INSEGURANÇA

Reunião evidencia problemas na segurança pública em Candiota

O município tem menos da metade do efetivo de brigadianos previstos e Delegacia há muito deixou de ter plantão e opera só com um policial

Empresários, Prefeitura e BM debateram alternativas Foto: J. André TP

A reunião que debateu a questão da segurança pública em Candiota, ocorrida na noite da última segunda-feira (22), na Sala de Reuniões do Gabinete do Prefeito, apenas evidenciou um quadro que já se sabia de forma prática.

Os números mostram que o município possui apenas 13 brigadianos lotados no município, quando o ideal em estatística já defasada divulgada pela Secretaria de Segurança Pública, seria 31 policiais militares. No sistema de escala, geralmente o município tem em serviço apenas dois policiais ou no máximo três.

O encontro contou com diversos empresários da cidade – muitos deles vítimas de algum tipo de violência nos últimos tempos. Coordenada pelo prefeito Adriano dos Santos, a reunião abriu espaço para que cada um realizasse uma exposição. A rodada acabou se transformando num rol de relatos tristes de assaltos e furtos, que tem atingido principalmente empresas e empresários, sendo que um aconteceu na semana passada na sede do município e outro na Vila Operária esta semana. A realização da reunião foi um pedido da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).

O comandante da Brigada Militar local, tenente Alex Alves Lima e o representante do Comando Regional da BM, capitão Patrique Rolim, compareceram e de forma atenta ouviram os relatos e ansiedades dos presentes.

ÍNDICES – Se atentar para as estatísticas de segurança em Candiota, os índices são de fato de uma cidade pacata. Entretanto, as ocorrências que vem acontecendo possuem repercussão e isso assusta a comunidade, aumentando a sensação de insegurança.

Conforme os números até setembro de 2018 – portanto faltando ainda três meses para o fim do ano -, na maioria dos casos, o número de ocorrências caiu pela metade este ano em comparação a 2017.

Para exemplificar, roubo a pedestres foram quatro em 2017 e apenas um em 2018. Furto qualificado foram 81 no ano passado e 40 até agora neste ano. Roubo a residência foi verificado seis casos contra dois em 2018 – já contando com o último episódio ocorrido na semana passada.
No caso de homicídios consumados, que é uma das situações mais graves, as estatísticas se invertem, quando os números mais que dobraram, sendo um caso em 2017 e três em 2018. Também no roubo a estabelecimentos comerciais, o número dobrou com um caso contra dois este ano (já contando o desta semana).

DELEGACIA – Além da falta de efetivo, outra situação relatada na reunião foi o funcionamento de forma precária da Delegacia de Polícia local, que também atende o município de Hulha Negra. Segundo consta, a DP possui apenas um policial hoje lotado e há muito tempo não tem delegado titular. Em muitos casos, a DP fica fechada em horário de expediente por falta de policiais.

Conforme o comandante Alex, além disso, a falta de plantão na DP (atendimento das 18h às 6h do dia seguinte), fazem com que as ocorrências tenham que ser registradas na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), em Bagé. “Notamos que por duas ocasiões, os bandidos agiram quando nossa viatura tinha ido a Bagé fazer algum registro. Entre o deslocamento e o registro perdemos cerca de quatro horas, ficando a cidade desguarnecida neste período. A lei nos obriga em alguns casos, como agressão doméstica (Maria da Penha), fazermos o registro em ato contínuo”, assinala o comandante.

PRÉDIO – Outra reivindicação exposta na reunião foi quanto a localização do prédio da BM no município, que fica na Vila Residencial – distante cerca de 5km da sede. O comandante Alex assinalou que quando a UTE Pampa Sul sinalizou com recursos para reforma do prédio, até se tentou algumas alternativas na sede do município, porém como a verba era para reforma e não construção, a situação se inviabilizou. “Se não fosse para ser utilizado no prédio da Vila Residencial, se perderia o recurso”, disse.

Contudo, segundo expôs o capitão Rolim, se houvesse mais efetivo e viaturas, essa questão da localização do quartel ficaria em segundo plano.

PREFEITURA – O prefeito Adriano fez questão de frisar que a segurança pública não é uma atribuição direta do município, porém, segundo ele, isso não tira a preocupação e atenção da municipalidade sobre o assunto. Ele lembrou que em outras ocasiões, a Prefeitura já encaminhou, inclusive em reunião na Secretaria de Segurança Pública, pedidos de aumento de efetivo policial para a cidade. “A oferta de empregos em Candiota traz consigo também o aumento da criminalidade, que se aproveita da situação fragilizada da segurança pública”, evidenciou.

Adriano disse que Candiota está cadastrada junto ao Sistema de Segurança Integrada com os Municípios (SSIM), bem como, apresentou um projeto via Cideja, de cercamento eletrônico com câmaras de vigilância nos principais pontos da cidade.

ENCAMINHAMENTOS – Como encaminhamentos práticos, ficou estabelecido o aprofundamento do projeto de câmaras de vigilância, inclusive para a busca de recursos, bem como, a aquisição via Conselho Municipal de Segurança (Consepro) de um aparelho de telefone celular para a Brigada Militar, sendo que o pacote de dados será pago mensalmente pela Prefeitura. Com a medida, a comunidade terá uma alternativa ao telefone 190. Também o município irá reforçar o pedido de mais efetivo policial junto ao governo do Estado.

Por fim, será agendada uma reunião nos mesmos moldes com o delegado regional da Polícia Civil, Luis Eduardo Benites, no sentido de debater o funcionamento da Delegacia local.

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