LUTO MUNDIAL

Sacerdotes da região lamentam passagem de papa Francisco

O Mundo parou com o anúncio da passagem de Francisco, que teve a vida dedicada ao Senhor e a Igreja, sendo considerado o papa dos pobres, da misericórdia e do amor universal

“Queridos irmãos e irmãs, com profunda tristeza devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 desta manhã (2h35 no Brasil), o bispo de Roma, Francisco, voltou para a casa do Pai.” Estas foram as palavras iniciais do cardeal Kevin Joseph Farrell, Camerlengo da Câmara Apostólica, ao anunciar a morte do papa Francisco na última segunda-feira (21).

O Mundo paralisou com a notícia da morte do papa de 88 anos que estava com a saúde bastante debilitada e faleceu em decorrência de um derrame cerebral, coma e parada cardiorrespiratória irreversível. Ele estava em seu apartamento na Casa Santa Marta e sua morte foi atestada pelo professor Andrea Arcangeli, diretor do Departamento de Saúde e Higiene do Estado da Cidade do Vaticano. O documento médico ainda afirmou que o Papa apresentava histórico de insuficiência respiratória aguda por pneumonia bilateral multimicrobiana, bronquiectasias múltiplas, hipertensão arterial e diabetes tipo II.

Bispo de Bagé em um dos encontros com o papa Foto: Divulgação

Durante a celebração do Domingo de Páscoa no dia 20, o Pontífice apareceu na sacada da Basílica de São Pedro para a mensagem Urbi et Orbi, deixando suas últimas palavras. Ele acenou ao público e desejou uma “feliz Páscoa” a todos os fiéis que acompanhavam a cerimônia. Logo após, ele passou a palavra para Mons. Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, ler seu discurso, onde deixou um apelo para que cessem as guerras, de modo especial no território de Gaza.

Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, na Argentina, em 17 de dezembro de 1936. Tornou-se arcebispo de Buenos Aires em 28 de fevereiro de 1998 e foi elevado ao cardinalato em 21 de fevereiro de 2001 — véspera da festa da Cátedra de São Pedro — com o título de Cardeal-presbítero de São Roberto Belarmino, por São João Paulo II. Foi eleito papa em 13 de março de 2013, escolhendo o nome de Francisco (Franciscus) com o qual orientou a igreja Católica durante o seu papado que encerrou nesta segunda-feira.

Francisco foi o Papa que esteve mais próximo das lutas do povo simples, lembrando que o Cristianismo não iniciou nas suntuosas catedrais e sim na simplicidade dos espaços periféricos. “Terra, teto e trabalho – isso pelo qual vocês lutam – são direitos sagrados. Reivindicar isso não é nada raro, é a doutrina social da Igreja” afirmou nos encontros com os movimentos realizados em Roma e na Bolívia. Desde 2014 até hoje, o Papa Francisco nunca deixou de fazer sentir a sua proximidade aos movimentos populares, apoiando e incentivando o seu trabalho em nome da dignidade humana, da justiça social, do desenvolvimento dos mais pobres e dos descartados.

REGIÃO

O bispo da Diocese de Bagé, Dom Frei Clenir Dalbosco, se manifestou pelas redes sociais, destacando que o sentimento era de tristeza, mas ao mesmo tempo de muita esperança. “Ele sempre colocou a esperança em nossos corações. Nesse momento acolhemos a morte terrena do Papa Francisco com a certeza da sua ressurreição. Francisco revelou a face humana de Deus. Em todos os momentos ele foi muito humano, foi capaz de contagiar o coração do mundo, dentro e fora da igreja, em todos os momentos em que nos encontramos com ele sempre deixava muito claro que o humano deve estar em primeiro lugar. Para a igreja, Francisco resgata da igreja primitiva, o espírito das primeiras comunidades registradas no Atos do Apóstolos, Cap 2. Uma eclesiologia que valoriza a vida humana e todo o planeta.  Francisco, assim como Jesus, cuidou dos mais pobres, necessitados, doentes, as viúvas…Papa Francisco é e sempre será uma chama de esperança. Ele Semeou e cultivou a Semente do Reino de Deus, tudo que ele semeou vai dar os seus frutos, muitos frutos já estamos colhendo, muitos ainda virão.  Francisco será nosso grande intercessor junto de Deus. Ele já é nosso intercessor temos um grande irmão, um grande pai, um grande amigo que cuida de nós”.

Ao TP, o pároco de Candiota e Hulha Negra, frei Tiago Frey, afirmou que papa Francisco deixa um legado muito importante para toda a sociedade e com certeza é um momento de muito pesar a toda a Igreja Católica e também para as paróquias de Candiota e de Hulha Negra. “Ele foi exemplo de paz, de solidariedade, de misericórdia, de ternura, de perdão, de acolhida, de diálogo, de compreensão e de grande esperança para toda a Igreja e para toda a sociedade. E que esses valores do Papa Francisco, de fato, possam iluminar e inspirar nossas ações, o nosso coração, o nosso ser, para vivermos uma vida feliz aqui na Terra”.

A Comunidade Católica de Candiota realizou nesta quinta-feira (24), uma missa em honra a memória do papa Francisco. O ato religioso aconteceu na Comunidade Imaculada Conceição, localizada na praça Dario Lassance, a partir das 19h.

Papa Francisco em sua última aparição no Domingo de Páscoa

Padre Júnior, que responde pelas paróquias Nossa Senhora da Luz, de Pinheiro Machado, e São Manuel, de Pedras Altas, também se manifestou sobre a morte do Santo Padre e o legado deixado por ele. “Com o falecimento do Papa Francisco, a Igreja Católica Apostólica Romana no mundo inteiro vive esse sentimento de luto, mas também de plena esperança na ressurreição, na vida eterna. Estamos vivendo a Páscoa, que é a festa da vida, da vida que vence a morte. Papa Francisco, para mim é o grande sopro do Espírito Santo numa igreja que necessitava ser renovada e que está respondendo aos apelos dele a partir do Evangelho, a partir da missão do próprio Cristo, de sermos uma igreja em saída, uma igreja peregrina, uma igreja em missão. Me toca muito as falas do Papa Francisco e, entre elas, a de que ele prefere uma igreja machucada, às vezes até ferida, mas que está a caminho do que uma igreja acomodada”, frisou.

Frei Sérgio Görgen, dirigente do Instituto Cultural Padre Josimo disse que “Francisco foi um Papa que marcou pela simplicidade, pela autenticidade na vivência do Evangelho e pela visão de futuro nos temas ambientais e no modo de ser da Igreja”. Acrescentou ainda que “os impactos de sua passagem se prolongarão pelos próximos anos.”

Brasil declara luto oficial e CNBB exalta legado deixado pelo papa

Missa das Exéquias, que marca o primeiro dos nove dias de luto e orações em honra ao Pontífice falecido, será neste sábado (26)

Após sua eleição em 2013, o papa Francisco teve o Brasil como primeiro destino internacional e foi recebido pela então presidenta Dilma Rousseff. O pontífice esteve na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), visitou a Favela da Varginha, o Hospital São Francisco de Assis na Providência de Deus e celebrou missas para multidões em Copacabana, além de visitar o Santuário Nacional de Aparecida (SP).
Após a confirmação da morte do Santo Padre, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva decretou na segunda-feira (21) luto oficial de sete dias em homenagem ao papa Francisco. Por meio de nota, o presidente destacou o legado do pontífice argentino e lamentou profundamente a perda de uma “voz de respeito e acolhimento ao próximo”.

Primeiras horas de funeral do papa que havia escolhido um caixão simples em madeira, reduzindo luxos Foto: Reprodução Vatican News

Acompanhado da primeira-dama Janja, Lula deverá acompanhar a cerimônia do funeral que está marcada para o próximo sábado (26), em Roma. Às 10h (horário local será celebrada a Missa das Exéquias, que marca o primeiro dia do Novendiali (novenário), os nove dias de luto e orações em honra ao Pontífice falecido. A celebração ocorrerá no átrio da Basílica de São Pedro e será presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício. Ao final ocorrerão os ritos da Última Commendatio e da Valedictio — despedidas solenes que marcam o encerramento das exéquias. Em seguida, o caixão do Papa será levado novamente para o interior da Basílica de São Pedro e, de lá, transferido para a Basílica de Santa Maria Maior, onde será realizada a cerimônia de sepultamento.

Lula e Janja, acompanhados de uma comitiva brasileira, já participaram nesta sexta-feira (25), de um dos momentos do funeral Foto: Ricardo Stuckert/Especial

Na sexta-feira (25), o presidente Lula, acompanhado de uma comitiva composta, pela ex-presidenta Dilma Rousseff, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o presidente da Câmara, Hugo Motta, ministros e parlamentares. Emocionado, Lula se referiu ao papa: “Que sua sabedoria, coragem e compaixão sigam iluminando os corações de todos nós.”

CNBB

O Cardeal Dom Jaime Spengler, bispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), relembra que nas palavras de Francisco sempre estava presente a alegria: “A alegria do evangelho, da verdade e do amor”. Para ele os documentos publicados por Francisco são célebres e seguirão fazendo história. Alguns citados pelo Cardeal de Porto Alegre são a encíclica Laudato Si’ (sobre o cuidado com a casa comum), a encíclica Fratelli tutti (sobre a fraternidade e a amizade social), a encíclica Dilexit Nos (Sobre o amor humano e divino do coração de Jesus), bem como a exortações apostólicas Evangelii Gaudium (sobre a alegria do Evangelho) e Christus Vivit (dirigida aos jovens).

Comentando sobre a aparição pública de Francisco na celebração do domingo de Páscoa e o gesto executado em passar em meio ao público utilizando o “papamóvel”, Dom Jaime sintetizou como era Francisco: “Um homem apaixonado pelo seu povo, desejosos de estar próximo desse povo, um homem do evangelho. Essa participação no domingo de Páscoa foi uma espécie de despedida desse povo o qual ele amou e dedicou toda a vida”.
A respeito do Conclave vindouro, que deverá escolher o novo Papa, Cardeal Spengler disse que é difícil prever qualquer indicativo. “Desejaria sim e faço votos que quem vier a ser escolhido seja capaz de levar adiante esse processo que o papa Francisco conduziu até aqui, especialmente por meio da celebração do último sínodo, que envolveu a Igreja em todos os continentes. Espero, faço votos e rezo que quem seja escolhido alguém que possa dar continuidade a esse itinerário magnífico conduzido por Francisco”.

RS

A Catedral Metropolitana de Porto Alegre recebeu uma missa em homenagem ao Papa Francisco. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, participou da cerimônia ao lado do marido, Thalis Bolzan, do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e do comandante do Comando Militar do Sul, general Hertz Pires do Nascimento. Durante a celebração, conduzida por Dom Jaime Spengler, que foi nomeado cardeal por Francisco em 2024, foi destacado o legado do Papa como “uma voz pela paz, pelo diálogo e pela inclusão dos mais vulneráveis”.

O cardeal revelou ainda que mantinha diálogo com o Papa para uma possível visita ao Rio Grande do Sul em novembro deste ano, como parte das comemorações dos 400 anos das Missões Jesuíticas. Em sua manifestação, o governador relembrou com emoção o encontro que teve com o papa no Vaticano, em abril de 2024, quando entregou pessoalmente o convite oficial para a visita. “Naquele dia, fiquei marcado pela forma humana, atenta e carinhosa com que o Papa Francisco recebia cada pessoa. Mais de uma hora após nosso encontro, enquanto realizávamos uma visita guiada pelo Vaticano, vimos que Francisco continuava lá, recebendo e acolhendo as pessoas com a mesma atenção e dedicação. Esse foi o exemplo que ele nos deixou: o valor absoluto de cada ser humano, independentemente de qualquer condição ou diferença”, disse Leite.

*Com informações do Instituto Padre Josimo, CNBB, Agência Brasil, Governo RS e Vatican News.

  • * Atualizada com relação ao impresso. 

 

JÁ FOI CONTEÚDO NO IMPRESSO

 

 

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