Previdência, o que é verdade?

Escrever sobre a verdade é complicado. Nem sempre o que eu acredito ser verdade também é verdade para quem lê o que escrevo. Questão de interpretação. Em tempos de VAR, no futebol, interpretar nem sempre oportuniza uma solução verdadeira para todos.
Tratando de previdência e do que está em debate também funciona assim.
O governo diz que para quem está aposentado nada vai mudar. Será? Basta ler a PEC (proposta de emenda à constituição) que “modifica o sistema de previdência social, estabelece regras de transição e disposições transitórias, e dá outras providências” para notar que isto não é verdade. E nem precisa procurar muito. Basta ver que as novas alíquotas que retém uma parte do salário para a previdência vão mudar e aumentar para quase todos que ganham mais que o salário mínimo. Estas novas alíquotas também valerão para os aposentados.
Quem ganha mais pagará mais. Será?
Analisando. Quase metade do trilhão esperado pelo governo como resultado da nova previdência tem origem no regime geral em não pagamento de aposentadorias e onde as pessoas que contribuem não trabalham no setor público. Esta economia virá porque o governo não pagará as pessoas que se aposentariam pela regra atual. Por exemplo, quem tem mais ou menos 50 anos e/ou não possui tempo de contribuição só poderá se aposentar aos 65 anos os homens e 62 anos as mulheres. Até lá, o governo não pagará aposentadorias a estes e vai economizar. Os mais pobres e os mais ricos perderão da mesma maneira ao não conseguirem se aposentar. O governo vai economizar mais com os que ganham mais, porém, todos perderão o mesmo direito, o de se aposentar.
Imagine alguém que pode se aposentar aos 60 anos e agora só poderá se aposentar aos 65 anos. Quanto ele perderá de aposentadoria nestes cinco anos a mais? Tudo. Seja pobre, seja rico. Se a perspectiva de melhorar de vida deste indivíduo era se aposentar para continuar trabalhando, toda sua perspectiva de vida acabou. Até os 65 anos se for homem ou 62 anos se for mulher. Isto é mais grave para os mais ricos ou para os mais pobres?
A previdência vai continuar no centro do debate nos próximos dias. O resultado da nova previdência na evolução da economia é imprevisível. Ninguém está debatendo que todos que contribuem com a previdência e têm algum poder aquisitivo ficaram mais pobres com as novas regras, exceto os que ganham em torno de um salário mínimo.

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