RURAL

Propriedade de Pedras Altas realiza primeira colheita de azeitonas

Família apostou nas oliveiras e já contabiliza também os primeiros litros de azeite extra virgem em caráter experimental

Paulo Centeno apostou no plantio das oliveiras por ser um projeto inspirador e lucrativo Foto: Divulgação TP

O dia 12 de fevereiro foi considerado histórico para a Estanzuela e para a cidade de Pedras Altas. Na oportunidade, foram produzidos os primeiros litros de azeite extra virgem com um blend de 10% Arbequina, 40% Picual e 50% Koroneiki por meio da primeira colheita experimental de azeitonas.
A propriedade do engenheiro agrônomo Paulo Roberto Lemos Centeno, teve o pomar plantado em outubro e novembro de 2017, com cerca de 7.000 plantas em 25 hectares (ha), espaçamento de 7 x 5, densidade de 285 plantas/ha, das variedades Arbequina, Koroneiki, Picual, Coratina e Frantoio. Ao TP, ele falou em experiências e explicou que de maneira geral as oliveiras começam a produzir a partir do terceiro ano, ainda desuniforme e com uma quantidade pequena de frutos, em torno de 1 kg por árvore, e vai aumentando até a sua maturidade, por volta de seus oito anos, com produção média de 25 kg por planta, podendo chegar a muito mais. O rendimento das azeitonas em azeite é em torno de 10%, também dependendo da variedade, para cada 10 kg de fruto colhido, produziremos um litro de azeite.
“Durante esses três anos, tivemos muitos aprendizados, que vão desde a escolha das mudas, local do plantio, forma de preparo do solo, adubação e calagem, plantio, poda, tratos culturais até a simbólica primeira colheita. Neste momento estamos focados em consolidar aprendizados e dar consistência ao que temos, mas entendemos que podemos avançar muito no aumento da área e na exploração que um negócio com essas características pode proporcionar, como os subprodutos da oliveira, a exploração do turismo, o consórcio com ovinocultura e seus produtos com valor alto agregado. A Estanzuela é uma empresa com terra fértil, que está sendo preparada para gerar valor para a sociedade e para quem se relaciona com ela”, destacou Paulo Centeno.
Segundo Centeno, a industrialização do azeite ocorreu na propriedade do empresário Eduardo Batalha, porém faz projeções. “Nosso objetivo é ter a nossa própria indústria de azeites no futuro. Esse ano é experimental, tanto para azeite quanto azeitona de mesa, mas a ideia é ter os dois”, disse o produtor bastante otimista.

RELAÇÃO COM A CIDADE – Centeno contou ao TP que em Pedras Altas estão muitas de suas raízes, incluindo férias escolares, infância e momentos felizes ao lado da família. Após passar por especializações em universidades dos Estados Unidos e São Paulo, depois de quase 20 anos fora da região, resolveu retornar e implantar o novo projeto que, segundo ele, tinha como propósito harmonizar o melhor da vida: família, vida no campo e a profissão como gestor de empresas.
Ele relembrou um pouco da história que envolve seus antepassados. “Meu trisavô pelo lado materno, o comendador Manoel Faustino D’Ávila, dono da antiga estância Vista Alegre, foi quem proporcionou o início da povoação da cidade em 1898, doando terrenos de sua propriedade a agregados e amigos. Meus avós, tios e pais, também dedicaram grande parte das suas vidas desenvolvendo atividade pecuária a partir da estância Vista Alegre, que desde a morte de meu avô Floriano de Lemos em 2002, foi dividida em três fazendas, a Vista Alegre, administrada pela minha tia Elisabeth Lemos, o Cerro Mirador, dos meus tios Luiz Arthur e Terezinha Vallandro, e a Estanzuela, administrada pelos meus pais Gilberto e Maria Helena Centeno. Em 2016, comprei 45 ha dos meus tios, da Fazenda Cerro Mirador, ao lado da Fazenda Estanzuela, propriedade dos meus pais, para implantar o projeto de olivicultura”, contou o engenheiro.

Oliveiras foram plantadas em 2017 na Estanzuela Foto: Divulgação TP

AS OLIVEIRAS – Paulo Centeno contou que após realizar alguns estudos investiu no projeto dos olivais – considerado inspirador, relevante e lucrativo. “Na história, as oliveiras eram consideradas símbolos de sabedoria, paz, abundância e glória para os povos e o azeite, usado desde os primórdios até os tempos atuais, é considerado um tempero indispensável para dar mais sabor à vida. O óleo extraído da oliva sempre foi um produto de múltiplas funções: de combustível a medicamento. Foi objeto de estudo de filósofos, médicos e historiadores em razão das suas propriedades benéficas ao ser humano. O Azeite é um produto milenar e as oliveiras são cultivadas desde 3.000 anos a.c.”, relatou.
Com base em estudos, ele disse que o mercado atrativo, a rentabilidade do negócio e a relevância para a sociedade o levaram a produção das oliveiras. “O Brasil é o 7º maior mercado consumidor do mundo e em 2023 será o 5º maior consumidor, com população atual de 209 milhões de pessoas; Quase 100% do azeite consumido no Brasil é importado; O consumo médio per capita de 350 ml de azeite de oliva no Brasil tem uma grande lacuna a preencher, se comparado com outros países. Além do grande mercado brasileiro, temos excelentes condições geográficas para vender azeite para todo o mundo. Nossa propriedade fica a 150 km do porto de Rio Grande, o que nos dá acesso marítimo à América do Norte, Europa e Ásia. Além disso, o Brasil faz fronteira com 10 países da América do Sul”, expõe.
O produtor ainda amplia. “Em nossos estudos, o negócio de azeite deixa uma taxa interna de retorno de cerca de 35% e tem um Payback (retorno do investimento) em torno de 8,5 anos. Além do azeite, a olivicultura apresenta outras formas atrativas de negócios, como azeitonas de mesa, cosméticos para saúde e beleza, chá, ração animal, fertilizante e outros”, manifestou o produtor, concluindo: “Além dessa visão estratégica, um dos fatores decisivos para entrar no negócio e motivo de muita inspiração, foi uma conversa com o empresário Luiz Eduardo Batalha, da fazenda Guarda Velha. Ele é um homem de sucesso, experiente, um dos pioneiros no negócio de olivicultura no Brasil e a quem devo muita admiração e respeito”.

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