EDUCAÇÃO

Prefeito de Candiota diz que vai seguir ordem judicial e nomear direção nas escolas municipais

Sindicato dos Municipários promete contestar liminar concedida pelo Tribunal de Justiça do RS

Após uma postagem na página do Facebook do Sindicato dos Municipários de Candiota (Simca), na última sexta-feira (9), uma certa polêmica se instalou na cidade sobre a forma de escolha das direções nas escolas municipais.

Uma situação semelhante, para ficar num exemplo regional, já ocorreu no ano de 2020, em Pinheiro Machado, quando o então prefeito Zé Antônio (PDT) obteve na Justiça o direito de nomear diretores e diretoras nos educandários do município e não mais ser por eleições, com a participação de toda a comunidade escolar no processo.

Agora, Candiota segue no mesmo caminho, porque o município conseguiu uma liminar numa Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) proposta pelo prefeito Luiz Carlos Folador (MDB), junto ao Tribunal de Justiça do RS (TJ-RS). A liminar foi concedida na última semana e suspende a eficácia de leis municipais e artigos da Lei Orgânica Municipal (LOM), que versam sobre as eleições para escolha de direção de escolas da rede local de ensino.

SIMCA – Na nota publicada pelo Simca há críticas a decisão do governo local, apesar de reconhecer que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem determinado que a prerrogativa das nomeações de diretores e vice-diretores de escolas cabe aos chefes de Executivo. “O Governo Municipal está voltando ao sistema de indicação para o exercício de direção das escolas. A eleição não surgiu de graça. Foi um debate longo e árduo, de muita luta. Esse processo acabou com indicações políticas dentro das escolas e deu maior segurança e autonomia para os diretores. A comunidade escolar escolhe os diretores há mais há 24 anos, agora de uma hora para outra não é mais capaz?”, critica e questiona o Simca.

Para o Simca, acabar com o processo de eleição direta é um retrocesso. “No processo democrático os melhores projetos vencem. Isso representa o estado democrático de direito”, assinala, reforçando que “o espaço da educação deve ser democrático. Os diretores eleitos têm a garantia da manutenção e autonomia no cargo. Quando é indicação política, o diretor fica amordaçado”.

O Simca promete acionar sua Assessoria Jurídica no sentido de tentar cassar a liminar obtida por Candiota junto ao TJ-RS, sendo que o mérito da Adin ainda não foi julgado.

FOLADOR – Em conversa com o prefeito Folador, ele confirmou ao TP a obtenção da liminar. Ele pretende já no mês de janeiro de 2022, fazer as nomeações, respeitando os mandatos das atuais direções, que encerram em dezembro próximo. O prefeito lembra que, segundo a liminar, essas nomeações poderiam ser imediatas.

Folador ressalva que está cumprindo uma determinação legal. “Estamos utilizando uma prerrogativa do Estado Democrático de Direito, através do Poder Judiciário, razão pela qual o processo encontra-se a partir de então dentro da legalidade, conforme prevê a Constituição Federal, o Supremo Tribunal Federal e Tribunal de Justiça do RS. Estamos cumprindo o que determina a lei. Errado seria não cumprirmos a lei. Estamos agindo certo e por isso deveríamos ser elogiados, valorizados, reconhecidos, incentivados por fazemos o certo e não o contrário”, aponta.

O gestor ainda garante que as escolas terão direções qualificadas e que as nomeações não terão cunho político-partidário. “Teremos direções de excelência, escolhidas com critérios técnicos, de compromissos com a Educação, de qualificação, histórico pregresso dos profissionais. Serão escolhidos a dedo, por mérito e capacidade”, explica, reforçando que “serão escolhas para melhorar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e para cuidar das escolas, das crianças, adolescentes e jovens”.

O prefeito defende ainda que a comunidade escolar ficará bem atendida, podendo, segundo ele, confiar nas escolhas do governo. “Temos excelentes profissionais no quadro do município”, disse.

Por fim, o mandatário chama a atenção que vários municípios, inclusive da região, estão nesta condição, como Pinheiro Machado (exemplo citado no início desta reportagem), Arroio Grande, Pedras Altas, Pedro Osório, Canguçu e Herval, entre outros.

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