* Por Gislene Farion
Na foto, Patrícia e Rebeca aproveitando o dia de sol na La Querencia Foto: Divulgação TP
Essa poderia ser apenas mais uma história de amizade entre um ser humano e seu pet (palavra da língua inglesa popularizada no nosso vocabulário para definir animal de estimação). Mas é a história da pinheirense Patrícia Proença, 43 anos, e da Rebeca, que nasceu praticamente junto com a pandemia da Covid-19 – uma porca pra lá de carismática e que vem ganhando as redes sociais da sua dona com registros muito curiosos e divertidos.
Para a reportagem, Patrícia contou que vive em Pinheiro Machado desde muito pequena e, até alcançar a idade escolar, morava na zona rural com os avós. “Tive a melhor infância que uma criança poderia ter e foi nesse lar amoroso que descobri os animais como os meus melhores amigos”, disse. Já naquele período, segundo ela, os bichinhos de estimação começaram a ir muito além de cães e gatos como estamos acostumados. Patrícia chegou a criar diversas espécies de tatu, gralha, lebre, entre outros mais exóticos.
PANDEMIA – Na vida adulta, até então ela se limitava à criação de cães e gatos de rua. Mas foi durante a pandemia, com todos os seus impactos em relação à falta de socialização, que a pinheirense teve a maior prova de que os animais – independente da espécie –são capazes de transformar as pessoas e os ambientes onde vivem.
Patrícia trabalha como agente penitenciário, mas acabou ficando afastada das funções por fazer parte do grupo de risco. “Nessa época fiquei muito deprimida, pois não soube lidar com o não estar trabalhando. Foi então que o Diego, meu marido, resolveu me alegrar comprando uma leitoa para eu criar, mas não imaginava que ela seria um pet. Quando a Rebeca chegou, com dias somente, era minúscula, linda, rosada, mas cheia de carrapatos”, descreveu.
REBECA – Assim que chegou na casa da sua nova família, Rebeca foi direto para o banho. “Eu e o meu filho Vítor nos divertimos muito. Ela ficou com frio, arrumamos uma roupa de cachorro, uma coberta, e quando percebi ela já estava com caminha, travesseiro, um bichinho de pelúcia e era incrível cuidar dela”, contou.
Conforme relato, Rebeca é um bichinho (agora não tão pequena assim) sempre temperamental com a comida, mas adora companhia para dormir. “Nesse meio tempo chegaram os guachos de ovelha, eu não crio ovelhas, mas as pessoas me dão guachos rejeitados ou que perderam as mães. E, nesse ano, chegou o Virgulino e depois a Maria Bunita. Todos foram criados juntos e também dormiam juntos, mas a Rebeca é uma líder e era ela que comandava para onde iriam, até hoje é assim. Um mês depois, todos já estavam dormindo na garagem, era inverno, e eles tinham roupas e uma cama com cobertor”, descreveu.
Vítor, filho de Patrícia e Diego, com Rebeca ainda pequena Foto: Divulgação TP
VIDA NO CAMPO – No fim daquele mesmo ano, o concurso público possibilitou que Patrícia e a família realizassem um de seus sonhos: ter uma casa no campo e viver por lá. “Fomos para a tão sonhada chácara que batizamos de La Querencia, fica uns 4 km da cidade. Tínhamos galinhas, a Rebeca, as ovelhas e uma vaca. Ganhamos patos, gansos, marrecos e uma garnizé com pintinhos, além dos cães e gatos para a família ficar ainda mais completa”, disse orgulhosa.
DIA A DIA – Desde então, Rebeca ganhou um galpão só para ela, um açude e muito barro. “Ao contrário do que pensam, os suínos não gostam de sujeira, mas ela precisa hidratar a pele e a lama é uma necessidade, equivale ao filtro solar”, explicou Patrícia. Ainda segundo ela, a porca está com cerca de 90 quilos e se alimenta muito bem: come um pouco de milho e “misturão” duas vezes por dia, sem contarmos lanches que os conhecidos mandam, como cascas de todo tipo de frutas e legumes, sendo que as favoritas são as de melancia e abóbora. “Quando percebo que ela está muito gorda eu controlo as porções, pois a Rebeca é meu animal de estimação, vai morrer velhinha ao meu lado. Além disso, dizem que os porcos vivem por muitos anos, ela nunca ficou doente e tem uma ótima saúde”, contou a cuidadora.
Rebeca ganhou cama e até ursinho Foto: Divulgação TP
PRESENTE – No último domingo (24), Rebeca completou dois anos de vida. Mas o presente quem ganhou foi a Patrícia – que encontrou um alento em meio ao sufoco e as incertezas da pandemia, além da possibilidade de viver momentos incomparáveis de muito amor e cumplicidade nessa relação entre ser humano e animal, que só uma vida no campo é capaz de proporcionar.
* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso
