PATRIMÔNIO HISTÓRICO

Reforma no telhado do Castelo de Pedras Altas representa um ato importante de preservação

O monumento vinha sofrendo muito com infiltrações e goteiras

Sem reparos desde 1970, estrutura estava bastante comprometida, causando infiltrações no monumento Foto: J. André TP

O último dia 6 de agosto pode sim ser considerada uma data importante para o Castelo de Pedras Altas, construído no início do século 20 pelo advogado, político, orador, escritor, poeta, prosador, diplomata e estadista gaúcho e brasileiro, Joaquim Francisco de Assis Brasil, para presentear a sua amada esposa Lídia Pereira Felício de São Mamede.

Naquela recente sexta-feira de sol e clima agradável, além da visita de uma comitiva da Justiça Eleitoral gaúcha, que pretende encontrar maneiras econômicas para preservar o monumento, também foi o dia em que foi dada como entregue a obra de reforma do telhado do castelo. “A conservação para nós é essencial”, afirmou ao TP na ocasião, a neta de Assis Brasil, Maria Cecília, quando informou sobre a conclusão das obras no telhado.

A filha de Francisco, o primogênito de Assis Brasil, lembrou que a Castelo estava perecendo em função das infiltrações e goteiras, comprometendo a estrutura e tudo que tem dentro do imóvel. “Em dias de chuvas era muito triste”, conta ela.

Na década de 70, a solução na época para as infiltrações foi um telhado de fibrocimento sobre a laje original Foto: Divulgação TP

DESAFIO – Num esforço conjunto entre a família e o Ministério Público de Pinheiro Machado, foi assinado recentemente um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), onde se conseguiu uma espécie de consenso familiar sobre a preservação do monumento tombado pelo Patrimônio Histórico do RS.

Conforme explica o promotor Adoniran de Almeida Lemos, a legislação brasileira sobre patrimônio histórico é esparsa e escassa, tornando o trabalho ainda mais difícil. Adoniran explica que a reunião dos 17 herdeiros ou responsáveis para a assinatura do TAC foi um passo importante na preservação. “Tem muita gente querendo a mesma coisa, se agregando. O MP não impôs nada, apenas ajudamos no consenso familiar para a preservação”, assinala, lembrando que o acordo tem a supervisão técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae).

Maria Cecília confirmou o que o promotor referiu, dizendo que hoje há uma união da família em torno da preservação. “A família está unida neste objetivo”, afirmou, pontuando que é consenso também a ideia de vender o patrimônio para alguém interessado em preservar e até explorar turisticamente o local, sonhando que o castelo se transforme num museu.

A obra de restauração do telhado do prédio era o primeiro item do TAC, sendo que a catalogação da biblioteca é o outro desafio imediato.

A OBRA – Paga com recursos do arrendamento da Granja de Pedras Altas – complexo de cerca de 300 hectares onde está o castelo, a obra do telhado foi realizada pela Construtora Hendler – empresa bageense.

Engenheiro responsável Rafael Hendler sobre a laje reformada do castelo Foto: J. André TP

O engenheiro civil responsável pela reforma, Rafael Hendler, explicou em detalhes ao jornal como foi o andamento da revitalização. Segundo ele, a última vez que o local recebeu algum tipo de reparo foi em 1970.

Nesta época, a laje superior do castelo já apresentava infiltrações e a solução encontrada à época, foi a construção de um telhado de fibrocimento sobre a laje. “Encontramos uma estrutura bem deteriorada, com calhas apodrecidas e chovendo direto na laje”, explicou o engenheiro.

Em consulta ao Iphae, a orientação dada é que se voltasse à originalidade, que era apenas a laje. Assim, conforme comenta Rafael Hendler, foram retiradas as calhas, as telhas e a estrutura metálica que dava suporte ao telhado.

De acordo com o engenheiro, sobre a laje original foi feita uma camada de regularização, sendo aplicada em seguida um produto impermeabilizante (manta líquida asfáltica). Ainda, se fez um contrapiso de areia e cimento com aditivo impermeabilizante e por fim aplicada uma ‘nata’ de cimento para fechar os poros do contrapiso.

O engenheiro destaca, por fim, que a durabilidade é entre três e cinco anos, quando é preciso fazer verificações quanto a impermeabilização para possíveis pequenos reparos. “O ideal é todos anos fazer as verificações”, assinalou.

Várias camadas e técnicas impermeabilizantes foram aplicadas Foto: Divulgação TP

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