento de coprodutos como o enxofre”, explicou.

Amaro apresentou dados do projeto carboquímico Vamtec/Youtian, a ser implantado na região. Disse que o carvão de Candiota é a fonte de energia mais barata disponível no país e pode gerar um syngas com custo menor que U$ 3/mmbtu, com estabilidade e garantia de fornecimento no longo prazo com custos inferiores a U$ 20/Ton. Amaro explicou que o objetivo é colocar em prática o processo de gaseificação em escala industrial, assim como acontece em larga escala na China. O setor, segundo ele, é de elevado interesse regional, conta com apoio governamental e incentivos para o desenvolvimento de projetos carboquímicos, já existindo inclusive uma lei de implantação do Polo Carboquímico no Rio Grande do Sul.

Como atualmente há dificuldades em financiar projetos com combustíveis fósseis, está sendo buscada a estruturação do projeto integrado à economia de baixo carbono, gerando oportunidade de substituir importações de metanol, amônia e ureia. “É um projeto com baixo impacto na pegada de Carbono”, garantiu. Amaro citou ainda testes de gaseificação já bem sucedidos em escala piloto e laboratório.

Entre outros pontos destacados por Amaro a respeito da implantação industrial de planta de gaseificação de carvão com carga de biomassa (disponível na região), está a integração da gaseificação e metanol com a geração de Hidrogênio e amônia, com a utilização do Carbono para a produção.

Por fim, abordou ainda a possibilidade concreta de produção de fertilizantes fosfatados com matéria prima regional, ajudando a suprir uma necessidade que se tornou latente no país desde o inicio da operação militar especial da Rússia na Ucrânia, principal produtor/exportador das matérias primas deste segmento. Além das 200 mil toneladas de Metanol, o projeto pode gerar 300 mil toneladas de Ureia, 50 mil toneladas de super fosfato, ultrapassando os U$ 280 milhões em movimentação financeira a partir da produção.

Já Rocha, em breve pronunciamento destacou a união dos diferentes segmentos em prol do projeto e reafirmou o compromisso social e ambiental da empresa: “Não podemos dissociar a preservação e a proteção do meio ambiente do desenvolvimento social e econômico da região”. Também informou que os técnicos da Vamtec Group e da Youtian Chemicals estarão na região em 60 dias para dar andamento ao projeto. “Em breve serão anunciados os investimentos, viabilizando uma fonte muito interessante de geração de renda e desenvolvimento para a economia da região e do estado”, concluiu.

(Texto original do jornalista Marco Antonio Corbari, do portal Brasil de Fato)

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO

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