No último dia 20, a Companhia Riograndense de Mineração (CRM), completou 55 anos de atividades com eventos dedicados aos colaboradores. Em Candiota, uma solenidade aconteceu no CTG Luiz Chirivino com a presença do presidente da Companhia, Ademir Baretta e da secretária Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, Marjorie kauffmann, tendo em vista a CRM ser ligada a pasta.
Mesmo com as contas em dia e o caixa positivo em 2024, a possibilidade de privatização da CRM ainda é pauta. Importante lembrar que o plenário da Assembleia Legislativa do Estado, aprovou no dia 2 de julho de 2019, a venda da CRM, assim como da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), já vendida e hoje denominada Equatorial Energia; da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás), vendida em 2021 em leilão e da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), também já vendida em 2023 e hoje Aegea– projetos enviados para apreciação do governador Eduardo Leite. Quanto à CRM, na ocasião, o plenário aprovou o PL 264 2019, que autorizava o Poder Executivo a promover medidas de desestatização da Companhia Riograndense de Mineração (CRM). A matéria recebeu 40 votos favoráveis e 14 contrários.
A CRM está em pleno funcionamento e durante visita ao jornal, o presidente Ademir Baretta foi questionado sobre o tema que confirmou ainda ser pauta presente dentro da Companhia. Ele disse que ao contrário das demais, que eram deficitárias e causavam problemas ao Estado, a CRM se mantém. Ele explicou as vendas das outras antigas estatais. “A CEEE foi pioneira porque ela era extremamente deficitária. O governo tinha que se livrar. Posteriormente, a Sulgás chegava com essa energia e o governo não tinha a celeridade que o mercado queria, o governo vendeu por ineficiência e não por prejuízos. A Corsan foi vendida por prejuízos, estava em quase 400 municípios, todos com problemas. A Corsan ia lá, abria uma rua e não fechava, não chegava água de um extremo ao outro da cidade. A gente costuma dizer que tinha 400 prefeitos, 400 vice-prefeitos e no mínimo 4 mil vereadores incomodados com a questão Corsan. Todo esse universo de agentes políticos chegava no governador, no vice-governador, no secretário. O governo desestatizou e se livrou desse problema”.
Especificamente sobre a CRM, Baretta afirmou que o carvão não é problema. “As pessoas não conhecem a CRM. Então o carvão está presente em meia dúzia de comunidades e não gera problemas. Nós não vemos o prefeito Folador, por exemplo, ir ao governador e reclamar que tem problemas com o carvão. Então é um tema que não leva problemas ao governo e hoje a Companhia tem autonomia financeira. Então, digo que ela faz parte sim do projeto de desestatização, mas não incomoda o Estado e o projeto não evolui”, disse o presidente, acrescentando que “vai ser feita uma pesquisa sobre a Transição Energética Justa que nós queremos nos preparar. Santa Catarina já tem um marco de 20 anos. A Usina Pampa tem mais 20 anos. Neste período queremos que aconteça uma transição justa, que a CRM possa minerar, tempo necessário para diversificarmos a economia como já se faz com outras culturas, mas acima de tudo, buscar alternativas para podermos limpar o carvão, queremos o protagonismo do carvão”, manifestou Baretta.
Após ter visitado a Mina de Candiota, a secretária de Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie kauffmann, ao ser questionada sobre a privatização da Companhia, a secretária falou em realização de estudos. “Recentemente fizemos um trabalho de levantamento de toda a viabilidade técnica e econômica da CRM, e neste momento nós estamos aí verificando os resultados para avaliar qual é a melhor alternativa para a população gaúcha para esta Companhia. Então não podemos dizer que existem tratativas quanto à privatização ou não, porque nós ainda estamos fazendo um estudo apurado de todos os ativos e os passivos que esta Companhia oferece, porque ela sendo uma empresa pública ela tem que ter uma utilidade, um benefício a toda população gaúcha”, manifestou Marjorie.
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
A secretária Marjorie também informou que um estudo está sendo feito acerca das possibilidades de uso do carvão mineral visando uma transição energética justa. “A CRM, sendo uma companhia estatal, ou ainda, se não fosse, ela teria obrigatoriamente uma participação fundamental dentro dos desenhos do estudo de transição energética, porque a sustentabilidade da cadeia, da matriz, ela se dá pela diversificação. Então, sendo mais uma fonte energética, ela obrigatoriamente tem que estar dentro do estudo e, com certeza, a empresa que o Estado contratou fará uma grande verificação na região das influências econômicas, sociais e energéticas desta fonte, que é uma fonte que o Rio Grande do Sul tem e que muitos estados e outros países sequer têm a possibilidade de explorar essa energia de fonte térmica, que é uma energia segura”.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*