Produtores e apoiadores da categoria do leite de diferentes municípios da região participaram, na semana passada, de uma manifestação em frente à Câmara de Vereadores de Bagé. O objetivo era entregar um documento ao presidente do Legislativo, Carlos Adriano Carneiro (Esquerda), do PTB, com cinco reivindicações, solicitando medidas a serem adotadas para a viabilidade da atividade que, segundo a categoria, está comprometida, para ser entregue soa governos estadual e federal.
A ação, denominada “A vaca está secando, não deixe a vaca morrer” alcançou o objetivo esperado pelo grupo. Segundo uma das organizadoras, a produtora de Hulha Negra, Rosangela Soares Willrich, destacou que muitos produtores estão desistindo da atividade, visto que o valor pago não está cobrindo os custos. Ela conta que a produção é entregue para empresas diariamente e os produtores nunca sabem o valor que vão receber, pois depende da qualidade analisada pela empresa. Ela porém disse que a manifestação foi positiva. “Conseguimos chamar a atenção das autoridades e da comunidade para o drama que estamos vivendo. Queremos que saibam da nossa dificuldade”, manifestou.
Cerca de 100 pessoas participaram. Rosângela relatou que o número poderia ser bem maior, mas o grande volume de chuvas que atingiu a região impossibilitou a presença de produtores. “Alguns ficaram ilhados devido a alagamentos, outros sem energia elétrica, fazendo com que eles ficassem nas propriedades para não ocasionar problema nos tambos e teve caso de produtores atolados, o que já mostra um pouco da nossa realidade”, expõe.
APOIO DO LEGISLATIVO – O presidente do Legislativo, Carlos Adriano Carneiro (Esquerda), do PTB, atendeu os produtores. Em via pública ele ressaltou que será realizada uma moção de apoio em conjunto com a Prefeitura de Bagé para auxiliar os produtores. Segundo Esquerda, o documento entregue pelos produtores será entregue ao governo do estado e, posteriormente, em Brasília durante uma reunião do prefeito Divaldo Lara.
REIVINDICAÇÕES – No documento entregue a Esquerda, a categoria relatou a situação que atravessa o setor de produção de leite na região e solicitou providências com base na Constituição Federal, que diz que compete aos municípios em comum com a União e os Estados, fomentar a produção agropecuária e combater as causas de pobreza e fatores de marginalização dos setores desfavorecidos.
A categoria solicitou as seguintes reivindicações: suspensão da importação de leite e derivados lácteos de países membros do Mercosul – principalmente em pó que possui custos mais baixos de produção no Uruguai e Argentina -; permissão para a produção de queijo artesanal – que hoje só é permitido para outras regiões – e seria uma forma de agregar valor e escapar do cartel dos laticínios; fixação de um preço mínimo ao produtor do leite – hoje a indústria impõe o preço de compra e entrega o leite por 30 dias sem saber o valor que vai receber – ; redução do ICMS na conta de luz do produtor de leite – hoje a alíquota é de 30%, que acaba por incidir também sobre ele mesmo, o que faz o ICMS realmente pago pelo produtor ser no percentual de 48,42% do valor de seu consumo; manutenção de estradas e acessos aos tambos – que principalmente em períodos de chuva não apresentam as condições necessárias.