
Samuel dança no grupo desde a sua criação Foto: Divulgação TP
No último dia 13 de outubro, jovens tradicionalistas de inúmeros municípios gaúchos participaram da tão sonhada final da 20ª edição do JuvENART, realizado na cidade de Restinga Seca e organizado pelo CTG Sentinela da Querência em parceria com a Universidade Federal e Prefeitura de Santa Maria, e do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), que inclui apenas invernadas juvenis, diferente do ENART que é apenas para grupos adultos. Na oportunidade, invernadas de Candiota, Pinheiro Machado e Bagé passaram pelo tablado durante os três dias de classificatórias.
Com o resultado divulgado na madrugada de segunda-feira (14), o grupo Raízes da Tradição de Pinheiro Machado, mesmo não se classificando para a final, saiu vitorioso. O motivo é que o integrante do grupo, o candiotense Samuel Dutra, 18 anos, conquistou o troféu Muuripás que é dividido entre cinco categorias – coreografia, bailarino destaque, pesquisa escrita e figurino.
SENTIMENTO DE RECEBER O TROFÉU
Em conversa com Samuel que dança no grupo desde a sua criação, ele disse que o título foi algo que não esperava e contou que quando subiu no tablado, esqueceu que o prêmio existia e dançou somente com o coração e com toda a sua paixão pela dança. “Depois da nossa apresentação deu pra ver que o pessoal gostou. Depois eu fui para a arquibancada com os meus amigos e de repente o meu primo, que dança comigo, chegou me dizendo que os jurados estavam me elogiando, e que um dos jurados tinha perguntado o meu nome. Naquele momento eu já fiquei apavorado, porque normalmente se perguntam o teu nome, ou é pra fazer uma indicação ou porque deve estar acontecendo alguma coisa com a tua pilcha e eles querem olhar mais de perto para terem certeza”, disse ele, falando que o primo então contou que ele havia sido indicado para o troféu, e que ele no mesmo instante ficou em choque ao saber.
Samuel disse que para quem dança há muito tempo, ser reconhecido por algo que se ama de coração é muito bom e gratificante. Ele também disse que não ficou acreditando muito que ganharia, pois se o resultado fosse negativo, não iria se decepcionar tanto, destacando que contou com o total apoio dos amigos do grupo, que ficaram na torcida pelo amigo. Quando finalmente os vencedores começaram a ser anunciados, Samuel disse que ao ouvir o seu nome como bailarino destaque, ficou em choque e que todos em casa fizeram muita festa. “Eu não estava acreditando que eu tinha sido reconhecido por algo que eu gosto tanto, foi uma festa, não só pra mim, mas é uma baita conquista para o nosso grupo também. Na história do CCTG Lila Alves e na história do grupo Raízes da Tradição, na terra das Cacimbinhas, nunca teve um dançarino destaque neste tipo e eu sou a primeira pessoa que ganha o prêmio Muuripás no JuvENART que não é pouca coisa”, ressaltou ele, informando que mais de 140 invernadas fizeram suas apresentações e mais de 1 mil dançarinos passaram pelo tablado, sendo ele um dos vencedores. “Isso é algo que nunca mais vou esquecer”, disse, agradecendo os pais e o grupo Raízes da Tradição.
COREOGRAFIA E PREPARO
A reportagem do jornal também fez contato com Julia Graziela, que além de ser uma das responsáveis pelo grupo é a coreógrafa e mãe de Samuel. Durante a conversa, ela disse que os integrantes estão dançando a nova coreografia há poucos meses e que ela pensou em levar ao público uma música já existente e com uma coreografia animada, para combinar com a alegria da invernada e também levar algo diferenciado ao público.
Ao explicar um pouco mais sobre a dança e o papel destaque de Samuel entre os demais dançarinos, Julia disse que pensando na letra da música – perdido em um baile de fronteira, que fala sobre um peão que bebeu um pouco além do que devia e ficou embriagado, não se achando com ninguém para dançar, era preciso ter uma pessoa engraçada e que topasse fazer o papel de principal. “Mostrei a música para o grupo e perguntei para todos quem eles achavam que poderia fazer aquela parte, pois era preciso ser divertido e não ter vergonha de nada, e todos apontaram para o Samuel”, contou ela, dizendo que precisaram montar toda a coreografia para depois o encaixar no meio da dança, com dois pequenos detalhes, se passando por bêbado e totalmente fora do ritmo.
“Ficou bem legal, ele dança o tempo todo fora do ritmo e super atrasado, tanto que no final o grupo inteiro para, e ele marca bem fora do tempo”, comentou Julia, dizendo que foi muito difícil fazer com que ele ficasse o tempo todo fora do compasso, pois como é dançarino há um bom tempo, não é uma tarefa fácil. “Apenas em um momento ele precisa entrar no ritmo, que é na hora do sapateio, que inclusive ficou bem difícil para todos”.
Sobre o troféu do filho e dançarino, Julia disse que é uma alegria muito grande, como mãe e como uma das fundadoras do grupo. “Para o prêmio é avaliado a pessoa que dança bem, que se destaca e que consegue interpretar a proposta. De todos os grupos, apenas cinco dançarinos são indicados para receber o troféu, e neste ano quem trouxe pra casa foi o Samuel”. Ressaltou, contando da gritaria que fizeram em casa quando o nome dele foi anunciado.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*