Natural de Pelotas, mas atuante em toda região há cerca de cinco décadas, o médico Fernando Luís Medina Francisco, 76 anos, comemorou 50 anos de formatura ao receber uma homenagem. Junto aos colegas formandos de 1973, ele recebeu um certificado e foi o orador da turma no evento que aconteceu em Porto Alegre e foi realizado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers), que tem a frente como presidente o médico Eduardo Neubarth Trindade.
A homenagem “Mérito Médico 2024 – 50 anos de profissão” aconteceu no dia 16 de outubro, sendo um fato marcante para o médico “Dr. Medina” como é carinhosamente conhecido e lembrado pela comunidade da região que o acolheu. “Fiquei muito grato quando fui convidado para receber essa homenagem pelo jubilarmento da turma, esse reconhecimento. Reencontrei colegas, fui orador e tive a felicidade da inspiração momentânea, foi uma linda sessão”, avaliou o médico que atualmente trabalha e reside em Pinheiro Machado.
SER MÉDICO
Filho de pai natural de Lisboa, Portugal, o barão Francisco e mãe Cecília Medina, Luís Medina é de uma família de outros dois irmãos e uma irmã, sendo o único médico na família. É casado e pai de dois filhos e uma filha. Estudou até a 4ª série em escola municipal e fez o ginásio no Colégio Gonzaga, e depois o científico.
Sempre muito estudioso, em entrevista ao Tribuna do Pampa, Medina disse que pensava na profissão desde criança. “Sempre fui muito estudioso e de pouca fala. Vi meu pai perguntar a meu irmão se queria ser médico e fiquei pensando. Sempre dizia que ia ser médico e ninguém dava bola, mas me tornei médico, foi quando a família caiu na real”.
Ele conta que se não tivesse passado de primeira no vestibular iria seguir tentando, pois não enxergava outra profissão. “Aos 76 anos ainda trabalho porque gosto do que faço. Quem faz o que gosta não cansa. Minha esposa sempre dizia quando eu entrava para o consultório ou hospital, esquecia que existia família. Era algo que as pessoas notavam e hoje vejo que é verdade. Me sinto em casa, não tenho previsão de quando vou parar. Enquanto eu tiver saúde, física e mental e tiver qualidade no atendimento vou trabalhar, não é por dinheiro. Se eu tiver que ficar em casa parado, ou sair a caminhar nas praças não vai ser bom, não me encontro neste tipo de vida. Ainda participo de conferência, palestras, cursos, conferências internacionais”, conta o médico que durante a pandemia de Covid-19 começou a participar de um grupo para tirar dúvidas de diversos países do mundo acerca da doença. “Foi um aprendizado, trocávamos experiências, aprendizados, situação que acontece até hoje”, destacou.
AO LONGO DOS 50 ANOS
Dr. Medina casou no dia 6 de outubro de 1973 e se formou no dia 8 de dezembro do mesmo ano pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Antes disso, trabalhou em Bojuru, São José do Norte e Morro Redondo, onde ganhou bastante experiência acompanhado de uma equipe de professores.
Já formado, foi convidado por um primo que morava em Bagé para trabalhar em Pedras Altas onde havia um hospital. Aos 24 anos, foi trabalhar na hoje Cidade do Castelo, morou sozinho no hospital, enquanto a esposa concluía faculdade na área da Educação. Ajudou a organizar e legalizar o hospital e se adaptou à comunidade, participando da ativação de uma equipe de futebol e ainda participava de um clube. No município atuou por 30 anos, sendo 20 sozinho no hospital.
“Quando emancipou o prefeito eleito precisou fechar o hospital porque o governo federal não queria hospital em lugar pequeno. Na ocasião vim morar em Pinheiro Machado. Montei uma equipe e assumi alguns plantões também no hospital de Candiota, foi uma grande experiência. Trabalhei no ambulatório da Afucan, até sofrer um acidente em 2009, onde fiquei nove meses afastado. Nessa época também trabalhava no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Bagé, fui um dos primeiros médicos a fazer o plantão”, relatou.
Dr. Medina contou ao jornal que após fechar a maternidade de Pinheiro Machado, foi convidado a trabalhar em Piratini, onde ficou por sete anos, acompanhando o aumento e modernidade da maternidade. Depois, participou da abertura da Santa Casa de Rio Grande por meio de incentivos do governo para funcionar pelo Sistema Único de Saúde (SUS), local onde permaneceu por 10 anos. Também fez plantões na maternidade da Santa Casa de Pelotas até ser fechada em definitivo.
Na carreira, o médico ainda atuou no posto de saúde do Estado como obstetra concursado, primeiro em Pedras altas e depois em Pinheiro Machado. Depois da aposentadoria seguiu realizando plantões na área de ginecologia e obstetrícia, área que gosta de trabalhar, mas atualmente atua somente na clínica UltraMedic.
FATO CURIOSO
Ao recordar fatos curiosos relacionados a profissão durante os 50 anos de formatura, Dr. Medina contou os auxílios também a animais na época. “Em Pedras Altas me entrosei tão bem com a comunidade que muitas vezes fiz até parto de vaca, cesárea em vacas e ovelhas. Operei cachorro, touros quando não conseguiam veterinário naquela época”, lembrou.
FATO MARCANTE
Já quanto a fatos marcantes ao longo da carreira, o médico cita a realização de partos fora do hospital. “Foi parto no campo, dentro de casa, dentro de ambulância. Em uma ocasião, uma gestante estava em trabalho de parto na localidade do Arroio Mau, distante 50km, e furou o pneu do carro. Me ligaram, peguei o meu carro, uma Caravan na época, coloquei as coisas de parto e peguei a estrada. Nos encontramos na porta de uma estância, examinei a grávida e o parto foi lá mesmo”, recordou.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*