ESPECIAL SKATE

Projeto Tempest visa a valorização do skate de forma saudável e educativa

Projeto é desenvolvido em Bagé há cerca de um ano

Projeto Tempest visa ampliações na pista de skate de Bagé e a valorização do esporte contra a criminalidade Foto: Divulgação TP

Com o objetivo de motivar a prática de esporte saudável para jovens de forma que sejam afastados de situações de risco ou criminais, surgiu o projeto Tempest, em Bagé, voltado a prática do skate e idealizado pelo arquiteto e urbanista Lucas Gonçalves.
Ao jornal Tribuna do Pampa, o arquiteto disse que o skate, como qualquer esporte, é um provedor de oportunidades sociais, inclui o jovem na sociedade como atleta, pessoa e instrui na educação. Ele destacou também, que o skate é um esporte provedor de pessoas que insistem, persistem e não se frustram com as quedas, por isso o contexto voltado à discriminação e educação. “É um esporte de levantar e tentar de novo. Mesmo sendo um esporte individual, é provedor de alegrias em grupo, de compartilhar a felicidade do próximo pelo acerto, é torcer, é ser amigo e é estender a mão quando necessário”, ressaltou.

O skate é considerado hoje como um esporte olímpico e uma profissão de carteira assinada para atletas profissionais. O projeto Tempest possui um viés social através de oportunidades para jovens que escolheram como o esporte preferido o skate, porém lado a lado está o viés patrimonial, por meio da estruturação de locais apropriados.

Segundo explicou Gonçalves, o Tempest constitui também de projetos urbanísticos como ampliações, reformas, revitalizações de espaços degradados e de mau uso. “Uma praça é zoneada por setores, estes quais cada um delimita funções distintas. Em Bagé temos a projeção da pista pública de skate localizada na praça do Bradesco, na rua Melanie Granier, bairro Menino Deus. Na praça há apenas uma zona de esporte que é onde a pista pública de skate está projetada, em seu restante, apenas áreas de convívio e de descanso. Quando tratamos uma praça como projeto paisagístico e de funções urbanas, podemos zonear setores para fins similares, como por exemplo, espaço recreativo, quioesques e playgrounds, áreas culturais com apresentações artísticas. Na área atual voltada para amadores e profissionais, é possível zonear o espaço, criando uma pista de velocidade (pumptruck) e para cadeirantes. Com todo o desenvolvimento de um projeto urbano/paisagístico no local, podemos ter a certeza do usufruo das zonas e com isso saber que o local será sempre bem movimentado e frequentado, fazendo com que não seja para uso de substâncias ilícitas e errôneas, dando uma melhor qualidade de vida para todos os frequentadores”, explicou o arquiteto.

ASSOCIAÇÃO – O skate se tornou um esporte olímpico e a partir daí há regulamentações de novas leis. Para a ampliação do projeto e fortalecimento da modalidade é necessária a criação de uma associação. Conforme Gonçalves, uma entidade já existiu na cidade e em razão disso, está ocorrendo atualmente uma preparação junto a Confederação Brasileira de Skate (CBSK). “Com a associação na cidade, poderemos promover eventos de skate como circuitos entre as associações do estado com o intuito de identificar os melhores atletas, instruí-los e educá-los para que possam desenvolver suas qualidades. Além disso, poderemos promover eventos sociais para incluir os jovens no esporte, gerar um lucro econômico para a cidade, como já ocorreu anteriormente em eventos onde eram reunidos aproximados três mil skatistas, colaboradores e simpatizantes, tendo marcas nacionais, atletas profissionais de nível mundial já vistos aqui na nossa cidade. Com isso, a economia irá ter um ganho e uma ótima visibilidade por acolher skatistas profissionais de renome mundial”, expôs.

O idealizador do projeto falou sobre parcerias. Ele contou que o projeto Tempest, lançado há cerca de um ano, contou apoio do setor privado relacionado a lojas e marcas, ao setor de saúde com disponibilização de máscaras e álcool gel para os movimentos realizados durante a pandemia de Covid-19. Quanto ao setor público, até o momento não houve mobilização para auxílio de forma efetiva ao esporte ou ações de infraestrutura para reformas ou construções de pistas.

Há, por outro lado, uma perspectiva positiva para o futuro do skate na cidade. De acordo com Lucas, contatos já estão surgindo e podem tornar possível a realização do projeto de revitalização da praça em prol da prática de skate. “O projeto consiste em melhorar o espaço público levando esporte, saúde e lazer aos jovens, podendo promover mudanças significativas na vida de muitas pessoas. Ao médio e longo prazo, pensa-se em uma ampliação da pista atual de skate, pois existe a possibilidade em razão do espaço possível de ser construído ser enorme, fazendo com que a cidade de Bagé seja um dos grandes centros do estado para futuros eventos estaduais, regionais e internacionais, proporcionando aos jovens de hoje a possibilidade de seguirem um sonho, de se tornarem profissionais e representarem em grandes competições, como as Olimpíadas, por exemplo”, finalizou o arquiteto ao falar sobre o projeto.

LUCAS GONÇALVES – Hoje com 24 anos, Lucas Gonçalves contou ao jornal ter começado a andar de skate entre 2007/2008 aos 12 anos. Segundo ele, o gosto surgiu após perceber o movimento skatista nas ruas, principalmente nos campeonatos que aconteciam ao largo da rua Caetano Gonçalves, em frente ao Departamento de Água e Esgoto (Daeb) de Bagé quando ainda não havia uma pista de skate na cidade.

Lucas Gonçalves é formado em Arquitetura e Urbanismo e planeja um melhor espaço na pista de skate da praça do Bradesco Foto: Divulgação TP

Ele contou que por ser muito novo e morar longe, começou a usar o skate como meio de transporte. “Via o pessoal mais velho se ajudando, brincando e comemorando com as manobras dos outros e comecei a gostar mais do movimento. Como eu era muito jovem, tinha tempo para aproveitar e andar de skate. No verão cheguei a passar 10 horas por dia andando de skate, convivendo com uma turma que só queria saber de andar de skate e com isso aprendi o real sentido de que skate não é só esporte, mas sim um estilo de vida”, lembrou.

Lucas completa expondo seu sentimento com relação ao skate. “Ser um skatista não significa saber dar as melhores manobras, o skate é muito mais que apenas um esporte, é união, é vivência, é uma fuga que podemos ter dos problemas que acontecem na vida. Andar de skate é se sentir livre pelas ruas e saber que não estará sozinho, por que onde tem um skatista, tu encontra um amigo”, manifestou.

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