EDUCAÇÃO

Projeto para construção de praça une estudantes e instituições na escola 15 de Junho

Praça das Cores surgiu a partir de um projeto de mestrado

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Alunos trabalharam com muito entusiasmo na construção da praça Foto: Divulgação TP

A necessidade de desenvolver um projeto para a pesquisa de mestrado da estudante Vanessa Scheeren, resultou na construção da Praça das Cores, na escola rural 15 de Junho, localizada no interior de Hulha Negra. A pesquisa está vinculada ao Programa de pós-graduação mestrado acadêmico em ensino da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), campus Bagé, e o seu desenvolvimento resultou na dissertação de mestrado, intitulada “Projeto como potencializador da consciência crítica de estudantes de uma Escola do Campo”, orientada pela professora Sonia Junqueira.

A realização do projeto mobilizou a direção da escola, estudantes, cooperativas e até a Prefeitura de Hulha Negra, onde cada um contribuiu para uma parcela do projeto e construção de uma praça na escola. Em relato ao TP, Vanessa Scheeren contou que a escolha da pesquisa na escola 15 de Junho é resultado de uma relação particular dela com a escola, visto ter sido aluna em parte dos Ensino Fundamental e Médio. “Depois cursei Matemática – Licenciatura na Unipampa e ao ingressar no mestrado, vi a possibilidade de retornar a escola para desenvolver a minha pesquisa em um contexto e em uma instituição que foi tão importante para minha formação”, conta.

Conforme a mestranda, a pesquisa teve como objetivo investigar como um projeto, caracterizado por uma situação aberta de ensino-aprendizagem, potencializou a consciência crítica de estudantes do Ensino Médio de uma escola de assentamento rural, considerando valores e princípios da concepção de Educação de Paulo Freire, da Educação do Campo e da Educação Matemática Crítica.

O projeto foi desenvolvido com doze estudantes, onde a partir da sua realidade, definiram um tema para ser abordado. Dentre os pontos sugeridos o tema “espaço de lazer e convivência – praça” foi eleito com a justificativa da ausência de espaços como esse na escola e nos assentamentos.

Espaço ganhou vida através de uma diversidade de cores

Segundo explica Vanessa, o projeto foi além do papel. “Os estudantes não queriam apenas realizar uma pesquisa sobre uma praça, calcular os custos e/ou compreender os fatores necessários para que um espaço como esses pudesse ser construído, sua intenção era de fato construir uma praça como forma de transformar a condição vivenciada e proporcionar aos alunos da escola e à comunidade, um espaço aberto de lazer, convivência e entretenimento. A proposta foi acolhida e apoiada pelo diretor Erni de Picoli e pelo vice-diretor João Benedito dos Santos, e se fortaleceu ainda mais quando tomamos conhecimento de que a escola já tinha a intenção de construir um parquinho para as crianças, a partir de uma proposta elaborada pela professora Cleonice da Cruz”, explica.

Para realizar o planejamento da praça, com espaço disponível e disposição dos itens, foi elaborada uma planta baixa. “Nesse momento, novamente a matemática ganhou espaço no projeto e envolveu os alunos da turma em processos de medição do terreno e dos itens a serem construídos, em cálculos relacionados à escala de redução, à área e volume, entre outros conhecimentos ligados à geometria. Assim, a matemática foi abordada com base em demandas que foram surgindo ao longo do processo”, acrescenta.

A praça foi construída através de doações. Segundo Vanessa, empresas de Hulha Negra e de municípios vizinhos, assim como cooperativas, sendo uma a Coptil, fizeram doações. A Prefeitura de Hulha Negra possibilitou o aterramento da área da praça que era muito úmida e a doação de pneus velhos. “A construção da praça envolveu toda comunidade escolar. Foi realizado um mutirão com os pais, alunos e professores que, durante um dia inteiro de trabalho, construíram diversos itens que começaram a caracterizar a praça, que foi inaugurada no mês passado”, conta.

A mestranda acrescenta também, que o projeto terá continuidade, sendo que a cada ano uma turma ficará responsável pela manutenção do espaço. Vanessa comemora o resultado obtido. “Além do benefício concreto trazido pelo projeto à escola e à comunidade, oferecendo um espaço de lazer que antes não existia, entendemos que o trabalho com projeto, quando baseado em situações reais propostas pelos estudantes e intimamente relacionadas à realidade em que estão inseridos, se mostrou um importante recurso para potencializar a formação crítica, política e social dos estudantes, que se mostraram engajados com as questões sociais que interferem na sua vida e na vida da comunidade. O projeto também mostrou que a matemática está presente nas mais diversas situações reais e pode ser trabalhada a partir dessas situações, atribuindo um significado real aos conhecimentos que são trabalhados em sala de aula”, conclui.

Grupo responsável pela construção da Praça das Cores

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