LUTO

Região se despediu de Sivaldo Sousa, radialista e apoiador das emancipações de Candiota e Hulha Negra

Radialista e assessor tinha 78 anos Foto: Divulgação TP

A radiodifusão regional, principalmente a de Bagé ficou em luto no dia 18 de abril. Na ocasião, foi confirmada pela família a morte do radialista Sivaldo Sousa, 78 anos, e atual assessor de Imprensa da Cooperativa Regional de Eletrificação Rural Fronteira Sul Ltda (Coopersul).

Ao jornal, a filha Silvana Sousa disse que o pai sofreu um infarto, estando na residência onde morava, no bairro Mascarenhas de Moraes, em Bagé. Ela relembrou que Sivaldo já apresentava condições debilitadas. “Em setembro de 2020 ele teve um infarto, em consequência de uma infecção respiratória, que acabou em uma cardiopatite e veio a infartar agora. Ele não havia se recuperado completamente e seguiu trabalhando, na assessoria de imprensa da Coopersul, seguiu fazendo o trabalho que amava até seus últimos instantes. Ele estava trabalhando, enviou material para os colegas e ‘encerrou as atividades’”, relatou a filha.

Ela deixou uma mensagem a amigos e familiares. “Gratidão por todas as palavras de carinho e força, foi muito importante receber toda essa energia que só amigos que amam, podem transmitir. Não foi um adeus, foi um tchau breve, pois o homem, o amigo, o pai, o avô, aceitou com tranquilidade este dia. O goleiro, o radialista, o assessor de Imprensa, o nosso Google de Bagé, encerrou as atividades, mas vocês irão continuar a manter a memória dele a cada esquina, a cada encontro de vocês! Portanto, espalhem por ai que este cara foi exemplar e soube cativar a todos com este jeitão simples e alegre!”

Sivaldo, que já era viúvo, deixou os filhos Renato, Fábio, Silvana, Vau e Luis Sivaldo e netos. Nascido na localidade de Cerro Partido, foi criado pelo avô e pela bisavó. Considerado filho único, visto a mãe que se mudou pra Porto Alegre, ter perdido uma irmã recém-nascida.

O sepultamento de Sivaldo ocorreu em Bagé. Nesta quinta-feira (25), ocorreu a missa de 7º dia na igreja Nossa Senhora Auxiliadora.

 

CARREIRA E ESPORTE

Sivaldo com cerca de 26 anos já atuando no rádio Foto: Arquivo Familiar TP

Sivaldo foi apresentador durante três décadas, entre os anos 70 e 90, do radiojornalismo da Difusora, através de diversos programas como Festival de Notícias (anos 1970), Jornal da Manhã e Grande Jornal Difusora. Participou por muitos anos da equipe de esportes da rádio Difusora, sendo narrador de grandes jornadas da dupla Ba-Gua (Grêmio Esportivo Bagé e Guarany Futebol Clube), além de grandes transmissões de eventos em Bagé e região, como coberturas de visitas de presidentes e governadores, inauguração de rodovias e carnavais.

Em entrevista a TV Câmara Bagé, no programa Guardados da Memória, Sivaldo relembrou durante uma entrevista como iniciou no rádio. “Meu avô tinha uma sapataria onde se reuniam grandes nomes da política e esporte. Além dos dois temas adquiri paixão pelo rádio e comecei a brincar de rádio nos anos 50 fazendo uma rádio fantasma e lendo as revistas do meu avô. O Dirceu Mendes, diretor da Rádio Cultura viu e me convidou para ser ajudante na rádio em 1962. Em 1964 fui convidado a ser repórter da rádio”, relatou na época.

A história de Sivaldo também se mistura ao futebol. Apaixonado pelo esporte, foi goleiro do Guarany quando jovem e atuou também nas equipes de Cerro Partido, São Judas, nacional e como veterano passou por quase todas as equipes, sendo a última, o Flamengo.

O radialista se aposentou do rádio em 2001, mas seguiu participando e acompanhando as programações. Ao relembrar o período, à TV Câmara Bagé ele destacou. “Marcamos uma época”.

Além da Coopersul, Sivaldo atuou também na função de assessor de Imprensa da Camal, e nas prefeituras de Bagé e Aceguá.Era sócio-proprietário da Produsom Sonorizações e atuou em diversos evento, como semanas crioulas internacionais de Bagé, além da Expofeira.

Imagem registrada pela filha dias antes de seu falecimento, mostra Sivaldo trabalhando Foto: Arquivo Familiar TP

HOMENAGENS

 

O falecimento de Sivaldo foi um espanto para a comunidade e profissionais do rádio, que, posteriormente, prestaram homenagens ao radialista. Prefeitura de Bagé emitiu nota de pesar, assim como a Coopersul.

O Em Pauta, comandado pelo jornalista Emanuel Müller, não teve transmissão na sexta-feira (19). Como forma de homenagem, uma história de Sivaldo foi publicada intitulada “A voz marcante de Sivaldo Sousa silencia nos microfones e entra para a posteridade aos 78 anos”.

No dia 19 de abril, no programa Em Foco, da Pop Rock, o apresentador Duda Burns fez uma homenagem a Sivaldo. “Não tem como não se embargar, não nos emocionarmos diante deste fato. Aos familiares, aos filhos, netos, desejamos que Deus conforte o coração de vocês. Sivaldo trabalhou com meu pai, depois comigo e a comunicação é assim, ela tem esse poder de informar, de trazer conteúdos, discutir assuntos importantes e relevantes para uma sociedade, entre outras questões, mas também amizades, coleguismo, aprendizado e o Sivaldo tinha essas qualidades, característica de ensinar, sempre estar alegre, um piadista, desportista e com certeza deixará um vazio muito grande para aqueles que tiveram o prazer de conviver com ele. O mínimo que eu poderia fazer para ele é esta homenagem pra ele”, manifestou o profissional relembrando sua trajetória.

 

 

IMPORTÂNCIA PARA A REGIÃO

 

Sivaldo é lembrado em uma importante data para os municípios de Candiota e Hulha Negra, o dia da emancipação político-administrativa, 10 de novembro de 1991. O ex-prefeito de Hulha Negra, Marco Antônio Ballejo Canto lembra do período em que fazia publicidade no programa liderado por Sivaldo e do quanto ele foi importante para o novo município. “Conheci Sivaldo quando da campanha para a emancipação de Hulha Negra quando este fazia parceria com Roberto Burns. Foi principalmente através da Rádio Difusora, no programa liderado por Sivaldo, que eu e outros membros da comissão de emancipação fizemos a publicidade que levou o povo a votar SIM no plebiscito, quando o povo aprovou a criação do município. Sivaldo foi fundamental também para que se firmasse a identidade do povo com a nova cidade, com o novo município e com o envolvimento das pessoas com os novos momentos que surgiam com novas obras, novos projetos, novos eventos, novos caminhos”.

Marco ainda recordou que em 1992, 1996, 2000 e 2004, Sivaldo coordenou os debates entre os candidatos a prefeito de Hulha Negra. “Com sua marca mais relevante, a simpatia, acompanhada de um sorriso fácil, largo, que parecia permanente. Quem conheceu de perto teve o privilégio de conhecer e eu tive. Encerrou sua jornada por aqui, mas passou pela vida e parecia não fazer muita questão de ser notado, mas foi um dos grandes no que se propôs a fazer”.

Tailor Lima, que participou da emancipação de Candiota, disse ao jornal ter recebido com profunda tristeza a notícia do falecimento do Sivaldo e lembrou o ter conhecido melhor a partir do processo de emancipação do município. “Foram muitas entrevistas e debates, enriquecidos pela sua perspicácia e profissionalismo – um tema que o fascinava. Com imparcialidade, sem defender o sim ou não, demonstrava grande interesse pelo tema da emancipação, se empolgava e incentivava o debate. Por mais de um ano foi protagonista no processo de emancipação – interessadíssimo a frente de um veículo de comunicação, o que foi muito bom para Candiota”, lembrou.

Ele ainda ressaltou acerca do profissional da época. “Sivaldo e o Jornal da Manhã, na época, se confundiam numa única imagem, tal era o grau de comprometimento do grande radialista, em um dos programas mais icônicos da Rádio Difusora de Bagé. Sempre atento aos acontecimentos de Bagé e região, por onde passou deixou um legado marcado pelo profissionalismo e pela competência – com uma boa pitada de carinho e humor. Gostava de interagir com ele nas redes sociais, sempre aprendendo, uma pessoa atualizada e de uma cultura multifacetada. É uma grande perda, vai deixar muita saudade à sua legião de amigos”.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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