Sem energia

Foram muitos os alertas dados nas últimas décadas sobre os riscos que se corria em privatizar um serviço público essencial à vida humana, como se tornou a energia elétrica mais modernamente. Não se faz muita coisa nos dias atuais sem se ter acesso a energia elétrica e de qualidade.

Todas essas chamadas de atenção não sensibilizaram os últimos governos estaduais, que moveram mundos e fundos para ver a eletricidade sob o controle privado no Rio Grande do Sul. É importante frisar que outros setores da economia podem e devem estar nas mãos empresariais.

A gloriosa Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), foi assim efetivada em 1959 pelo saudoso governador da época, Leonel de Moura Brizola. Lá, Brizola já antevia, mas também tinha o exemplo diante dos olhos, que a iniciativa privada não poderia ficar no controle de um serviço essencial e mais, com monopólio. Isso precisava estar com o Estado.

Vale a crítica sobre a deturpação das estatais e em específico a CEEE, que foi tomada por um corporativismo devastador, que levou essa potência a viver dias infames, dando munição e argumentos suficientes aos neoliberais para entregá-la ao capital privado novamente.

Fatiada no fim da década de 1990, teve boa parte vendida. O golpe final veio em meados de 2022, quando a distribuição foi parar nas mãos da Equatorial Energia.

O sucateamento da CEEE era parte do plano para privatizar. Porém, os serviços agora prestados, nem de longe lembram o estatal, que já não eram de excelência. Vivemos literalmente dias de escuridão.

Candiota – que é a Capital Nacional do Carvão, possui duas usinas e foi palco em 1961 da inauguração de uma das primeira usinas térmicas a carvão do Brasil, com a presença do então presidente da República, João Goulart (Jango), além de ter sido um ícone da CEEE até a primeira onda de privatizações, viveu esta semana um caos elétrico em sua sede municipal, com 24h entre sem energia e com meia fase. Comércios fecharam, assim como o serviço público, além da falta de água.

Claro, é preciso considerar o temporal severo e que atingiu centenas de cidades atendidas pela Equatorial, porém, no tempo estatal, mesmo com o sucateamento, a empresa mantinha equipes locais, que conheciam os territórios e os problemas a serem enfrentados. Hoje, com o novo sistema de uma equipe volante, a demora para reparos é muito além do tolerado, causando sérios prejuízos. Os consumidores do interior (zona rural) sofrem ainda mais.

Medidas urgentes precisam ser tomadas. Não é possível que em pleno século 21, com a humanidade se preparando para ir à Marte, ainda tenhamos que acender velas para iluminar e para todos os santos, na esperança de uma luz.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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