A reportagem do jornal Tribuna do Pampa conversou por internet com o primeiro médico cubano que atuou em Candota, Maikel Ramires Valle, que mora na cidade litorânea de Pinar Del Río – considerada a capital cubana do tabaco e de onde saem os melhores charutos do mundo. Maikel trabalhou de 2013 a 2016 em Candiota, atendendo principalmente a região dos assentamentos.
O médico chegou a se envolver numa polêmica de repercussão nacional, com o Sindicato Médico do RS (Simers), que o denunciou por ter realizado um encaminhamento no Pronto Atendimento do município (é vedado um profissional do Mais Médicos atender em unidades de urgência e emergência e sim apenas na saúde básica). O Simers pediu a saída do médico e do município do programa. Candiota alegou, na época, que o procedimento foi pontual e foi pelo bem maior que é a vida. O Ministério da Saúde indeferiu o pedido do Simers.
Maikel lamentou a saída de Cuba do programa, entretanto entende que o Brasil deve procurar desenvolver seus próprios serviços de saúde. “No tempo que eu e meus colegas estivemos no Brasil, acho que fizemos valer o juramento de Hipócrates e os pensamentos de Esculápio com a Medicina. Cumprimos nossa missão de garantir a cobertura médica nos lares mais carentes e afastados geograficamente. Atendemos com carinho e amor os mais necessitados”, disse, lembrando que numa comunidade quilombola de Candiota, seu nome ficou registrado numa criança, que se chama Carlos Maikel.
Quanto a questão salarial levantada pelo presidente eleito, o médico disse que todos os profissionais são cientes das condições antes de vir para o Brasil. “Não existe dinheiro que pague tanta satisfação espiritual. Em Cuba estudamos e praticamos uma medicina humanizada e com muita qualificação. Da realidade de Cuba se conhece pouco, a maioria das redes de comunicação publicam o que quiser, nunca colocam os avanços que temos na esfera social e científica. A realidade é que não existem crianças de rua, com fome e desprotegidas, Não há sequestrados, drogados e armas de fogo. As pessoas vivem mais tranquilas. Nosso país têm um bloqueio econômico de quase 60 anos imposto pelos Estados Unidos. Mas os cubanos não baixam a cabeça. Cuba têm um exercito de médicos que vão aos países oferecendo amor e paz. As principais fontes de ingresso monetário nossas são a exportação de seus recursos humanos na esfera científica e dos serviços médicos, assim como o turismo internacional. O dinheiro é utilizado por toda a sociedade. Em Cuba compartilhamos o que temos”, disse.
Por fim afirmou que não conhece as estatísticas, mas acha que a satisfação dos brasileiros pelo Mais Médicos é muito alta. “Em minha experiência sempre encontrei uma boa aceitação do povo, da Secretaria e equipe de Saúde e também das autoridades do município. Me ajudaram muito desde o principio até o final. Fica meu abraço sincero às famílias humildes e trabalhadoras do Brasil”, finalizou.