RECONHECIMENTO

PTG Combate do Seival faz homenagem à memória de patrões e sócios já falecidos

Galeria com o lenço e o nome de cada homenageado Foto: Divulgação TP

Em 29 de julho de 1988 o PTG Combate do Seival foi fundado, tendo como primeiro patrão Clauber Brenorlei Pinheiro. Atual­mente, a entidade está sob a respon­sabilidade de Horácio Pinheiro. A entidade foi construída com a ajuda de algumas pessoas, que juntas, ergueram um local que agrega na cultura e na vida de muitas pessoas que passam por ali. No último dia 20, a patronagem realizou uma noite de homenagens a cinco homens já falecidos, que foram sócios e patrões do PTG. A família do quinto home­nageado optou por não falar.

O RECONHECIMENTO A ideia da homenagem surgiu por meio de umas das integrantes da patronagem, Adriana Lima, que pensou em uma forma de deixar registrado o nome dessas pessoas que somaram e bata­lharam para que hoje, a comunidade pudesse ter um local para cultivar as tradições gaúchas. Para registrar cada pessoa e história, Adriana pediu a cada família um dos acessórios pessoais mais usado pelos gaúchos, o lenço.

“Eu queria alguma coisa que fosse do uso pessoal deles, e que fosse algo que eles mais gostassem, então pensei no lenço. Eu sabia que cada um deles tinha adoração por esse acessório, e com certeza a família tinha guardado”, explicou Adriana, contando que no dia ficou nervosa e emocionada só em imagi­nar como seria o momento. “Quando vi os primeiros familiares chegando, deu um frio na barriga e foi ma­ravilhoso ver que eles aceitaram e gostaram da minha ideia”, falou.

O atual patrão Horácio Pinheiro falou da importância em homenagear as pessoas que con­tribuíram para a construção do PTG. “Acho muito importante ho­menagear as pessoas que estavam sempre participando nas festas e nas decisões, podíamos contar com eles que estavam sempre participando”, afirmou.

HOMENAGEADOS Alguns fo­ram sócios remidos e outros foram patrões, mas a maioria deles já ocupou as duas funções na entida­de. A equipe do TP conversou com as famílias de cada homenageado, que emocionadas, falaram sobre o momento.

JOÃO MANOEL RODRIGUES O seu João, como era conhecido por todos, foi sócio fundador e também patrão do Combate. Uma de suas filhas, Márcia Porto, foi na noite da homenagem colocar o primeiro lenço de seu pai no mural.

Ao falar da emoção que sentiu quando recebeu a ligação da Adriana, Márcia disse ter ficado grata pelo gesto. “Faz sete meses que meu pai faleceu e ele gostava muito de estar envolvido no piquete. Achei perfeito que o primeiro lenço de gaú­cho dele ficasse nas dependências da entidade, então nos sentiremos eternamente agradecidos pelo reco­nhecimento a ele pela dedicação de anos no Combate”, disse.

Márcia ressaltou a impor­tância da entidade para a família, citando que ela e as sobrinhas foram prendas do PTG, seus sobrinhos foram peões e suas filhas partici­param por anos da invernada. “Fiz parte da primeira invernada artística da entidade, e só me orgulho em fazer parte da história do PTG. Isso tudo faz parte das nossas vidas por gerações, e as rondas, desfiles de ca­valarianos, além do amor pela nossa entidade, jamais serão esquecidos”, afirmou, agradecendo a Adriana e os demais membros da patronagem pela homenagem. “Foi uma noite emocionante”, finalizou.

PAULO LUIZ PEREIRA PORTO O seu Porto foi um dos homenage­ados por ter sido sócio remido e sem­pre ativo nas atividades da entidade. Sua filha mais nova, Pâmela Dias Porto, não pôde se fazer presente na noite da homenagem, mas mandou o lenço preferido do pai para ficar registrado no mural.

Pâmela disse que para muitos a homenagem pode parecer sem sentido, mas que para ela foi um ato lindo e mostra o quanto seu pai e os demais, somaram na história da entidade. “Quando eu fiquei sabendo da homenagem que o PTG iria fazer para meu pai, fiquei muito feliz e emocionada. Eu sabia o quanto ele gostava de estar lá e o quanto ele batalhou para que fosse fundado”, contou.

Seu Porto, nasceu no dia 20 de setembro, o que tornou o mo­mento ainda mais emocionante. “Foi muito difícil passar por mais um 20 de setembro sem meu pai, e acabou que não consegui estar presente no ato de homenagem. Ainda mexe muito comigo a perda de meu pai, emoções tomam conta de mim”, reforçou Pâmela.

Além disso, a jovem falou sobre sua participação dentro das tradições do PTG. “Desde muito pe­quena frequentava o PTG Combate do Seival, fui prenda dente de leite, mirim e adulta. Participei por longos anos da invernada, o PTG foi minha segunda casa”, destacou, explicando que neste ano não participou de ne­nhuma atividade tradicionalista por ser o primeiro ano sem a presença do pai, já que no ano passado os fes­tejos não aconteceram por conta da pandemia. “Tenho carinho enorme pela entidade, que por muitos anos foi a minha, de minha mãe e de meu pai nossa segunda casa. Gratidão”, enfatizou.

VITAL CARDOSO ABREU Sócio fundador e patrão, seu Vital Abreu também contribuiu na história da entidade e ajudou a construir um espaço que sua família frequenta até os dias atuais. Sua filha Margarida Abreu levou o lenço para deixar pendurado junto ao seu nome, uma maneira simples de eternizar uma pessoa que foi muito ativa na enti­dade e na comunidade.

Margarida disse que ficou emocionada com a homenagem, destacando a importância de saber que seu pai fez coisas boas e que é lembrado com carinho por todos. “O Combate do Seival já faz parte de nossas vidas há muito tempo, desde que foi fundado, meu pai sempre passou para mim a importância do tradicionalismo. Um lugar onde todos admiram e se respeitam, onde todos trabalham para manter viva a tradição. Eu e meu marido criamos nossos filhos dentro desta entidade humilde, mas acolhedora e foi uma honra receber essa homenagem”, acentuou.

E como tradição é algo que passa de geração para geração, a neta de Vital, a pequena Júlia Abreu Beck participou ativamente dos festejos farroupilha neste ano. Já no começo, ela pediu que o pai a levasse na cavalgada de busca da Centelha Farroupilha. Júlia também participou de um ato muito especial na entidade, pois foi ela quem acendeu e apagou a Chama Crioula 2021.

Margarida, como mãe, falou do orgulho que sentiu da filha. “Ver a alegria dela nesses momentos faz a gente ver que estamos no ca­minho certo. Estamos sempre incen­tivando ela, pois na minha opinião, os CTGs e Piquetes são os melhores lugares para criar nossos filhos. Para encerrar a Semana Farroupilha, a Júlia foi convidada a apagar a chama e tenho certeza que ela nunca vai esquecer esses momentos”, desta­cou, contando que a pequena ficou emocionada com a homenagem que o avô recebeu. “Embora ela sendo muito pequena quando ele faleceu, falamos nele diariamente para que ele fique na memória dela também”, enfatizou Margarida.

Júlia com o lenço do avô Foto: Divulgação TP

NEY OLIVEIRA Seu Ney foi sócio remido do PTG e sempre cultivou as tradições e o amor pelo Seival. Sua esposa Analice Nunes foi quem colocou o lenço do amado no mural da entidade. Ao falar da homenagem, Analice disse que o momento foi muito lindo e que ela se emocionou. “Fiquei muito contente e feliz com ele sendo homenageado, ele foi sócio remido e sempre participou muito das atividades. Ele sempre dizia que a casa que ele se sentia bem era ali, pois sempre foi bem recebido por todos”, falou a esposa, relembrando da sua participação nos desfiles dos cavalarianos, dizendo que ele só deixou de participar quando não conseguiu mais andar a cavalo.

Filho, neta, nora e bisnetos se fizeram presente no evento que foi carregado de emoção por todos. Analice e o filho de seu Ney deixa­ram na entidade o lenço que ele mais gostava.

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