COMPARTILHANDO HISTÓRIAS

Personagens históricos ganham espaço em página na internet

Pedagoga e acadêmica de história abriu um canal para publicações

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Compartilhando Histórias é alimentado constantemente Foto: Reprodução TP

Gaspar Silveira Martins, Getúlio Vargas, Luis Alves de Lima e Silva, Pulcena, Marcílio Dias, Princesa Isabel e Preto Caxias estão entre os per­sonagens que deixaram marcas na história e integram os primeiros textos da página Compartilhando Histórias.

Escrita pela pedagoga bageense e acadêmica de História pela faculdade Anhanguera Fátima Fabiana Rosa, a página encontrada no Facebook tem por objetivo fa­zer com que todos percebam que a história faz parte do presente e o presente é o melhor tempo para a construção de um futuro melhor. Assim explicou a autora da página durante entrevista ao Tribuna do Pampa.

“Alguns amigos viram postagens de pesquisas que eu fazia e postava em grupos ligados à história e pediram que eu criasse uma página minha. Acredito que respeitar a história não é adorar cinzas, mas transmitir a chama.

E o que me levou a criar a página foi o amor incomensurável que tenho sobre a nossa ancestrali­dade. Acredito que o coração de um povo é a nossa história. Para preservar é necessário amar é só vamos amar se conhecermos. O resgate é fundamental, o era uma vez mexe com o imaginário”, manifestou Fabiana.

A professora e pesqui­sadora – integrante do quadro da Secretaria de Assistência Social de Hulha Negra e orientadora edu­cacional da escola estadual Luis Mércio Teixeira, de Bagé, – diz utilizar a escrita como um hobby e que a escolha dos temas a faz mergulhar em leituras. “Mergulho nas leituras de biografias, como um mergulhador vai atrás de um tesouro no fundo do mar, procuro adentrar no universo do pesquisa­do. Ao passar por uma escola, uma praça, uma rua, me interesso em saber quem foram? O que fizeram? E o interessante é que histórias se cruzam e sempre tem algo ou alguém para pesquisar”, conta.

Apaixonada por História, Fabiana resgata o passado em textos breves e de fácil leitura Foto: Divulgação TP

Sobre os primeiros tex­tos, ela disse terem sido sobre Gaspar Silveira Martins. “Um dia muito pequena fui a Catedral com minha avó paterna e descobri que ali estava enterrado um grande político que era amigo do Impera­dor Dom Pedro II. Fui estudar na escola com o nome dele e me em­polgava com a estátua no coração da Rainha da Fronteira. A escrita fluiu…espero que possa despertar o interesse pela leitura histórica!! Se uma pessoa ler e gostar, terei a certeza que valeu a pena pesquisar e dar a minha impressão sobre de­terminado acontecimento”, expõe.

Questionada a relembrar momentos importantes sobre a página, Fabiana cita exemplos: “É interessante lembrar que a escrita sobre Anna Ribeiro de Assis, ex­-esposa de Euclides da Cunha e que foi tema de minissérie escrita por Glória Perez. Fiquei emocio­nada ao receber o agradecimento da neta que é escritora. Um time de Santa Catarina com o nome de Marcílio Dias me agradeceu e a publicação e quase 200 torcedores compartilharam. A publicação sobre João Colares, pai de Alceu Colares, recebeu comentário dos descendentes e isso pra mim tem valor incomensurável”, destaca.

 

PRIMEIRO TEXTO – Os textos de Fabiana mesclam o fato histórico com a pesquisa. Confira o primeiro texto publicado na página Compartilhando Histórias: “Em São Borja, a 19 de abril de 1882, nascia mais um filho do casal Manoel e Cândida Francisca Vargas. Manoel era um estancieiro, sua casa sempre teve fartura na mesa. Getúlio era o nome do guri. O pai exigia estudo e trabalho. Numa época em que a origem e antigos títulos nobiliárquicos eram ostentados, Getúlio dizia não se preocupar por que alguns tomariam sustos ao finalizar a busca e se depararem com a origem estar na mata e na cozinha. Cá pra nós, felizes somos por nossos ancestrais da mata e da cozinha.
Getúlio era um homem de hábitos e linguagem simples. Nunca escondeu seu mate e suas largas bombachas, tampouco fugiu das pelejas que caracterizam o gaúcho. Todos observavam que o filho do Manoel tinha vocação para a política, e que o guri iria longe. Manoel havia participado da campanha do Paraguai, gostava de política, tanto gostava que tinha um quadro de Júlio Prates de Castilhos em sua sala; era um castilhista! Getúlio foi militar e se formou em Direito. Foi deputado estadual e federal. Em 1911 casou-se com uma jovem de 15 anos – Darcy – filha de um conhecido federalista (maragato). Um casamento para harmonizar ânimos. Getúlio foi um apaixonado, um homem de múltiplas paixões. Através de um golpe, chega ao mais alto posto do executivo. Longos 15 anos que coube à historiografia subdividir. Agnóstico apaixonado, soube fazer as pazes com a igreja, introduzindo aulas de Religião no currículo escolar. De 1930 a 1945 cometeu seus erros e acertos, deixou a faixa presidencial e a retomou de forma democrática em 1951. Governar é algo complexo, é gerenciar um dinheiro que não é meu e nem teu; é dinheiro do Tesouro. A oposição é atenta e encontra vestígios dos erros cometidos… Muita pressão, muito murmurinho, os amigos de ontem são agora os aliados dos inimigos; passava os dias a pensar uma forma de apaziguar. Então, meio que pedindo socorro, diz a um amigo: um cadáver acalma os inimigos. É importante parar por um instante e lembrar aos que estão lendo que os suicidas sempre vão pedir socorro de forma silenciosa. Precisamos ficar atentos! Depois de mais um escândalo, promoveu uma reunião ministerial e a encerrou sabendo que o fim se aproximava e que ali encontrava os amigos certos, mas que as próximas horas seriam incertas.
Então, o tiro se ouviu! Nada mais podia ser feito, o ato havia sido consumado. Deu aos inimigos um cadáver e o pranto do povo dos quatro cantos do País. Em sua carta-testamento coloca sua decisão nas costas da calúnia, da mentira e das torpes invencionices.
O homem forte era frágil como qualquer mortal. Naquele 24 de agosto, saiu da vida e entrou na História.
Fátima Fabiana

 

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