OPERAÇÃO OFF ROAD

Presidente da CRM diz que pediu exoneração para defender sua honra

O diretor-presidente da CRM, Melvis Barrios Júnior (foto), que desde 2019 estava a frente da estatal, confirmou ao TP que pediu exoneração do cargo nesta quinta-feira (17), após a deflagração da Operação Off Road. Em seu lugar deve assumir o atual presidente do Conselho Fiscal da empresa, o ex-prefeito de Farroupilha, Ademir Baretta. Melvis concedeu ao jornal uma entrevista exclusiva após a decisão de pedir demissão, assinalando que a atitude foi para construir sua defesa diante dos fatos. Na oportunidade, ele declarou que não pode processar agentes públicos e outras pessoas, por calúnia e difamação, por exemplo, estando na CRM. “Tenho que estar livre para como cidadão me defender, em um processo legal e transparente”, afirmou.

Além disso, ele ironizou a acusação de ter direcionado a licitação para a compra dos caminhões, ressaltando que os veículos foram comprados no valor de R$ 750 mil a unidade, enquanto cada um, conforme ele, vale no mínimo R$ 1 milhão. “Isso os especialistas da área dizem, pode perguntar para qualquer um. Se comprássemos um caminhão estragado só pra tirar os pneus, a caixa e o motor já dava R$ 1,5 milhão”, pontuou.

 

LICITAÇÃO

 

Ao ser questionado como funcionou o processo que está sob acusação, Melvis explicou que foi uma recomposição de frota, pois a empresa já possuía nove veículos da marca Perlini e deste número apenas quatro estavam em funcionamento. “Os outros quebraram e serviram para a retirada de peças. E surgiu essa proposta para nos venderem cinco Perlinis. Nós mandamos o nosso gerente de manutenção e o diretor para Minas Gerais, e eles olharam e gostaram, mas a gente viu que não podíamos comprar direto, embora tenha uma oferta da empresa. Assim abrimos uma licitação. Então não tem problema da empresa ter oferecido os caminhões antes. O que foi feito com esta acusação é um verdadeiro absurdo. Não tenho nenhuma dúvida que o processo vai ser considerado totalmente isento e legal, não tenho nenhuma preocupação referente a este aspecto. Até porque nós pagamos menos do que vale”.

Na oportunidade, ele também citou a parte da acusação que alega que a empresa sempre foi paga antecipadamente. “Os auditores negam os documentos do próprio processo, dizendo que pagamos antes, sendo que recebemos uma notificação do vendedor dizendo que ia nos colocar na Justiça pra receber a última parcela. Nós sempre pagamos com atraso”, confirmou.

 

SOBRE ESTRAGAR

 

Quando perguntado sobre os veículos adquiridos apresentarem problemas no primeiro mês de uso, o até então presidente da Companhia informou que os mesmos estavam há mais de seis meses fora de uso quando comprados, mas que a empresa vendedora sempre deu todo o suporte em relação ao conserto. “Quando tu coloca em um serviço pesado, dá um probleminha aqui e ali, mas sempre que estragou o fornecedor foi lá e trocou, coisas que até duvidamos se estava dentro da garantia, e mesmo assim o fornecedor trocou tudo o que nós pedimos. Já tivemos veículos zero km que estragaram no primeiro mês, estava na garantia, mas estragou”, afirmou. Sobre a exigência de horas trabalhadas dos veículos, Melvis disse que “colocamos o limite de hora de acordo com a nossa frota, pois sabemos que ela tem mais três ou quatro anos de vida útil”.

 

OPERAÇÃO

 

A respeito da operação policial, Melvis reclamou da forma como foi realizada, dizendo que não estão sendo tratados como bandidos. “Eles podiam ter ido na CRM e pedido tudo, o pessoal teria entregado. Mas precisa vir na minha casa às 7h da manhã com quatro policiais armados? Isso é espetáculo midiático, eles não estão lidando com bandido, estão lidando com pessoas sérias. O que fizeram com um servidor que tinha barras de ouro em casa. São 10 barrinhas de 10 gramas cada, tudo com certificado de compra, porque ele investe em ouro para deixar aos filhos. Um diretor ganha mais de R$ 30 mil por mês e não pode ter R$ 30 mil em ouro em casa? Isso são hábitos  de abuso de autoridade inaceitáveis, e eu vou tomar as providências como cidadão e vamos ver o que a Justiça vai dizer”, afirmou.

 

SERVIDORES ACUSADOS

 

Ao finalizar, o TP perguntou a Melvis como irá ficar a situação dos servidores que também estão sendo apontados no processo, e que também foram alvos de buscas da operação. “Os servidores não têm nada que ver. A licitação foi feita aqui em Porto Alegre, a compra foi feita aqui”, disse.

Na conclusão de sua fala, o até então diretor da CRM deixou claro que está tranquilo e que o foco a partir de agora será para provar que não teve nada realizado fora da lei. “Nós entendemos que a compra foi um ótimo negócio para a Companhia, compramos abaixo do valor de mercado e era uma recomposição de frota. Estou muito sereno e nós vamos agora buscar provar que o processo licitatório está totalmente adequado a lei. Vamos buscar os reparos necessários por danos morais e de imagem. Nós pegamos a Companhia com menos de R$ 2 milhões em caixa, com mais de R$ 5 milhões de dívidas e hoje não deve absolutamente nada. Estamos deixando a CRM com mais de R$ 40 milhões em caixa”, concluiu.

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